A Prefeitura de Votuporanga negou a ocorrência de qualquer tipo de maus-tratos no interior do Centro de Proteção da Vida Animal. Caso foi denunciado ao Ministério Público.
O resgate de uma cadela da raça pitbull, e seu filhote, em Votuporanga/SP no último dia 12 de março ganhou contornos dramáticos e foi parar na Delegacia de Polícia, além de uma acusação de maus-tratos ao CPVA (Centro de Proteção da Vida Animal de Votuporanga) integrado a Prefeitura Municipal de Votuporanga/SP, por parte da protetora de animais Sandra Valéria, do Abrigo dos Focinhos.
De acordo com o apurado, naquela data, Sandra teria por meio das redes sociais, provocado o também defensor da causa animal e vereador Chandelly Protetor e o CPVA a realizarem o resgate dos animais em situação de abandono, e com quadro delicado de saúde. O pedido foi atendido por Chandelly que efetuou o resgate e encaminhou os cães até a clínica veterinária.
Dias depois, Sandra Valéria descobriu que os animais haviam sido encaminhados para o CPVA; além de que o filhote não havia resistido e morrido.
No dia 27, a protetora foi até o Centro de Proteção da Vida Animal de Votuporanga e adentrou o local, realizando a retirada da cadela que recebeu o nome de Ágata sob assinatura de um termo de responsabilidade e, que reiterava a necessidade da permanência em internação clínica. A ação de Sandra, em parte, foi filmada e publicada em suas redes sociais viralizando em seguida. A Polícia Militar foi acionada e orientou as partes, a fim de mediar a situação.
“Resgatei ela e levei para uma clínica veterinária para receber cuidados, fazer exames, ela tinha fome. Apesar do estado lamentável em que ela se encontrava naquele lugar, estava até pior, quando comparado ao dia em que foi resgatada, mais magra. Quando oferecemos alimentação, pensávamos que ela não fosse comer, mas comeu. Ela tinha fome. Os médicos descobriram que ela tinha a doença do carrapato e uma anemia profunda. Ela precisava sim de um tratamento intensivo, de cuidados que lá ela não teria. Estava debilitada, ali ela morreria”, afirmou Sandra Valéria.
O caso não parou por aí, um laudo emitido pela médica veterinária e doutora em patologia animal Maria Eugênia Carretero, no qual o Diário teve acesso, “conclui os maus-tratos no parecer. A cadela encontra-se internada desde o dia 27/3/2024 com condição corpórea caquética, anemia severa em exame, com tratamento intensivo 24 horas com acesso venoso, fluidoterapia, antibioticoterapia, vitaminas injetáveis e, possível transfusão sanguínea se não houver melhora do quadro. No momento do resgate havia um spray prata na pele e quando retirado observou-se úlcera com pus e flegmão em tórax. A veterinária em parecer concluiu que animal precisava de atendimento intensivo sendo que no CPVA, local de retirada, não possui.”
O trecho citado também consta em um boletim de ocorrência registrado por Sandra Valéria na Polícia Civil.
A protetora contou ao Diário ainda, que após o episódio, passou a receber ameaças e por isso contratou a assessoria jurídica do advogado Dr. Hery Kattwinkel. Por sua vez, o defensor, procurado pela reportagem, afirmou que sua cliente adentrou ao CPVA para resguardar o direito a integridade e à vida de Ágata, e que o material laudado será inserido em uma peça protocolada junto ao Ministério Público, como denúncia.
Chandelly Protetor também foi procurado e explicou que na oportunidade, após ser provocado, esteve no local e efetuou o resgate e encaminhamento dos animais até a clínica, e lamentou a morte do filhote. “Os animais estavam em estado lastimável de abandono e corriam risco de morte. Uma coisa muito triste e que acontece com certa frequência, infelizmente, devido a irresponsabilidade de pessoas que abandonam seus animais nas ruas. Por isso realizamos o resgate e encaminhamos para atendimento médico, sob cuidados de profissionais de saúde animal. Infelizmente o filhote não resistiu, já a mãe estava sob os cuidados da equipe do CPVA”, detalhou.
A Prefeitura de Votuporanga negou categoricamente, em nota, ter havido qualquer maus-tratos e afirmou: “Um animal chegou até a Clínica Veterinária por meio de denúncia de maus tratos. Lá foram prestados os primeiros socorros, o paciente foi estabilizado, medicado, sendo realizado exames laboratoriais e, após isso, encaminhado ao CPVA, conforme conduta padrão da clínica por se tratar de um animal sem tutor. Importante ressaltar que todos os animais acolhidos no CPVA possuem prontuário médico e são devidamente acompanhados por médico veterinário.”
A administração municipal ressaltou ainda que “tanto o CPVA como a Clínica Veterinária possuem médico veterinário e equipes técnicas capacitadas para realizarem os atendimentos.”
O animal segue sob tratamento e o caso deve ser investigado.