Policial militar vai a júri popular por homicídio em Cedral 

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Imagem de câmera levou polícia a identificar carro do suspeito – Foto: Reprodução

Segundo a denúncia do MP, o policial teria executado um homem por dívida de R$ 300 em cocaína; açougueiro também será julgado.


A Justiça de São José do Rio Preto/SP pronunciou um policial militar de 22 anos, e um açougueiro de 30, pela execução de João Gonsalves Filho, de 39 anos, cuja ossada foi encontrada em um canavial na zona rural de Cedral/SP, em abril do ano passado.

As investigações apontam que o crime tem como motivação uma dívida de R$ 300 em cocaína. O PM atuaria como fornecedor de droga na cidade e seria pessoa temida entre os moradores.

O inquérito, conduzido pelo delegado José Rubens Macedo Paizan, coloca o soldado com mentor do crime. Também em razão de uma dívida com o PM, o açougueiro teria sido convencido a participar do homicídio. Após uma testemunha afirmar que viu a vítima entrando no VW/Gol, branco, que pertence ao policial militar, a Polícia Civil identificou câmeras monitoramento que confirmaram a versão.

A ossada de João foi encontrada quatro meses depois do desaparecimento, em um canavial. O crânio apresentava uma perfuração proporcional a tiro de pistola “ponto 40”.

A pronúncia da Justiça acompanha os termos da denúncia do promotor Evandro Ornelas Leal de homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima, já que a posição do tiro na nuca indica execução, além de ocultação de cadáver. O soldado foi denunciado ainda por tráfico de drogas e posse de droga para consumo pessoal.

“A investigação revelou a altíssima periculosidade do policial militar que, na absoluta contramão das atribuições inerentes ao cargo que exerce, dedica-se ao tráfico de drogas, à execução de devedores e à tortura de terceiras pessoas”, escreveu o representante do Ministério Público.

Procurado, o advogado Mauro da Costa Ribas Júnior, que representa o PM, afirmou que o cliente é inocente das acusações. “Temos provas documentais do local onde ele estava na data do crime. Ele não capturou nem executou a vítima”, disse.

O açougueiro é representado pelo advogado Carlos Sereno, por meio de convênio com a Defensoria Pública. Ao Diário, ele adiantou que vai pedir a absolvição do réu por negativa de autoria e falta de provas.

Em nota, a Polícia Militar informou que o policial militar citado pela reportagem está detido no Presídio Militar Romão Gomes (PMRG) desde 26 de abril de 2023: “Ele permanece à disposição da Justiça para a instrução do processo penal ao qual responde. Além disso, estão em andamento dois processos administrativos regulares de natureza demissória contra o policial, que podem resultar em sua expulsão da corporação.”

Os acusados estão presos preventivamente. A data do julgamento ainda não foi marcada. 

*Com informações de Joseane Teixeira/Diário da Região