Polícia investiga agressão a jornalista após atropelamento em bloqueio bolsonarista em Mirassol 

416
Equipe de reportagem foi agredida em Mirassol — Foto: Reprodução/Instagram

À polícia, repórter da Record TV relatou ter levado socos, chutes e joelhadas, e que policiais militares não o ajudaram.


Uma equipe de reportagem da TV Record foi agredida por bolsonaristas que participavam de um bloqueio na Rodovia Washington Luís, em Mirassol/SP, na tarde da última quarta-feira (2.nov). À Polícia Civil, o repórter disse que agressão aconteceu diante da Polícia Militar, que não interveio.

Segundo o boletim de ocorrência, o repórter Yuri Macri, de 26 anos, cobria o atropelamento de 17 pessoas durante um bloqueio, quando bolsonaristas avançaram na equipe durante uma transmissão ao vivo.

Um vídeo divulgado pelo jornalista nas redes sociais mostra o momento em que faz a transmissão para o jornal, mas precisa interromper após intervenção do grupo. Na imagem, bolsonaristas o cercam e começam a hostilizar os profissionais.

Segundo Yuri, após encerrar a gravação, ele e o repórter cinematográfico foram agredidos com “socos, chutes e joelhadas”. Ele relata a agressão em um boletim de ocorrência feito na Polícia Civil ainda na quarta-feira.

No local onde o repórter e o cinegrafista estavam havia presença da Polícia Militar. Os policiais, inclusive, aparecem na imagem. Apesar disso, Yuri relatou à Polícia Civil que os militares não agiram para impedir as agressões.

“A vítima relata que não foi auxiliada pelos policiais militares que estavam no local, não sofrendo mais agressões pelo fato de algumas pessoas terem o ajudado”, diz trecho do boletim de ocorrência.

O caso foi registrado na Central de Flagrantes de São José do Rio Preto como lesão corporal.

A imprensa entrou em contato com a Polícia Militar e Secretaria de Segurança Pública (SSP) e aguarda posicionamento.

A Record TV de Rio Preto compartilhou nas redes sociais uma nota de repúdio feita pela Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel). “Agressões físicas, lesão corporal grave a repórteres e impedimento do exercício do trabalho jornalístico ferem diretamente o direito à informação, assegurado pela Constituição Federal”, diz um trecho da nota.

Sindicato repudiou agressão

Nas redes sociais, o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo disse que, junto da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), presta solidariedade aos jornalistas. Afirmou que a regional do sindicato entrou em contato com os profissionais para oferecer auxílio e informou que exige rigorosa apuração e responsabilização pelos ataques.

“Tudo foi devidamente registrado e documentado. Os profissionais já registraram boletim de ocorrência. Cabe às autoridades realizar a rigorosa apuração dos fatos e responsabilizar os responsáveis desse verdadeiro ataque à liberdade de imprensa e da livre circulação de informações”, disse o sindicato.

*Com informações do g1