Onze dos atuais 17 vereadores são investigados; além dos parlamentares, a apuração mira 34 assessores, a maioria deles nomeada nos gabinetes dos vereadores investigados.
A Polícia Civil investiga a existência de um suposto esquema de rachadinha na Câmara de São José do Rio Preto/SP. O inquérito foi instaurado pelo Setor de Combate aos Crimes de Corrupção, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro (Secold) no dia 16 de agosto. Onze dos atuais 17 vereadores são investigados.
A investigação foi aberta com base em denúncia anônima para a apuração de três possíveis crimes: peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Os investigados são Anderson Branco (PL), Bruno Marinho (Patriota), Cláudia De Giuli (MDB), Francisco Júnior (DEM), Jorge Menezes (PSD), Julio Donizete (PSD), Odélio Chaves (Progressistas), Paulo Pauléra (Progressistas) e Rossini Diniz (PL). O secretário de Esportes, Fábio Marcondes, que é parlamentar licenciado, também está na lista.
Além dos vereadores, a apuração mira em 34 assessores, a maioria deles nomeada nos gabinetes dos vereadores investigados. Ainda há três casos de cargos em comissão na Prefeitura.
O Diário apurou que a polícia avalia ingressar com medidas cautelares à Justiça. Entre elas, o pedido da quebra do sigilo bancários dos parlamentares e dos assessores e servidores mencionados na denúncia. Os vereadores negam irregularidades (leia abaixo).
O processo foi distribuído na 4ª Vara Criminal e os eventuais pedidos serão analisados pela juíza Maria Letícia Pozzi Buassi. Na denúncia consta que o esquema de divisão de salários seria uma prática antiga no Legislativo.
Na denúncia consta que vereadores solicitariam uma parte dos seus respectivos salários a assessores ou aqueles que geralmente ocupam de cargos em comissão na Prefeitura. Os valores mencionados variam entre R$ 1 mil e R$ 800.
A Polícia Civil vai checar, por exemplo, se houve saques nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril deste ano. Nada impede, no entanto, que os extratos de meses e até legislaturas anteriores possam ser verificados durante a apuração do caso.
Em caso de condenação, as penas para os crimes citados variam de dois a 12 anos. A denúncia foi encaminhada para a Polícia Civil em julho.
Grupo rebate acusação
Vereadores de Rio Preto rebateram nesta terça-feira (24), a denúncia de suposta rachadinha” no Legislativo. “Posso dormir tranquilo. Não preciso de dinheiro de assessor. Nunca pedi nada. Estou super tranquilo. Pode quebrar todos os meus sigilos”, afirmou Menezes.
Celso Peixão (MDB) classificou a apuração como uma “brincadeira de mau gosto”. “Desconheço esse assunto”, disse.
Outro parlamentar que reagiu com surpresa foi Odélio Chaves (Progressistas). “Querido, não sei disso e desconheço qualquer informação neste sentido”, disse.
Julio Donizete (PSD) afirmou que está “extremamente tranquilo”. Paulo Pauléra (Progressistas) também rechaçou a acusação. “Não temo nenhuma investigação sobre qualquer ato e meu mandato, pois trabalho com dignidade”, afirmou Pauléra.
Bruno Marinho (Patriota) afirmou que durante a investigação vai “mostrar a verdade”. Já Anderson Branco (PL) afirmou que desconhece a acusação que classificou como “absurdo”
O vereador licenciado Fábio Marcondes (PL), atual secretário de Esportes, se diz “revoltado”. “Joga nosso nome na lama e todos assessores. Algum covarde, irresponsável, muito triste isso. Deveriam investigar todos e não apenas alguns, já que houve a denúncia anônima. Pessoa escolhe alguns e faz isso. Jogo sujo”, afirmou Marcondes.
Claudia de Giuli (MDB) e Francisco Júnior (DEM) foram procurados, mas ainda não responderam as mensagens enviadas aos seus celulares. (RL)
*Informações/diariodaregiao/Rodrigo Lima