Planejamento de atentado foi revelado pelo próprio ministro do STF em entrevista.
Na semana que marca um ano dos atos criminosos de 8 de janeiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes revelou que, durante investigação dos atentados em Brasília/DF, descobriu três planos de “golpistas” que pretendiam matá-lo – em um deles, a ideia seria enforcá-lo na Praça dos Três Poderes.
As declarações foram dadas pelo magistrado, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao jornal O Globo.
O que se sabe sobre o plano
*De acordo com Moraes, o primeiro plano previa que as Forças Armadas o prendessem e o levassem de Brasília para Goiânia;
*No segundo, os criminosos “se livrariam de seu corpo” nesse trajeto – ou seja, um homicídio;
*Já no terceiro, “de uns mais exaltados”, segundo as palavras do ministro, ele deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes.
“Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição (…). Não poderia esperar de golpistas criminosos que não tivessem pretendendo algo nesse sentido. Mantive a tranquilidade. Tenho muito processo para perder tempo com isso. E nada disso ocorreu, então está tudo bem”, comentou Moraes.
Suposta participação da Abin
Em determinado trecho da entrevista, Moraes diz que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) esteve envolvida nos planos. De acordo com ele, integrantes da instituição “monitoravam seus passos para quando houvesse necessidade de realizar essa prisão”.
Após a citação, servidores da Abin divulgaram nota manifestando “consternação” com as declarações que indicam “suposto envolvimento do órgão no planejamento de atentado contra a vida” de uma autoridade.
Os funcionários afirmam no comunicado ainda que “durante a maior parte do governo anterior, a agência esteve sob gestão de servidores de outro órgão, durante a qual houve ocupação de cargos por indicação exógena em quantidade inédita na história da Abin, situação que perdurou até março de 2022”.
“Gravíssimo e inaceitável”
O ministro interino da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, afirmou que a existência desse suposto plano revela a gravidade do que estava em curso no Brasil. “Gravíssimo e inaceitável cogitarem atentar contra a vida de um ministro da Suprema Corte do Brasil”, afirmou a jornalistas.
“O plano contra o ministro Alexandre de Moraes indigna todos os democratas. Iremos às últimas consequências para identificar e punir todos os responsáveis. [Eles] acertarão suas contas com a Justiça e com a história”, completou nas redes sociais.
Atos de 1 ano do 8 de janeiro
Mesmo sem identificar ameaças à segurança do evento marcado para o próximo dia 8 de janeiro, mais de 2 mil policiais militares do Distrito Federal devem fazer o patrulhamento ostensivo em Brasília.
O número é quase quatro vezes superior ao do último dia 8 de janeiro, quando foram empregados 580 PMs na Esplanada, segundo relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou os atos criminosos daquele dia.
A estratégia para a segurança da Esplanada foi pactuada nesta quinta-feira (4) pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e pelo Governo do Distrito Federal (GDF), que assinaram um protocolo de ações de segurança no Palácio do Buriti, sede do GDF, em Brasília.
A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão, destacou que, mesmo sem ameaça detectada, haverá agentes suficientes para qualquer situação. “Será um dia de tranquilidade, um dia de monitoramento e de tranquilidade realmente aqui no Distrito Federal”, ponderou.
A segurança é para o ato marcado no Congresso Nacional, que marcará o primeiro ano do último 8 de janeiro, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, inconformados com o resultado do processo eleitoral, promoveram tentativa frustrada de golpe de Estado.
A cerimônia foi uma proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e deve contar com a presença dos presidentes do Executivo, Legislativo e Judiciário, além de governadores, parlamentares, representantes da sociedade civil e ministros e representantes dos tribunais de Justiça e assembleias legislativas.
*Com informações da Agência Brasil