Antoninho Rapassi
De uns tempos para cá, o STF passou a ser um fator de grande perturbação na consciência das pessoas que têm este atributo, até os de mediano entendimento. Quando acordados vivem ruminando frases de protesto, para marcarem os desagrados e as revoltas por decisões dos ministros togados, que maculam a figura da modelo feminino, que tem seus olhos cobertos com uma tira de pano, para sugerir o princípio da imparcialidade. É a própria imagem da Justiça que vem sendo sistematicamente desmoralizada, quando na opinião das pessoas de bem, ela deveria ser respeitada e a sua honra nunca posta em dúvida. É bem por isso que tenho ouvido frases irônicas, mas de um saber que abre bem os nossos olhos, tais como: “A justiça brasileira é como serpente: só morde os pés descalços”, “A justiça brasileira, ninguém ignora, tem a pressa de um cágado manco”.
Acima, mencionei os desconfortos dos cidadãos quando estão acordados. Outros, como eu, até dormindo vivem externando suas repulsas oníricas contra uma dezena de abutres que estabelecem nos balcões do STF, a mais famigerada e sórdida negociação para a soltura de perigosos marginais, bastando que “os sestércios” atuais façam com que o volume de um prato da balança, deixe o outro no mesmo nível. E o “Habeas Corpus” se transforma no mais poderoso e odiento laxante, que abre as grades das prisões para o “crime organizado” continuar atuando com a sua incontestável eficiência. Antes, além das padarias, eu vivia de sonhos. Sonhos que me deixavam viver o dia todo pensando neles e nelas. Os sonhos de agora causam arrepios e me dão náuseas.
Entretanto, nesta semana turbulenta, onde a pandemia lançou as bases nefastas da competição, vemos esta palavra nova “Lockdown” ser incorporada no linguajar da população assustada, com a exploração política da morte por atacado, e já antevendo a aproximação da outra mortal e horripilante figura da fome sustentada pela inércia dos meios de produção. Não bastando o desemprego e a miséria anunciada neste encadeamento de infortúnios, vem agora a suprema corte de justiça, cometer um supremo vexame, anulando todo um longo processo da Operação Lava jato, limpando a barra do maior malversador do dinheiro público, conhecido pela alcunha de Lula.
De forma que, as condenações do réu, em três instâncias tendo sido anuladas, habilitam-no para a disputa eleitoral na campanha presidencial de 2022. Nem o surrealismo de Salvador Dali poderia admitir um disparate como este que, certamente vai abrir uma caixa de Pandora e dela sairão imprevisíveis situações de modo a constranger e a causar comoção e perturbação sociais. Aguardem por mais protagonismos da ganância, da mentira, do ódio e da cobiça. Já estamos vivenciando dias de discórdia (até no âmbito familiar), de doenças do corpo e da alma. Será alucinante testemunharmos logo mais, a execução da Divina Comédia de Dante Alighieri, nas movimentações da campanha chefiada pelo homem que foi considerado o maior ladrão da história da humanidade. A reação popular será uma resposta direta ao ministro togado que cometeu o imbróglio, esta trapalhada jurídica, esta confusão de imprevisíveis consequências. De uma coisa estou certo: o candidato, ungido pela mão trapaceira do ministro capa preta, não andará livremente nas ruas, ficará sempre impedido de se aproximar da população. Seus seguranças e assessores recomendarão somente aparições àquela distância que o impossibilite de ouvir desaforos bem desaforados. Será o início do Inferno dantesco e depois, como sobremesa virá o Purgatório… Ele merece!
Sendo um realista esperançoso, devo lembrar aos queridos leitores que Pandora ainda conseguiu manter presa em sua caixa, a Esperança! E deste substantivo feminino sei que ela procura manter bem viva a expectativa, a fé e a confiança para se conseguir aquilo que se deseja. E eu tenho até medo. Quando acabar o sofrimento desta pandemia, estarei com tanta esperança que nem sei do que serei capaz de fazer.
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25 de Março de 2021