26 de abril é o Dia Nacional de Prevenção e Combate a Hipertensão.

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Dr. Leandro Lemos é especialista em Cardiologia e Cardiologia do Esporte e atende no Centro Médico Votuporanga

 

O que é a hipertensão arterial?

A hipertensão arterial se define por elevações dos níveis pressóricos do sangue circulante nas artérias do nosso corpo.

É importante deixar claro que os valores considerados “normais” de pressão arterial são arbitrários. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia as pessoas são classificadas como pré hipertensos a partir de 13×8,5 e hipertensos a partir de 14×9.

 

Quais os sintomas da hipertensão arterial?

A hipertensão arterial é uma doença, via de regras, silenciosa.

Pode passar anos desconhecida e causando danos ao organismo. Inclusive existe uma parcela grande da população que desconhece possuir a condição.

Existe uma “cultura popular” de relacionar a elevação pressórica a dores de cabeça e na nuca; mas isso ocorre em uma minoria das pessoas.

 

Qual a importância de se diagnosticar a hipertensão arterial?

A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares como infarto cardíaco, insuficiência cardíaca (coração fraco), acidente vascular cerebral (AVC). De mesma importância é uma das principais causas de insuficiência renal, o mal funcionamento dos rins que pode levar à hemodiálise.

 

Como se faz o diagnóstico da hipertensão arterial?

Como dito anteriormente a doença é geralmente assintomática, então medidas rotineiras de pressão arterial são importantes para suspeitar do diagnóstico. Não devemos esperar por algum sintoma para investigar se temos hipertensão arterial.

Esta medida de pressão arterial pode ser feita em um estabelecimento de saúde, em consultórios médicos ou em casa, com aparelhos automáticos de pressão.

Uma vez que for notada valores de pressão acima de 13×8,5 é recomendada vigilância, e em caso de persistência uma avaliação médica.

As ferramentas disponíveis ao médico para selar o diagnóstico vão desde medidas repetidas de pressão elevada, medidas residenciais de pressão (medidas pelo paciente em casa) e a famosa MAPA (aparelho que mede a pressão repetidas vezes ao longo de 24 horas).

 

Quais os fatores de risco para se desenvolver hipertensão arterial?

A hipertensão arterial costuma ser multifatorial, e assim os fatores de risco são diversos e geralmente não conseguimos achar um “culpado único”.

A genética possui um fator muito importante. Assim, filhos de pessoas hipertensas possuem maior propensão a desenvolverem a doença.

Outro aspecto muito importante é a idade. Apesar de ocorrer desde a infância a hipertensão é muito mais prevalente em idosos, com escalada a partir dos 50 anos e acometendo mais de 60% das pessoas com mais de 60 anos. É comum no consultório as pessoas dizerem “mas minha pressão sempre foi normal e nada na minha vida mudou”, e então eu esclareço: os anos foram se somando, isto que mudou.

Também merecem destaque a raça, gênero, obesidade, sedentarismo, consumo de bebidas alcoólicas, qualidade do sono, fatores culturais e inclusive socioeconômicos.

 

Trata-se de uma doença prevenível?

Sim, a hipertensão arterial pode ser prevenida através de hábitos de vida saudáveis.

Se atentarmos para os fatores de risco expostos acima e formos pragmáticos é possível dividi-los em 2 grupos: modificáveis e não modificáveis.

Não se pode modificar a genética, o gênero, a raça ou o envelhecimento de um indivíduo. Nos outros fatores de risco podemos agir.

A prática de exercício físico regular, perda de peso ou manutenção de peso adequado e alimentação saudável são os pilares para se prevenir a hipertensão. Adiciona-se ainda o consumo discreto de bebidas alcoólicas como medida importante.

 

Qual alimentação é recomendada neste aspecto?

O aspecto mais importante na adequação alimentar é o consumo de sal.

A recomendação atual é para se consumir 5 gramas de sal por dia. Mas o brasileiro consome entre 10 e 12 gramas por dia. Gosto deste dado pois quando um paciente diz que o consumo de sal em sua casa é “normal” já deixo claro que ele, provavelmente, está ingerindo pelo menos o dobro do permitido.

Em relação ao tipo de alimentos vantajosos existem estudos científicos bem clássicos sobre o assunto. A dieta chamada DASH (rica em frutas, vegetais, grãos integrais e laticínios com baixo teor de gordura) é a mais recomendada. Embora estudos mais atuais apontem também para vantagens da “dieta low carb” na prevenção de hipertensão arterial.

 

Como é o tratamento da hipertensão arterial?

O tratamento se divide em farmacológico e não farmacológico.

As mudanças de comportamento, com foco em adequação de peso, exercício físico, alimentação adequada (com destaque para consumo de sal) e boa qualidade de sono são o primeiro passo.

Na sequencia existem uma vasta gama de opções de medicações. Algumas serão mais vantajosas para determinado paciente, com benefícios que vão além do controle da pressão.

Vale lembrar que muitas vezes é necessário usar mais de uma medicação, e que a hipertensão pode se tornar mais grave com o passar dos anos, e ajustes no tratamento podem ser necessários.