Dr. João Ricardo Leão Oliveira explicou sobre a patologia, sintomas, causas e, principalmente, prevenção.
No mundo todo, cerca de 55 milhões de pessoas vivem com algum tipo de demência, sendo a doença de Alzheimer a mais comum, atingindo 7 entre 10 indivíduos nessa situação. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS), que alerta para uma tendência de aumento preocupante nos números com o envelhecimento da população. O Brasil não foge à regra, e as estimativas atuais apontam quase 2 milhões de cidadãos com a condição em seus diferentes estágios.
O médico neurologista da Santa Casa de Votuporanga, Dr. João Ricardo Leão Oliveira, explicou sobre a patologia. “Alzheimer, que é a forma mais comum de demência, é uma doença degenerativa incurável. Os neurônios em certas partes do cérebro são destruídos lentamente e progressivamente, levando a déficits nas funções cognitivas, como a memória, as habilidades linguísticas e o comportamento”, disse.
O avanço da idade é o fator de risco mais comum para o desenvolvimento de Alzheimer, afetando majoritariamente pessoas acima dos 65 anos.
Sintomas
Problemas com a memória, dificuldade principalmente em lembrar informações recentemente aprendidas são normalmente os primeiros sintomas da doença. “Conforme envelhecemos, nossos cérebros mudam e podemos ocasionalmente apresentar dificuldades para lembrar alguns detalhes. No entanto, a doença de Alzheimer e outras demências causam uma perda de memória e outros sintomas significativos o suficiente para interferir com a vida diária das pessoas. Esses sinais não são naturais do envelhecimento”, alertou.
Além da perda de memória, os sintomas incluem: problemas para completar tarefas que antes eram fáceis; dificuldades para a resolução de problemas; mudanças no humor ou personalidade; afastamento de amigos e familiares; problemas com a comunicação, tanto escrita como falada; confusão sobre locais, pessoas e eventos e alterações visuais, como problemas para entender imagens.
O médico afirmou ainda que é comum familiares e amigos notarem os sintomas de Alzheimer e de outras demências progressivas antes da pessoa que está passando por essas mudanças.
Causas
As pesquisas mostram alguns fatores que aumentam as chances de desenvolver a doença como idade avançada, membros da família com Alzheimer, baixa escolaridade ou pouco estímulo cognitivo, sedentarismo e obesidade, doença cardiovasculares e pobre rede de contatos, como amigos, parceiros e familiares. “A destruição de neurônios no cérebro do portador da doença de Alzheimer é causada por um acúmulo anormal de diferentes tipos de proteínas (o peptídeo amilóide e as proteínas Tau hiperfosforiladas). Até hoje, as causas não são totalmente conhecidas”, complementou.
Hereditariedade
Se os seus pais ou irmãos desenvolverem Alzheimer, você tem uma maior probabilidade de também desenvolver a doença do que alguém que não tenha um parente de primeiro grau portador de Alzheimer. “Os pesquisadores identificaram diversas variações genéticas que aumentam as chances do desenvolvimento da doença de Alzheimer. O APOE-e4 é o gene de risco mais comum associado ao Alzheimer; estima-se que ele influencie até 25% dos casos”, afirmou.
Diagnóstico
Dr. João Ricardo explicou que não existe um simples exame para detectar se uma pessoa tem o ou não a doença de Alzheimer. O diagnóstico é feito por uma avaliação médica completa, que inclui entrevista médica; avaliação neurológica; testes cognitivos para analisar a memória e o pensamento; exame de sangue (para descartar quaisquer outras possíveis causas dos sintomas) e imagem cerebral.
Ele frisou a importância de receber diagnóstico na fase inicial da doença, pois permite uma maior probabilidade de se beneficiar dos tratamentos disponíveis, os quais podem melhorar a qualidade de vida. “O paciente também tem a oportunidade de conhecer mais sobre a patologia e como ela evolui, e desse modo sofrer menos com o impacto da deterioração cognitiva e física; além de expressar desejos pessoais em relação aos cuidados e vida futura e colocar planos legais e financeiros em ordem”, complementou.
Tratamento
Embora atualmente não existam tratamentos disponíveis para impedir ou diminuir o ritmo dos danos cerebrais causados pela doença de Alzheimer, diversos medicamentos podem ajudar a melhorar temporariamente os sintomas de demência em algumas pessoas.
Além disso, o uso de sistemas de apoio e intervenções comportamentais não medicamentosas pode melhorar a qualidade de vida das pessoas portadoras de demência e de seus cuidadores e familiares. Isso inclui: tratamento de condições médicas coexistentes; coordenação dos cuidados entre profissionais da saúde; participação em atividades, o que pode melhorar o humor; educação sobre a doença e criação de uma equipe de cuidados para suporte.
Prevenção
Dr. João Ricardo ressaltou que o estilo de vida é muito importante para prevenir o Alzheimer. Quanto mais cedo houver uma mudança de hábitos, mais fácil minimizar o problema. Algumas dicas:
– estimular o cérebro: mantenha o cérebro ativo aprendendo algo novo: um idioma, um instrumento, jogos, etc. A leitura também é um ótimo hábito para o cérebro reter informações, treinando várias funções; além de uma boa conversa e atividades ao ar livre.
– exercitar-se: 30 minutos de atividade física de três a cinco vezes por semana. Para esta faixa etária recomenda-se a prática de natação, caminhada ou até mesmo subir escadas em vez de ir de elevador;
– ter uma alimentação saudável e balanceada: vegetais, peixes e frutas têm ótimos nutrientes para o cérebro, assim como óleos vegetais ricos em Ômega 3;
– controlar o diabetes e a pressão arterial: os dois problemas são comuns nesta faixa etária e podem aumentar o risco de Alzheimer e de outros tipos de demência em até 50%;
– tomar sol ou suplementar com Vitamina D: um estudo publicado em agosto de 2014 na revista Neurology apontou que as pessoas com idade avançada que não recebem quantidades suficientes de vitamina D correm mais riscos de apresentar demência.