Mulheres caminhoneiras – os desafios e as quebras de barreiras

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Rosana Justina de Souza COFCO INTL unidade de  Sebastianópolis do Sul/SP
Ao jornal Diário de Votuporanga, a motorista de rodotrem canavieiro Rosana Justina de Souza contou um pouco dos desafios da profissão.


Taxada como uma profissão masculina, a função de caminhoneiro, por muito tempo, foi dominada pelos homens. Contudo, esse cenário tem ficado cada vez mais no passado, já que muitas mulheres têm optado por enfrentar o preconceito e trabalhar naquilo de que gostam, tornando-se, assim, motoristas profissionais. Apesar de isso já ser uma conquista que merece ser comemorada, ainda existem muitos desafios que precisam ser superados.
Mesmo que essa função seja considerada majoritariamente masculina, as mulheres têm conquistado o seu espaço nesse segmento de forma gradativa. Prova disso é que o número de motoristas femininas consideradas aptas para conduzirem um veículo de grande porte ultrapassa os 153,8 mil, sendo que a maior parte desse numero está concentrada no estado de São Paulo, com um pouco mais de 124 mil caminhoneiras.
Apesar de ainda ser baixa a quantidade de mulheres atuando nessa função, quando comparada com a quantidade de homens atuando na mesma profissão, a expectativa é de que esse número aumente ainda mais com o passar dos anos. Isso porque muitas empresas têm percebido as vantagens de contratar profissionais femininas.
Em entrevista para o jornal Diário de Votuporanga, a motorista de rodotrem canavieiro na COFCO INTL, unidade de Sebastianópolis do Sul/SP, Rosana Justina de Souza contou um pouco dos desafios da profissão, acompanhem:
DV: Como e a quanto tempo você se tornou uma caminhoneira?
“Sou apaixonada por caminhões desde pequena. E foi em 2013 que começou a realização de um grande sonho, entrei na empresa e após um ano já tive a oportunidade de aprender a dirigir caminhão, e ao todo são quase nove anos de usina, sendo 8 anos como motorista de rodotrem canavieiro.”
DV: Como é a profissão, você sente que tem reconhecimento pelo que faz?
“Não é só uma profissão, é muito amor envolvido. Trabalhar com que a gente ama é muito gratificante, e ser reconhecida faz toda a diferença. Sinto o reconhecimento tanto dentro como fora da empresa, e confesso que isso me motiva bastante.”
DV: Quais as principais barreiras que enfrentou na profissão por ser mulher e quais são suas sugestões para enfrentá-las?
“Tive algumas dificuldades sim, não fui muito bem aceita quando decidi me tornar motorista de caminhão, e com isso veio medos e inseguranças, mas nada que me fizesse desistir do meu sonho. Minha sugestão é: as críticas sempre vão existir, mas aprenda a absorver e levar para sua vida somente críticas construtivas que certamente vão acrescentar algo positivo na sua vida profissional.”
DV: Em um setor controlado por homens, como o de transporte, como você enxerga a importância de, cada vez mais, caminhoneiras estarem presentes na profissão em diversas partes do mundo?
“Ver mulheres com idades diversificadas ocupando um espaço que a um tempo atrás era ocupado somente por homens, é ter a certeza de que a mulher pode e deve ser o que ela quiser!”
DV: Você sente que sua história inspira outras mulheres de alguma forma?
“Sim, com certeza! Não somente inspira como incentiva cada mulher a lutar por seus sonhos e espaço. Seja o sonho de dirigir um caminhão de médio ou grande porte, máquinas pesadas, como colheitadeiras, transbordos e tratores, ou ingressar em setores diferentes. Hoje a empresa que trabalho tem inúmeras mulheres: líderes, supervisoras, controladoras de tráfego e gerentes. Todas são também mulheres que inspiram muito.”
DV: Qual o conselho que você deixa aqui para outras mulheres que desejam um dia seguir a profissão de caminhoneira?
“Acreditar em si mesma, mesmo que ninguém mais acredite. Tenha fé, isso é indispensável! Desistir jamais, tente uma, duas, três vezes…tente quatro, cinco, ou quantas vezes precisar. Se cansar descanse, mas não desista. Porque o impossível é só questão de opinião!”
Percebemos que a inclusão do público feminino nesse ambiente de trabalho já é uma conquista que merece ser muito comemorada. No entanto, ainda falta realizar muitas mudanças para que a mulher caminhoneira sinta que o seu trabalho está sendo realmente valorizado! Lembrando com uma frase de Augusto Cury que diz o seguinte:
“As conquistas dependem de 50% de inspiração, criatividade e sonhos, e 50% de disciplina, trabalho árduo e determinação. São duas pernas que devem caminhar juntas.”
Por Andrea Anciaes