Ministro eleva status de grupamento das Forças Armadas em Roraima e dobra efetivo diante da tensão internacional. Além das 20 viaturas, 130 homens também vão ajudar na segurança da região.
O Ministério da Defesa confirmou nesta segunda-feira (4.dez) que deslocou 20 veículos blindados para reforçar a segurança da fronteira com Venezuela e Guiana.
O ministro da Defesa, José Múcio, disse que a operação já estava planejada para o combate ao garimpo na região, mas que as viaturas poderão ajudar na segurança da região.
Ainda segundo o ministro, os equipamentos ficarão no quartel de Boa Vista, em Roraima — esquadrão que vai ser transformado em regimento de cavalaria, com 130 militares.
A área passa por uma escalada de tensão relacionada à disputa entre Venezuela e Guiana pelo território de Essequibo — uma grande porção de terra do território da Guiana, que abriga grandes reservas de petróleo.
A região de Essequibo tem um território de 160 mil km² — cerca de 70% do território atual da Guiana — e concentra reservas de petróleo estimadas em 11 bilhões de barris. A área é superior à de nações como Inglaterra, Cuba ou Grécia.
A Venezuela considera Essequibo, também conhecido como Guayana Esequiba em espanhol, uma “área reivindicada” e geralmente a exibe riscada em seus mapas. Enquanto isso a Guiana, que controla e administra a área, tem seis de suas 10 regiões administrativas lá.
Os países disputam a região desde 1841. Em 2015, a disputa ficou mais acirrada, pois a companhia americana ExxonMobil descobriu campos de petróleo na região.
A Guiana afirma que é a proprietária do território porque existe um laudo de 1899, feito em Paris, no qual foram estabelecidas as fronteiras atuais. Na época, a Guiana era um território do Reino Unido.
Já a Venezuela afirma que o território é dela porque assim consta em um acordo firmado em 1966 com o próprio Reino Unido, antes da independência de Guiana, no qual o laudo arbitral foi anulado e se estabeleceram bases para uma solução negociada.
Referendo na Venezuela
No domingo (3), a Venezuela organizou um referendo no qual 95% dos eleitores presentes votaram para que o país incorpore ao mapa venezuelano o território de Essequibo.
O governo da Venezuela não é obrigado a executar o que determina o referendo, e ainda não está claro qual deverá ser a estratégia do regime chavista.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta segunda (4) que o país busca “construir consensos” e que vai “conseguir recuperar Essequibo”.
No mesmo dia, Bharrat Jagdeo, o vice-presidente da Guiana, afirmou em entrevista que está se preparando para o pior e que o governo está trabalhando com parceiros para reforçar a “a cooperação de defesa”.