Acidente do Turvo completou 59 anos

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Uma Missa na Catedral de Rio Preto homenageou os 59 estudantes mortos

No sábado, 24, Rio Preto relembrou uma de suas maiores tragédias. Há 59 anos, 59 estudantes de 14 a 22 anos morreram afogados no dia 24 de agosto de 1960, no que foi considerado o maior acidente rodoviário do Estado em número de vítimas.

Eram 19h30. Os garotos integravam a fanfarra da Escola de Comércio Dom Pedro 2º e Ginásio Riopretano (a escola tinha dois nomes, conforme os cursos), indo abrilhantar a festa de aniversário de Barretos. No meio do caminho, km 27 da rodovia Assis Chateaubriand, havia uma ponte em construção, obrigando os motoristas a desviar da estrada.

Ao passar pelo desvio, o motorista do ônibus, Wosihiyki Hahiasi, perdeu o controle do veículo que caiu no rio. Dos 64 passageiros, apenas cinco conseguiram sair vivos, entre eles, o motorista. A cidade parou com a notícia do acidente, ocorrido uma hora depois da saída dos ônibus. Eram dois veículos: um levava os meninos, o outro as meninas. O ônibus dos meninos foi o que mergulhou nas águas do Turvo.

As informações do acidente começaram a chegar pela emissora PRB-8 com transmissão ao vivo do radialista Adib Muanis (1925-2018), que passou a noite transmitindo da beira do rio, na noite fria de agosto, num total de 33 horas seguidas. Ao ler os nomes dos mortos, Muanis chorou ao microfone. O fotógrafo Jaime Colagiovanni (1929-1997) fotografou o resgate durante a noite inteira, durante horas, sendo assediado pelos jornais da Capital e de outros Estados para vender as fotos. A grana era boa, mas ele se comprometeu a comercializar só depois que saíssem nos jornais de Rio Preto, o que de fato ocorreu.

Para fazer a viagem a Barretos, a escola fretou o ônibus nº 65 da VAP (Viação Aprazível Paulista), o melhor veículo da companhia, com bagageiro embaixo e poltronas especiais. Fazia a linha diária Auriflama-Rio Preto. Os meninos saíram em um ônibus, as meninas em outro. Atrás, ia o caminhão com os instrumentos. O ônibus das meninas e o caminhão saíram ilesos. Com o desvio, o primeiro veículo caiu no rio, ficando com as rodas para cima. Espalhada a notícia, começaram a chegar recursos e homens para o resgate, tanto de Rio Preto, como de Barretos. Era tarde; a escuridão da noite e a posição do veículo na água dificultavam o resgate. Na época, o Turvo era assoreado, uma dificuldade a mais.

Depois, os corpos começaram a chegar à cidade e foram velados em suas casas, um velório perto do outro, cena difícil de esquecer. O enterro no Cemitério da Vila Ercília varou a noite. A missa de sétimo dia foi celebrada no estádio Mário Alves Mendonça, do América F.C, para mais de 20 mil pessoas. Rio Preto tinha na época população de 80 mil pessoas.

UMA CAPELINHA NA BEIRA DO RIO

No local do acidente, beira do Turvo, a comunidade ergueu uma capela após um movimento liderado pelo ex-vereador Antônio Molina que arrecadou doações. A capela tem 16m2, paredes internas azulejadas com estampa do rosto dos alunos e trechos publicados na imprensa sobre o acidente. E ainda tem um pequeno altar com imagens do Coração de Jesus, Nossa Senhora Aparecida e Iemanjá. A capela abre todo sábado e domingo, ou durante a semana se alguém solicitar. É usada para orações, encontros para discussões de meio ambiente, reuniões dos moradores dos ranchos.

Uma vez por ano, na data do acidente, celebra-se missa in memoriam, com alguma homenagem, às vezes com apresentação de dupla caipira ou a fanfarra da Dom Pedro (hoje extinta), plantio de árvores, ou culto ecumênico. É o Dia de Oração pelos 59 Estudantes.

No cinquentenário do acidente, em 2010, rotarianos de Rio Preto se reuniram às 9h para inauguração do Bosque da Saudade, no Jardim Universitário, na avenida Francisco Rodrigues Lisboa. Com apresentação da Fanfarra da Escola Dom Pedro 2º, foi descerrada uma placa com os 59 nomes. No mesmo local, foram plantados 59 jequitibás. Quando as árvores estiverem maiores, cada uma vai ganhar plaquinha com os nomes dos garotos. Depois de alguns discursos, foi lida uma poesia de Sérgio Sanches Jordan, feita especialmente para a data e para a nova praça.

Ao longo dos anos, muitas homenagens: a avenida de acesso ao aeroporto, antiga Mirassol ou Curva da Galinha, foi denominada Dos Estudantes, tendo um memorial com os nomes das vítimas. Muitos atos em tributo à vida dos jovens alunos foram realizados com presença de familiares.

Na margem do Turvo, local do acidente, foi erguida a capela, com missa anual na data do acidente. E a Catedral Sé São José todo ano celebra também missa in memoriam. Este ano, aconteceu no ultimo sábado às 17 horas na Capela do andar térreo.

 

Veja as fotos:

 

Fonte: Prefeitura de Rio Preto, Gazeta Rio Preto – Fotos reprodução: TV Tem e do fotógrafo Jaime Colagiovanni (1929-1997)