Mais de 450 pares doados: idosa de Votuporanga usa o tricô para aquecer bebês da Santa Casa

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Professora aposentada e moradora de Votuporanga, Dona Irêni Mendonça Borges transforma novelos de lã em gestos de amor e solidariedade - Foto: Reprodução

Professora aposentada e moradora de Votuporanga, Dona Irêni Mendonça Borges transforma novelos de lã em gestos de amor e solidariedade para recém-nascidos da Santa Casa de Votuporanga e de outras instituições do Brasil.


Com mãos firmes e coração generoso, a professora aposentada Irêni Mendonça Borges, de 91 anos, continua tecendo amor em forma de sapatinhos de tricô. Na última terça-feira, 5 de agosto, ela entregou mais uma remessa com 20 pares para a UTI Neonatal e Pediatria da Santa Casa de Votuporanga. Essa é apenas uma parte das mais de 450 peças que ela já confeccionou e doou, tornando-se uma verdadeira inspiração de solidariedade e esperança.

Na casa tranquila de Dona Irêni, em Votuporanga, agulhas de tricô se movem com leveza e precisão. Entre um ponto e outro, ela carrega um propósito que vai muito além do artesanato. “Comecei a fazer os sapatinhos em meados de 2024, quando minha neta Carolina me deu vários novelos de lã. Pensei que poderia aproveitar para ajudar bebês que estão começando a vida com tantos desafios”, conta ela, com um sorriso sereno e olhar cheio de ternura.

A atividade, segundo ela, é mais do que uma forma de ocupar o tempo. É um ato de amor. “Me sinto feliz fazendo essas doações. É uma maneira de me distrair e ajudar ao mesmo tempo. Faço com muito carinho”, diz. Aos 91 anos, Dona Irêni tem consciência do valor do que faz — e também do tempo. Por isso, deixa um apelo sincero: “Devido à minha idade, penso que seria importante passar esse conhecimento adiante. Quem sabe alguém se anima a aprender e continuar essa missão?”.

Os sapatinhos, todos feitos em tricô e, às vezes, com enfeites de crochê, já chegaram a 13 cidades, distribuídos por meio de amigos, parentes e instituições de saúde. Votuporanga é a cidade que recebeu mais doações: foram 175 pares, sendo 80 deles destinados à Santa Casa, onde os bebês prematuros são acolhidos com o calor das mãos de Dona Irêni.

A filha mais velha da tricoteira solidária, Fermina Mendonça Borges, de 68 anos, também se emociona ao falar sobre a mãe. Enfermeira aposentada, ela acompanha de perto cada gesto de cuidado e dedicação. “Ela sempre fez sapatinhos para filhos, netos e bisnetos. Mas, no último ano, resolveu ampliar esse carinho para outras crianças, especialmente as mais carentes”, relata.

Fermina detalha as cidades que já receberam os sapatinhos: Cardoso, Jales, Araçatuba, Casa Branca, Três Lagoas, Barretos, Rondonópolis, Itanhaém, Brasília, Rio Preto e até Curitiba — onde uma das doações foi entregue a uma maternidade do SUS pela TV Evangelizar, após uma reportagem sobre Dona Irêni fazer sucesso.

“Temos muito orgulho da criatividade dela e dos trabalhos manuais que continua fazendo com tanto amor”, reforça Fermina. E completa com uma reflexão importante: “Num mundo tão cheio de desigualdades, é urgente termos mais generosidade e empatia. Pequenos gestos, como o da minha mãe, fazem uma diferença enorme”.

O exemplo de Dona Irêni é, acima de tudo, um chamado à solidariedade. Em meio a um tempo marcado por correria e indiferença, ela nos mostra que cuidado, afeto e tempo dedicado ao outro continuam sendo os maiores presentes que podemos oferecer.

E, enquanto suas mãos ainda conseguirem segurar as agulhas, muitos pezinhos continuarão aquecidos — e muitos corações, tocados.