A falta ou remanejamento dos professores empurram as salas para profissionais ‘tampões’, o que segundo elas, interfere diretamente na qualidade do ensino oferecido. Prefeitura afirma que atua para atender à ‘crescente demanda’.
A educação municipal de Votuporanga/SP, outrora premiada em concursos Brasil afora, enfrenta um período de questionamentos, reclamações que variam da estrutura predial a qualidade do atendimento oferecido. Recentemente, conforme noticiado neste Diário, o problema se deu em decorrência da falta de vagas; porém em seguidas sessões da Câmara, os vereadores apontam problemas de estrutura física nas unidades de ensino, além da ausência de profissionais, inclusive, cuidadores para alunos com necessidades especiais.
Nesta quinta-feira (23.mar), quase 60 dias após o início do ano letivo de 2023, responsáveis por alunos matriculados na rede municipal procuraram a reportagem para externar insatisfação quanto ao que chamaram de ‘rotatividade de professores em sala de aula’: “Tenho uma filha matriculada no Anita [CEM Profa. Anita Liévana Camargo, no Jardim Bom Clima], e lá uma professora foi realocada em outra função, e a outra terminou o contrato e deixou a sala. Agora, minha filha que está no 2º ano está cada dia com um professor, é substituto o termo, só que não existe um planejamento de trabalho sendo executado. Cada um dá uma coisa, imagino que seja devido à quebra da continuidade lógica de trabalho, exatamente porque talvez não saiba o que o colega aplicou no dia anterior, e assim com esse rodízio de professor o trabalho não ganha uma sequência. Isso é prejudicial, muito, interfere no aprendizado das crianças, principalmente nesta fase de alfabetização. Isso que estamos saindo de uma pandemia, onde praticamente passamos dois anos sem aulas”, explicou a autônoma, Aline.
Já a diarista Josi, mãe de outro aluno da mesma escola, explica que o filho que passa por acompanhamento com terapeuta está enfrentando problemas para conseguir laudo de acompanhamento que deveria ser emitido pelo professor que o acompanha no dia a dia, justamente por causa da ‘rotatividade’ de professores.
Aline salienta: “Acho errado essa falta de organização, isso de mudar de função ou acabar contrato durante o ano letivo, como pode alguém preparar um plano de trabalho para uma sala e isso não durar nem dois meses. Quem vai continuar isso? Quem vai reparar esses prejuízos? A gente precisa que estas salas tenham professores titulares e que deem continuidade no ano letivo que já está passando.”
Procurada pelo Diário de Votuporanga, a Secretaria Municipal da Educação respondeu em nota que a pasta “é uma das áreas que mais convoca profissionais aprovados em concursos públicos e processos seletivos. Desde o início do ano, até o momento, foram convocados 153 profissionais para a Secretaria Municipal da Educação, sendo 73 somente nesta semana, conforme publicações em Diário Oficial. No entanto, 57 profissionais se apresentaram para assumir a função. Em 2022, por exemplo, a Prefeitura convocou outros 471 profissionais para a área da Educação, destes, 252 foram, de fato, admitidos. Entre as funções estão PEB I e II, Educadores Infantis, Técnicos em Educação, entre outros.”
A Secretaria emendou: “Além dos concursos vigentes, a Prefeitura também abrirá novos processos para contratação de mais servidores para fazer frente à crescente demanda, principalmente na área da Educação. Somente neste ano, cerca de mil novas matrículas de alunos foram efetuadas nas escolas municipais e a Secretaria da Educação tem atuado diariamente para atender os alunos com ensino de qualidade. Os investimentos na área também avançam para estrutura física com a construção de novas escolas e reforma ou ampliação das unidades existentes.”