Em Rubineia/SP, tanques com tilápias precisaram ser levados para outro trecho do Rio Paraná. Mudança foi feita porque o nível da água diminuiu consideravelmente, ameaçando a criação dos animais.
A longa estiagem que atinge a região noroeste paulista começou a prejudicar a piscicultura. Em Rubineia/SP, tanques com tilápias precisaram ser levados para outro trecho do Rio Paraná depois que o nível da água diminuiu consideravelmente, ameaçando a criação dos peixes.
“Os tanques estão com peixe e, conforme a água abaixa, não dá para ver se tem galho ou toco. Pode enroscar, perder o peixe. Você perde todo o manejo que você fez desde o laboratório. Estou aqui há três anos e nunca vi a água baixar tanto assim”, diz o gerente de piscicultura Josias Teodoro.
Para transferir os peixes, as gaiolas são rebocadas por um barco para ficarem mais perto do canal. O objetivo é fazer com que os animais fiquem a pelo menos dez metros de profundidade.
Porém, a decomposição de material que fica acumulado e o forte calor podem prejudicar a qualidade da água, trazendo problemas ainda maiores.
“O reservatório começa a baixar e começa a trazer tudo o que tem de ruim para a margem. Você tem um acúmulo maior de matéria orgânica e vai começar a ter problema de oxigênio. A temperatura também fica mais alta, porque o volume de água é menor. Consequentemente, nós vamos ter uma temperatura média maior do que a gente teria em uma condição normal”, explica o piscicultor Emerson Esteves.
As pisciculturas estão localizadas no reservatório da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira/SP. Ela é a maior do estado de São Paulo e a terceira do Brasil, mas chegou a atingir em setembro 0% do volume útil.
“Ano passado choveu metade da média anual. Esse ano também choveu muito pouco até agora. Os reservatórios estão muito mais baixos do que estavam em 2014. […] Esse reservatório é de acumulação. Ele recebe toda a calha desses dois rios para manter a geração de energia para baixo. A situação é muito pior do que naquela época de 2014. Isso nos deixa preocupados”, diz Emerson.
Em 2014, os criadores passaram pela mesma situação, quando tanques de uma outra piscicultura responsável por criar pacu e dourado fez o transporte para o ponto mais fundo do rio, onde continuam. Por enquanto, a profundidade nas gaiolas de engorda não é problema, mas a situação é bem diferente dos tanques escavados, utilizados para reprodução.
“Além do custo da energia, precisamos pegar licenças ambientais para mudar a bomba de lugar. É uma coisa muito complicada. Mexo com peixe nativo, dourado, pacu, e a reprodução é na piracema, que vai agora de setembro até novembro, mas até lá já acabou. Não compensa o custo. Esperamos que comece a chover e volte ao normal, mas esse ano perdemos”, explica o piscicultor Marcos Giannonni.
Para ele, a quebra na reprodução dos peixes terá reflexos na produção do ano que vem.
“Tem engorda para esse ano ainda, vamos entregar até janeiro. Janeiro acaba e não vai ter peixe para repor. Vamos ter um furo de produção muito grande”, diz Marcos.
*Informações/g1/Patrick Lima/Tv Tem