Karen Rodrigues a escritora e contadora de histórias que atrai crianças e desperta o gosto pela leitura

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Karen Rodrigues durante uma contação de histórias no FLIV transportando o público para um mundo de sonhos e muita magia – Foto: BNZ Fotografias/Reprodução
Karen é graduada em história e letras, professora, escritora, poetisa, palestrante, contadora de histórias e falou com exclusividade ao Diário; acompanhe.

por Andrea Anciaes

A literatura infantil além de ser uma arte sem dúvida mexe com a criatividade e a imaginação.

Seja contando uma história ou cantando uma música, ela desperta sensações, une e encanta. Com sua intuição, delicadeza e um jeitinho cativante para contar histórias Karen Rodrigues transporta as crianças para um mundo mágico, repleto de sonhos e muita imaginação!

Karen é graduada em história e letras, professora, escritora, poetisa, palestrante e contadora de histórias.

Em entrevista para o jornal Diário de Votuporanga a escritora e contadora de histórias Karen Rodrigues contou sobre sua trajetória de sucesso na literatura infantil e falou sobre seus livros, sobre a importância do FLIV e muito mais, acompanhe:

DV: Como surgiu a escrita na sua vida?

“Escrever pra mim sempre esteve ligado comigo desde a minha infância, sempre fui uma criança e uma aluna que gostava de ler, então eu tinha o hábito da leitura no meu cotidiano.

Sempre frequentei bibliotecas, participava de cirandas de leitura que aconteciam na cidade e sempre produzi bastante textos. 

Eu chegava da escola e meu pai levava temas aleatórios e dava para mim e para o meu irmão em forma de estudo.

A escrita veio no final da minha faculdade de letras que foi a minha segunda graduação e foi aí que tudo começou! Eu decidi dar voz àquilo que eu sentia, colocava no papel e um dia alguém leu e disse: ‘Nossa isso faz sentido!’

A partir de então fiquei tocada e pensei: puxa o que eu escrevo faz sentido para outras pessoas e não apenas para mim…comecei então a escrever pequenos versinhos, pequenos poemas e tudo que eu escrevo sempre foi ligado à crianças…tudo me lembrava a minha infância ou me remetia a alguma criança com quem havia estado, algo vivido dentro da escola e assim a escrita surgiu em definitivo na minha vida!”

DV: Quantos livros você já escreveu e qual deles foi o mais marcante?

“Tenho nove obras escritas, oito delas voltada para o público infantil (literatura infantil), uma delas o ‘Raízes’ lançado em maio de 2022 foi um sucesso, esse livro é direcionado e fala sobre o universo da criança, fases de desenvolvimento…é realmente um estudo pois falo sobre neurociência e abordo as fases do desenvolvimento infantil.

O livro que eu mais vendi e que até hoje recebo feedbacks do meu público é ‘As cores de Cecília’, porque nele eu abordo o bullying, a diversidade, as nossas diferenças e com isso as crianças entendem essa história e se sentem abraçadas. O mais gostoso desse feedback é receber mensagens das crianças dizendo: ‘olha tia eu vivi isso na escola contei para minha professora e agora me sinto mais feliz’!

‘As cores de Cecília’ da escritora Karen Rodrigues

A proposta desse livro é fantástica porque no final dele tem um QRcode onde a criança pode enviar um e-mail com a ajuda de um adulto para a personagem, então esse livro nasceu durante a pandemia e a Cecília que é a personagem recebeu diversos relatos de crianças que sofriam bullying, de crianças que não tinham sonhos, crianças que se achavam feias, crianças que sentiam saudades dos avós porque na pandemia ficaram isolados…então esse é o meu livro mais vendido e um livro onde as crianças se aproximam muito de mim (autora). A história é uma narrativa envolvente… a personagem tem algumas características minhas, eu sou uma pessoa de estatura baixa com um tipo físico um pouco mais “fofinho” (robusto) e eu então trouxe isso para a personagem. Recordo que quando eu estudava, mesmo sendo muito bem resolvida com a questão da minha estatura eu sempre ouvia piadinhas, então de certa forma nunca me senti atingida em relação à altura, mas o fato é que eu sempre escutava e assim como eu escutava, muitas outras crianças por aí devem escutar…seja pela cor da pele, pelo gosto musical ou de um desenho, então a Cecília engloba um pouco disso tudo que tem também da minha infância”.

DV: Como foi participar pela primeira vez no FLIV?

“Foi muito especial ter a presença aqui juntamente com tantas outras pessoas que admiro, que eu acompanho pelas redes sociais e que eu consumo o trabalho delas. É uma festa para mim, e eu descrevi a participação no FLIV como uma festa pois estamos celebrando a arte, a cultura e a vida também, afinal ficamos dois anos sem o evento presencial.

Em anos anteriores eu já havia visitado o FLIV e com certeza sonhado em participar e ter meu nome dentro do evento. Então pra mim é uma grande realização!”

DV: Como surgiu a contação de histórias na sua vida?

“Contar histórias também surgiu na faculdade de letras. Eu participei de uma oficina dentro da faculdade (graduação) em uma semana acadêmica e foram duas horas participando, ouvindo, vendo a professora ministrar aquele curso e aí algo dentro de mim pulsou e disse: eu quero contar histórias!

A partir daquele momento comecei a me arriscar, ler bastante histórias e a ter o meu público de contação de histórias. O diferencial nesse trabalho que realizo é a música, dentro da contação de histórias o André Gandolfo faz uma participação ali ao piano, então contamos histórias e também cantamos. Começou então a surgir mais vontade, comecei a fazer vários cursos e comprei várias apostilas. Precisei estudar bastante, principalmente nessa área da fala da criança porque é necessário ter o tom certo para falar e com isso entregar o que eu tenho de melhor! E foi dando certo e eu fiquei realmente apaixonada pela contação de histórias, hoje eu vivo através da contação de histórias e da escrita e mais do que isso, hoje eu faço formação para professores através da contação de histórias, levo todo meu aprendizado aos professores sobre a contação de histórias!”

DV: Como é a interação com as crianças durante uma contação de histórias?

“A participação das crianças na contação de histórias é mágica, naquele momento eu realmente me sinto dentro da história que estou contando, me sinto muito responsável também porque eu posso estar dando voz a um personagem que a criança vai levar para a vida toda, uma história que vai marcar a vida dela e posso estar fomentando um sonho e regando uma sementinha que logo irá florescer!

É uma energia, uma emoção muito grande de entrega com as crianças. Sempre que estou contando ou cantando eu estou o tempo todo olhando para os olhos das crianças, e consigo ver e sentir que ela além de estar entendendo, está me devolvendo a energia que eu preciso, então é o meu combustível para continuar fazendo a contação de histórias e proporcionar realmente o gosto pela leitura, o gosto pela viagem através da imaginação, fomentar sonhos que a contação de histórias permite é incrivelmente mágico! 

Eu encerrei a contação no último domingo (14/08) dizendo que contar histórias hoje é muito mais do que a minha profissão, ela é o meu momento de entregar para as crianças um pouco do meu trabalho, além de fazer com que eu me alimente dessa energia, porque eu olho para o rosto da criança e eu consigo sentir esperança, eu consigo acreditar que nós temos tudo para ter uma cidade, um estado e um país melhor, então trabalhar com a criança através da contação de histórias alimenta toda a minha parte imaginativa, criativa…enfim tudo o que eu faço!”

DV: Qual a mensagem que você deixa para as crianças, para o público em geral e também para todos que participaram do FLIV?

“A mensagem que eu quero deixar e sempre espero que chegue até as crianças, adolescentes é que eles ousem não somente sonhar, mas que ousem cada vez mais a lutar por seus sonhos e dizer que a literatura nos abraça de diversas formas, e assim como abraçou os meus sonhos, também pode abraçar vários outros sonhos.

Muitas vezes existem crianças que tem o desejo de escrever porém ficam com receio achando que precisam morar em uma grande cidade, a cidade onde moro é quase uma vila com pouco mais de 4 mil habitantes e eu escrevo assim mesmo! Um dia um aluno de uma escola de Paranapuã perguntou como eu fiz para começar a escrever dentro de uma cidade tão pequena… e eu então disse que os sonhos não têm fronteiras. Precisamos realmente sonhar!”

Vale ressaltar que a leitura e a escrita são extremamente importantes para a formação de qualquer pessoa. Por meio da leitura, nos teletransportamos para outros mundos, adquirimos conhecimento, desenvolvemos senso crítico e aprendemos que é possível viajar, rir, chorar, se emocionar e conhecer coisas novas sem sair de casa.

“Leitura, antes de mais nada é estímulo, é exemplo”, Ruth Rocha.