Segundo a defesa de Márcio Roberto Rodrigues, ele será colocado em liberdade para fazer tratamento em clínica de reabilitação durante seis meses. Caso foi registrado na tarde de 11 de junho, no bairro Jardim União, em Palmares Paulista/SP.
A Justiça aceitou o pedido de habeas corpus feito pela defesa do ajudante de motorista que foi preso suspeito de agredir a atendente de uma padaria após ser advertido para usar corretamente a máscara de proteção contra Covid-19.
O caso foi registrado na tarde do dia 11 de junho, no bairro Jardim União, em Palmares Paulista, interior de São Paulo. Uma câmera de segurança flagrou o momento em que Adriana da Silva alertou Márcio Roberto Rodrigues.
De acordo com a Polícia Civil, o ajudante de motorista foi preso temporariamente seis dias depois das agressões acontecerem. Ele teve a prisão preventiva decretada e foi encaminhado à cadeia de Catanduva/SP.
Em seguida, a defesa impetrou um habeas corpus no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP). A 4ª Câmara de Direito Criminal acatou o pedido e determinou que Márcio fosse colocado em liberdade para fazer tratamento em uma clínica de reabilitação durante seis meses.
Segundo os advogados Gilney Batista de Melo e Eduardo Samoel Fonseca, ambos defensores do ajudante de motorista, a decisão que revogou a prisão preventiva se mostra adequada às condições do processo.
“Uma vez que estabelece que o acusado siga seu tratamento médico de dependência química em clínica especializada e, por outro lado, afasta qualquer alegação de risco a ordem pública, sendo, portanto, a medida mais proporcional e razoável”, disseram os advogados.
Até as 22h desta terça-feira (14), não havia uma data estipulada para Márcio deixar a prisão, mas os advogados acreditam que a ordem de soltura deva ser cumprida na manhã desta quarta-feira (15).
Versão do suspeito
Segundo Pedro Luís Carvalho, delegado de Palmares Paulista responsável por investigar o caso, Márcio alegou que entrou na padaria para beber uma pinga e saiu. Porém, retornou ao estabelecimento para ingerir a segunda, momento em que foi advertido para usar a máscara de forma correta.
“O Márcio retrucou e perguntou o motivo de estar sendo advertido, porque outras pessoas também estavam sem máscara. Ele também disse que foi chamado de vagabundo, perdeu a cabeça e decidiu segurar a Adriana para olhá-la no olho e afirmar que não era vagabundo”, contou Pedro.
Em seguida, Márcio entrou em uma área da padaria reservada apenas para funcionários. Adriana, então, saiu correndo em direção à rua. Contudo, foi seguida pelo ajudante de motorista.
“Ele falou que realmente correu atrás, mas disse que a Adriana caiu sozinha e se machucou. Ele também afirmou que não tem nada contra a Adriana e que não quis matá-la”, contou o delegado.
Versão da vítima
De acordo com a Adriana, Márcio entrou na padaria com a máscara embaixo do queixo, ficou nervoso depois de ser avisado sobre a obrigatoriedade usar o acessório de forma correta e deu um tapa em produtos que estavam sobre um balcão.
“Não satisfeito, ele deu a volta e entrou. Saí correndo e fiquei na frente da padaria. Ele me acompanhou e me deu uma rasteira. Tentei levantar, mas o homem chutou e quebrou meu braço”, afirmou Adriana.
Logo depois, a vítima conseguiu se levantar e correr para dentro de uma casa, que estava com o portão aberto, mas foi seguida novamente pelo agressor.
“O dono da casa pediu para sairmos. Consegui chegar a uma outra padaria. Encontrei o dono e a mulher na porta. Ele chegou e deu um soco no dono da padaria. Sentei na calçada. Ele veio e bateu minha cabeça no joelho dele”, relembrou a vítima.
Adriana foi acolhida por uma moradora, colocada para dentro de uma casa e levada ao pronto-socorro de Catanduva, cidade a 20 minutos de distância de Palmares Paulista.
“Eu vi a morte. Lembrava da minha mãe, dos meus filhos, não acreditava que iria sobreviver. Tinha muita gente olhando, mas ninguém fazia nada. Olhei o sangue e pensei que morreria”, desabafou a atendente.
A atendente sofreu diversos cortes e hematomas, além de uma fratura no braço esquerdo. Ela precisou ser submetida a um procedimento cirúrgico e recebeu alta no dia 13 de junho.
“Estava trabalhando. Ele entrou no meu serviço e fez isso. Não sei por quanto tempo vou ficar nessa situação. Não é justo”, contou.
*Informações/G1