Internações por infarto aumentam mais de 150% no Brasil

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Dr. Pedro Garzon, no Serviço de Hemodinâmica do IMC - Foto: Reprodução

Aumento é constatado no Instituto de Moléstias Cardiovasculares (IMC) de Rio Preto referência na região.


Levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) mostra que, entre 2008 e 2022, o número de internações por infarto aumentou no Brasil. Entre os homens, a média mensal passou de 5.282 para 13.645, alta de 158%. Entre as mulheres, a média foi de 1.930 para 4.973, aumento de 157%.

O infarto agudo do miocárdio ou ataque cardíaco tem como principais fatores contribuintes o histórico familiar (fator genético), colesterol alto, hipertensão (pressão alta), diabetes e tabagismo. O aumento significativo de casos nos últimos anos, no entanto, é resultado da maior incidência destes fatores associada a outros secundários, de acordo com o cardiologista e hemodinamicista Pedro Garzon, responsável pela Hemodinâmica do Instituto de Moléstias Cardiovasculares (IMC), centro de referência para Rio Preto e região Noroeste do Estado.

“Pesquisas e estudos demonstram que os casos de colesterol alto, hipertensão, diabetes e tabagismo vêm aumentando significativamente no país, não sendo diferente em nossa região. Levantamento da Fiocruz, por exemplo, constatou que o consumo de cigarro no Brasil aumentou em 34%. O crescimento foi atribuído, principalmente, à pandemia, quadros de depressão, ansiedade e insônia”, afirma Dr. Pedro Garzon. “Somam-se a estes fatores o estresse cada vez maior do nosso dia a dia e o aumento da obesidade na população”, completa o cardiologista do IMC.

Segundo o cardiologista, no IMC os profissionais perceberam nitidamente o aumento de pessoas vítimas de infarto que chegam ao serviço, que é referência na cidade, inclusive pela rapidez com que atende o paciente e a estrutura que oferece.

“Quanto mais rápido for o atendimento, melhor será a evolução do paciente e maiores serão as chances de prevenir a insuficiência cardíaca e de reduzir a mortalidade”, afirma o responsável pela Hemodinâmica do IMC. Cada segundo, portanto, faz a diferença para salvar vidas e para avaliar a rapidez com que o serviço de saúde atende o infartado existe um indicador chamado “porta-balão”.

O tempo porta-balão é o intervalo mensurado a partir da chegada do paciente com diagnóstico de infarto no serviço de saúde até a realização da angioplastia, quando é introduzido o cateter no corpo para desobstruir o coração. No IMC, o tempo porta-balão varia entre 40 e 50 minutos, bem abaixo dos 90 minutos apontados o máximo aceitável, de acordo com a American Heart Association (Associação Americana de Cardiologia).

O IMC apresenta este ótimo desempenho porque possui uma equipe multidisciplinar formada por hemodinamicistas, cardiologistas e demais médicos e profissionais de enfermagem especializados no diagnóstico e tratamento imediato de problemas do coração, em particular, casos de emergência. Os profissionais dispõem de infraestrutura e os mais modernos aparelhos e dispositivos, como catéteres e stents, para oferecer o melhor e mais rápido atendimento ao paciente.

Salvar a vida de uma vítima de infarto, no entanto, envolve muitas vezes pessoas que estão próximas dela, por isso, a importância de a população saber o que é o infarto e seus sintomas, salienta o cardiologista do IMC de Rio Preto. Dr. Pedro Garzon explica que o infarto agudo do miocárdio ou ataque cardíaco é a morte de células do músculo do coração devido a formação de coágulos que interrompem o fluxo sanguíneo de forma súbita e intensa.

“É fundamental que todos nós conhecemos os sintomas, porque o coração frequentemente dá sinais antes mesmo de o infarto acontecer, permitindo que a pessoa tome providências para evitá-lo como, por exemplo, consultar-se com o cardiologista”, afirma Dr. Pedro Garzon.

O principal sintoma é a dor ou desconforto na região peitoral, que pode irradiar para as costas, rosto, braço esquerdo e, raramente, braço direito. “Essa dor costuma ser intensa e prolongada, acompanhada de sensação de peso ou aperto sobre o tórax, provocando suor frio, palidez, falta de ar e sensação de desmaio”, diz o responsável pela Hemodinâmica do IMC.

Em idosos, o principal sintoma pode ser a falta de ar. A dor também pode ser no abdome, semelhante a dor de uma gastrite ou esofagite de refluxo, mas é pouco frequente. Nos diabéticos e idosos, o infarto também pode ocorrer sem sinais específicos. Por isso, deve-se estar atento a qualquer mal-estar súbito.

Como na imensa maioria das doenças e problemas de saúde, o melhor é prevenir o infarto, cuidando bem do corpo e da mente. Entre as principais ações a adotar estão a prática regular de atividades físicas, a alimentação adequada e o não consumo de álcool e de qualquer tipo de tabagismo.