Insanos Motoclube – Guiados pela solidariedade

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As doações refletem a intensidade do trabalho do motoclube, que realiza cerca de 2.600 ações mensais e somou 14 mil no último ano. (foto arquivo pessoal)

 

Com dez anos de atuação, o Insanos Motoclube dedica-se a amparar famílias em situação de vulnerabilidade social

 

A regional do Insanos de Votuporanga reúne cerca de 60 integrantes distribuídos por Fernandópolis, Jales, Santa Fé do Sul e Iturama. (foto arquivo pessoal)

 

@caroline_leidiane

Criado a partir de um movimento iniciado em São Paulo, o Insanos Motoclube consolidou-se como uma grande irmandade internacional, presente hoje em mais de 66 países. Ao completar dez anos de trajetória, o grupo celebra o amadurecimento de um trabalho que se apoia na disciplina, união e, sobretudo, vontade de servir.

Tom, integrante e que está oficialmente há meio ano trabalhando na Social de Divisão Votuporanga, detalha essa origem.

“O Insanos foi fundado em dezembro de 2015 e completa dez anos agora. Vamos ter um evento na sede mundial, em Osasco, para comemorar. O grupo cresceu porque viu a necessidade de ajudar o próximo e, através das ações sociais, se tornou esse gigante que é hoje”, explica ele.

O lema estampado no brasão, “fazer o bem e não olhar a quem”, orienta todo o funcionamento interno. Tom salienta como essa filosofia se desdobra no dia a dia do grupo.

“Ajudamos as famílias sem qualquer julgamento ou distinção — sem política, discriminação, religião, cor ou raça”, descreve.

Segundo ele, o Insanos é organizado por meio do Regime de Disciplina Interna que orienta a todos os constituintes.

“Temos um manual de conduta e nos consideramos uma família, irmãos de colete e das causas sociais. O Regime de Disciplina Interna é rigoroso em qualquer lugar do mundo. Há um corpo de direção e organização, todos se respeitam, e quem foge das normas passa por avaliação para manter tudo em ordem”, salienta.

A regional de Votuporanga reúne cerca de 60 integrantes distribuídos por Fernandópolis, Jales, Santa Fé do Sul e Iturama. Cada divisão possui a própria estrutura e é conectada ao comando regional, que articula as demandas das cidades.

“Cada divisão conta com diretor, subdiretor, social e administrador para garantir organização e controle”, esclarece.

Ele menciona que o funcionamento diário depende de troca contínua de informações entre os integrantes.

“Os eventos são articulados por grupos internos. O pessoal da divisão, que são os sociais, organiza as ações nas cidades, porque não conhecemos de perto as necessidades locais. Assim, quando surge uma necessidade, como em asilos, creches ou na Apae, o social assume a coordenação, mobiliza os integrantes, organiza deslocamentos e mantém a comunicação ativa para que tudo funcione bem”, explana.

O planejamento mensal envolve avaliar estoques e necessidades, ainda que o grupo não disponha de um espaço físico central.

“Fazemos um planejamento mensal avaliando o que temos em estoque e o quanto conseguimos atender, controlando tudo conforme a demanda”, delineia Tom.

Sem um espaço fixo para armazenamento das arrecadações, o grupo compartilha o manejo dos itens entre os próprios integrantes.

“Como não temos uma sede, acabamos distribuindo os itens conforme a disponibilidade de espaço da casa de alguns integrantes, enquanto buscamos uma parceria para conseguir um local adequado”, desabafa ele.

Já a gestão desse volume é centraliza e catalogada em planilhas, ficando aos cuidados da administração.

Algumas situações, no entanto, exigem respostas imediatas. Foi assim em Palmeira d’Oeste, após a tempestade de granizo que atingiu a cidade.

“A questão de Palmeira d’Oeste foi uma emergência, ninguém esperava. Então, mobilizamos a regional, e tudo que havia nos estoques foi levado para lá. A gente levou tudo: roupas, eletrodomésticos, cestas básicas e leites. Zeramos todo o estoque para poder atender essa emergência”, recorda.

Com a chegada do fim de ano, a mobilização cresce. As ações natalinas são um marco para o motoclube. Este ano, o evento será realizado em Simonsen, a decisão foi após um encontro com uma moradora que organiza confraternizações em ações solo.

“A cada ano tentamos realizar o Natal em um local diferente. Ano passado, fizemos na pracinha do Pró-Povo e, este ano, conhecemos essa moça, a Carine, que faz tudo praticamente sozinha: procura patrocínio, monta, organiza e realiza. Fizemos uma reunião com ela e decidimos”, conta Tom sobre a nova parceria.

Ele destaca que a expectativa para o Natal em Simonsen é receber cerca de quatrocentas crianças, e que a preparação envolve um esforço coletivo para garantir que tudo aconteça da melhor forma, com apoio de empresários e contribuições da comunidade, reunindo o máximo de recursos possível para o evento.

Eduardo Perego, também conhecido como Cowboy, é Social Regional há dois anos, e resume o impacto emocional do trabalho solidário.

“Para nós, é essencial realizar essas ações e ver a alegria das crianças, que sem esse apoio teriam um Natal mais triste. Queremos levar alento a quem passa por vulnerabilidades, e cada sorriso ao receber um doce ou brinquedo mostra o impacto e a sensação de inclusão que essas ações proporcionam”, identifica ele emocionado.

O monitoramento das iniciativas e a coordenação entre todas as regionais ocorrem em âmbito nacional, algo que Tom e Cowboy consideram fundamental para manter o trabalho organizado. Eles explicam que existe um Comando Social Brasil responsável por reunir e organizar os dados, dar visibilidade às informações e supervisionar as atividades de cada regional no país.

Juntos, eles ressaltam a dimensão desse trabalho articulado e coletivo.

“Em média, são 2.600 ações sociais durante o mês. No ano que passou, chegamos a fazer 14 mil ações”, expõem.

Essa estrutura integrada também permite atuação imediata em situações de extrema emergência.

“Por exemplo, em novembro, no Paraná, teve um tornado, e a gente mobilizou e mandou coisas para lá também; o pessoal do Brasil todo ajudou. Então, é um trabalho bem organizado, é um comando que está sempre presente e atuando”, afirma Tom.

As arrecadações promovidas pelo Insanos Motoclube acontecem em parceria com supermercados da cidade. Esses estabelecimentos não realizam doações diretas, mas permitem a presença dos integrantes para mobilizar a comunidade. Todo o volume de doações vem da população e de empresários que contribuem voluntariamente, fortalecendo as ações solidárias desenvolvidas ao longo do ano. Quem deseja ajudar pode entrar em contato pelo telefone (17) 98113-5735.