SanSaúde conversou com o ginecologista e uroginecologista Dr. Ricieri Hiroshi Yoshizaki, para explicar mais sobre o tema.
Quatro em cada dez brasileiras vivem com algum grau de incontinência urinária, segundo mostra a pesquisa qualitativa Menopausa e Incontinência Urinária, divulgada na semana passada. A falta de informação e o tabu em falar sobre o tema são fatores que ainda limitam a procura por ajuda.
A condição afeta a qualidade de vida das mulheres, com impactos na autoestima, insegurança para sair de casa, medo do odor, prejuízos na vida sexual e na saúde geral.
O SanSaúde conversou com o ginecologista e uroginecologista Dr. Ricieri Hiroshi Yoshizaki, para explicar mais sobre o tema. Ele falou sobre os sintomas, as causas e o tratamento.
Dr. Ricieri ressaltou que é importante reconhecer que incontinência urinária é um problema de saúde pública, pois acomete mais da metade das mulheres depois de uma certa idade.
“Incontinência urinária é uma doença e deve ser tratada como tal. Tendo uma boa avaliação pode ter melhora ou até mesmo cura. E, para isso, sempre procure um médico especialista e que esteja atualizado sobre as melhores opções de tratamento para cada pessoa”, adiantou.
Confira:
O que é incontinência urinária?
Dr. Ricieri explicou que a incontinência urinária pode ser considerada como qualquer perda de urina que acontece de maneira involuntária ou seja sem a pessoa querer ou conseguir segurar.
Quais os sintomas?
Os sintomas são basicamente a percepção das roupas íntimas molhadas com odor de urina ou aquelas perdas de urina involuntárias. “Um fato curioso é que a maioria das pessoas acha que a perda de urina é normal depois de uma certa idade. Isso é um erro, pois nunca é normal, devendo ser tratada como uma doença. Apesar de ser, na maioria das vezes, uma patologia benigna, acaba levando a uma queda da qualidade de vida significativa”, frisou.
Quais as causas?
Existem várias causas para a incontinência urinária. As mais comuns são a incontinência urinária de esforço, que é aquela perda de urina que acontece quando se faz algum esforço físico, como tossir, espirrar, pegar peso, andar mais rápido. E a perda urinária por urgência, que é aquela que acontece quando estamos com vontade de fazer xixi e não dá tempo de chegar ao banheiro. “Há outras causas menos conhecidas e menos comuns, como a perda por transbordamento e a perda por fístulas urinárias, que normalmente acontece após alguma cirurgia do trato urinário”, disse.
É mais comum em qual idade?
O médico ressaltou que a idade é um fator muito importante no aparecimento da incontinência urinária principalmente nas mulheres. Isso acontece principalmente pela diminuição do hormônio causada pela menopausa e pela diminuição do colágeno própria do envelhecimento. Importante lembrar que, após os 60 anos de idade, quase metade das mulheres apresenta algum problema relacionado a perda de urina.
Existem fatores de risco?
Há vários fatores de risco para incontinência urinária feminina. O principal deles é a gravidez, principalmente aquela que termina com um parto normal. Outro fator de risco importante é a diminuição hormonal causada pela menopausa. O sobrepeso ou obesidade também são levados em conta na incontinência urinária. Algumas doenças que acometem o sistema neurológico também podem estar relacionadas ao aparecimento da incontinência, como diabetes descontrolado, esclerose múltipla, miastenia, sequelas de AVC entre outras.
Tratamento
São várias as opções de tratamento, que vão ser aplicadas dependendo da causa da perda de urina. O uroginecologista explicou que uma das principais opções é o fortalecimento muscular com fisioterapia pélvica, onde basicamente todos os tipos de incontinência são melhorados. “Para alguns casos existem também os tratamentos medicamentosos, uso de hormônios, injeções de substâncias na uretra e, por fim, os tratamentos cirúrgicos, que normalmente são indicados para aqueles casos que não tiveram melhora com os tratamentos descritos anteriormente. O mais realizado hoje em dia é a cirurgia de Sling ou popularmente conhecida como cirurgia da “telinha”, um procedimento de pequeno porte, algumas vezes realizado mesmo em ambiente de consultório, com rápida recuperação e retorno às atividades”, destacou Dr. Ricieri.
Prevenção
“Existem algumas formas para diminuir o risco de aparecimento da incontinência urinária, como o fortalecimento preventivo da musculatura pélvica através da fisioterapia, uso de reposição hormonal, principalmente via vaginal, quando bem indicada. O controle do peso e também monitoramento das doenças que podem afetar a bexiga também são importantes para a diminuição do risco”, frisou.