Apesar de positivo para o comércio brasileiro, o Dia das Bruxas ainda enfrenta controvérsias por se tratar de uma festa estrangeira. Contudo, há considerações que elevam este raciocínio ao patamar da multiculturalidade
@leidiane_vicente
Para muitos brasileiros, o dia 31 de outubro é apenas uma data, já para outros, é a ocasião perfeita para colocar a imaginação em prática e se fantasiar de criaturas medonhas, com maquiagens que imitam características físicas de zumbis imaginários.
O Halloween, também conhecido, por aqui, como o Dia das Bruxas é um evento tradicional e cultural dos países anglo-saxônicos, assim como Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido e os Estados Unidos, onde tem maior relevância.
Segundo explica o professor de português e inglês Igor Fernandes, no Brasil, o Halloween chegou por volta dos anos 1990, por causa da propagação do cinema norte-americano, com os filmes de terror, e pelas escolas de idioma.
De lá para cá, o interesse foi crescente e, atualmente, o tema integra o anuário escolar, fazendo parte do conteúdo de Língua Inglesa.
“Nas aulas de língua estrangeira é muito importante que sejam trabalhadas, além das estruturas gramaticais e vocábulos, o estudo das manifestações culturais dos países falantes da língua-alvo”, esclarece Igor.
Apesar do Halloween não fazer parte do calendário brasileiro de festas e comemorações, nas agendas de determinados clubes noturnos e bares o encontro é certo. Com figurinos criativos atentos à temática, alguns locais propõem competição, onde a fantasia mais icônica ganha prêmio.
Fato é que o fenômeno da globalização possibilitou que uma festa de origem celta e pagã conquistasse pessoas de diferentes culturas e religiões.
Além disso, a mercantilização dos produtos do Halloween teve crescente aumento no comércio, tanto de Votuporanga quanto o brasileiro de modo geral. Tudo isso se deve à disseminação de fotos e vídeos nas redes sociais, com trajes, acessórios e maquiagens em volta do tema.
Mas as comemorações do Dia das Bruxas, enquanto comparadas com outras tradições locais, acabam trazendo questionamentos acerca da valorização exacerbada de culturas de países estrangeiros.
A quem relacione o Halloween ao folclore brasileiro, por serem baseados em mitos e lendas. No âmago desse raciocínio, para resgatar e valorizar a cultura nacional, em 2003, o governo instituiu a data de 31 de outubro como Dia do Saci.
Apesar disso, o professor Igor Fernandes está muito mais interessado na multiculturalidade do conhecimento a que segregação.
“Creio que é de suma importância que conheçamos diversas culturas para que possamos respeitar e entender essa diversidade. Não há problema nenhum em ‘pegarmos’ aspectos legais de outras culturas e inserirmos na nossa. Tenho certeza que o fato de celebrarmos o Halloween, com fantasias e brincadeiras, não implicará na perda da nossa identidade cultural”, considera ele sobre esta questão.
Mesmo assim, o Dia das Bruxas ainda é muito pouco difundido no Brasil se comparado aos Estados Unidos. Igor considera que a festividade é só uma questão de identificação com a ideia.
“Não acredito que a longo prazo a celebração extrapole barreiras maiores do que já extrapolou, creio que já é bem suficiente que os alunos e quem mais queira festejar, participe da melhor maneira da data”, elucida o professor sobre o evento.