Reclassificação do Plano SP é ainda mais restritiva do que a fase vermelha vigente; governo excluiu serviços da lista de essenciais e instituiu toque de recolher das 20h às 5h. Medidas entram em vigor no dia 15 e devem permanecer até 30 de março.
O governo de São Paulo anunciou nesta quinta-feira (11) a fase emergencial, que prevê regras mais rígidas de funcionamento da fase vermelha da quarentena. As medidas passam a valer a partir de 15 de março e devem permanecer até o dia 30.
A gestão de João Doria (PSDB) suspendeu a liberação para realização de cultos, missas e outras atividades religiosas coletivas, além de todos os eventos esportivos, como jogos de futebol, e instituiu o toque de recolher das 20h às 5h, acompanhando a determinação da Prefeitura de Votuporanga/SP, publicada no último dia 2.
Alguns serviços que estavam na lista dos considerados essenciais, como lojas de materiais de construção, foram excluídos e deverão permanecer fechados.
Foi ainda determinado o teletrabalho obrigatório para atividades administrativas não essenciais, e vetada a retirada presencial de mercadorias em lojas ou restaurantes, em contrário ao decreto municipal desta quinta-feira que permite a modalidade ‘take away’, das 6h às 20h. Serviços de delivery poderão operar 24h por dia no Estado, mas segundo o decreto assinado pelo prefeito Jorge Seba (PSDB), somente das 6h às 24h.
Na educação, Doria recomendou que a prioridade seja para o ensino remoto, mas manteve a autorização às escolas municipais e particulares de operar com 35% da capacidade; contudo, em Votuporanga, atividade presencial foi freada por decreto municipal.
No entanto, segundo Doria, na rede pública estadual, as unidades ficarão abertas apenas para oferta de merenda e distribuição de material, que deverá ser feita por meio de agendamento prévio, uma vez que o governo decidiu antecipar os recessos de abril e outubro para o período de 15 a 28 de março, sem prejuízo do calendário escolar.
A educação e as e atividades religiosas tinham sido incluídas por meio de decretos estaduais na lista de serviços essenciais.
O que muda em Votuporanga:
- Atividades religiosas como missas e cultos não poderão mais ocorrer presencialmente;
- Campeonatos esportivos, como jogos de futebol, ficam suspensos;
- Lojas de material de construção não poderão abrir;
- Teletrabalho obrigatório para atividades administrativas não essenciais;
- Estabelecimentos poderão operar com serviço de retirada presencial, além do delivery;
- Escolas públicas e privadas continuam fechadas;
- Supermercados funcionam até as 20h.
Há também uma recomendação de escalonamento de horários para evitar as aglomerações no transporte público. A sugestão do governo de SP é que trabalhadores da indústria usem o sistema entre 5h e 7h, trabalhadores de serviços entre 7h e 9h e trabalhadores do comércio entre 9h e 11h.
Crise sanitária
Doria abriu a coletiva com tom pesaroso dizendo que o estado chegou ao momento mais crítico da pandemia e mostrou um vídeo com pessoas internadas em hospitais com lotação máxima.
“Eu, pessoalmente, estou bastante triste em anunciar o que temos que anunciar antes aqui, mas a nossa prioridade desde março do ano passado foi e continua sendo preservar as pessoas, preservar vidas”, disse o governador.
O secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, destacou que o estado enfrenta o pior momento da pandemia: “Hoje, 53 municípios estão com 100% na taxa de ocupação. Lembrando que na segunda-feira nós tínhamos 31 municípios nesta situação.”
O governador João Doria diz que o estado subiu de 3.500 para 9.200 vagas de UTI durante a pandemia, mas já não há profissionais de saúde para tantos pacientes contaminados.
O fechamento de todos os setores, inclusive das escolas, chegou a ser defendido pelo procurador-geral de Justiça, Mario Luiz Sarrubbo, que enviou uma recomendação ao governador.
Mortes à espera de UTI
Apesar da fase vermelha, a situação no estado se agrava a cada dia. Levantamento feito nesta terça aponta que ao menos 38 pacientes com Covid-19 morreram na fila de espera por leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no estado de São Paulo nestes primeiros nove dias de março.
As mortes de pacientes que aguardavam liberação de leitos intensivos ocorreram em cidades localizadas na Grande São Paulo e no interior do estado.