Golpe da fumacinha: postos enganam clientes com serviços desnecessários

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Clientes também pagavam por produtos com preços superfaturados - Foto: Tim Mossholder/Unsplash

Reportagem denuncia dono de vários estabelecimentos que ameaçava funcionários que não concordavam com esquema.


Mais um golpe na praça. Além do cuidado que precisamos ter com cartões de crédito e celulares, é preciso atenção até na hora de abastecer o carro. O programa Fantástico desse domingo, 19, revelou um esquema que envolve até simular fumaça saindo do veículo para vender produtos desnecessários e, ainda por cima, superfaturados.

A reportagem investigou as redes de posto de gasolina do empresário Fabrício Corrêa Barros, que possui 25 estabelecimentos no Rio Grande do Sul, além de outros dois em Santa Catarina. Fabrício aparece em áudios persuadindo funcionários a enganar clientes. Segundo ex-funcionários, havia ‘incentivos’ com folgas para quem enganasse mais e ameaças de demissão para quem não cumprisse as metas do esquema.

Um dos golpes envolvia simular uma fumaça saindo do carro para tentar ludibriar o cliente. Um ex-frentista revelou que a encenação era feita com uma seringa com óleo. Em contato com o motor quente, o óleo evaporava em uma fumaça, levando o cliente a crer que seu veículo estava com problemas.

Uma das vítimas, o seu José, acabou caindo no golpe da fumacinha. À reportagem, ele revelou que foi apenas abastecer o carro, mas, ao cair na armação, deixou o posto com uma conta de R$ 1,3 mil. Seu José foi obrigado a trocar o óleo e ainda pagou por produtos com preços muito acima do mercado. Um dos produtos saiu com valor de R$ 149, sendo que em outros postos o custo é em torno de R$ 44 reais.

A filha de José levou o pai para registrar denúncia em uma delegacia, e lá descobriu que o empresário Fabrício Corrêa Barros era reincidente nesse mesmo golpe, com mais de sete ocorrências relacionadas a outros postos em seu nome.

A primeira queixa é de 2018. Na ocasião, o estabelecimento foi fechado, mas depois voltou a funcionar após acertar a restituição financeira para as vítimas.

A cada problema com a Justiça, Fabrício aperfeiçoava o golpe. Ele chegou a orientar que seus funcionários fizessem os clientes assinarem as notas fiscais como uma proteção do esquema.

Esse tipo de golpe também chegou a ser registrado em outros Estados. No Procon de São Paulo, por exemplo, já são 14 queixas do tipo somente neste ano.

Defesa

A reportagem do Fantástico tentou contato com Fabrício, que não quis falar no momento por “estar viajando”. Em nota, a rede de postos Ipiranga, da qual Fabrício possui filais, informou que os serviços são realizados por meio de revendedores e que irá acompanhar o caso, prezando pela integridade e transparência com seus clientes.

*Com informações da Redação Terra