Nhá, Sinhá, Vó Preta, Tia Nastássia, Dona Benta, Donana, Nona, Dona Nega, entre outras, são apenas algumas das alcunhas, pelas quais, são conhecidas as mais antigas e folcloricamente dizendo, cozinheiras de “forno e fogão” da história do Brasil.
Com certeza, todos estes nomes são conhecidos pela maioria dos leitores, pois, já foram e são bastante retratados e na maioria das vezes, muito bem personificados nas novelas de época, filmes históricos brasileiros e muito marcantemente, na principal obra da literatura infantil do nosso país, “O Sítio do Pica-pau Amarelo” de Monteiro Lobato, com Tia Nastácia e a vovó Dona Benta, dando a idéia exata do que é uma autêntica “Cozinheira de Forno e Fogão”, ou seja, bolos, tortas, salgados, pratos tradicionais e tudo o mais que, a maioria dos grandes Chef’’s do cenário nacional e internacional, mesmo de posse da receita, jamais conseguiriam fazer melhor, o que todas elas faziam e ainda fazem “de olho” (ainda existem muitas espalhadas pelo interior do Brasil), segredos, os quais, e, por mais que tentem, não conseguem descobrir, ou melhor, decodificar, pois, seria necessário que eles aprendessem a decifrar o código genético destas mulheres, impossibilidade que deixa a maioria destes “mestres da gastronomia” perplexos e com uma pontinha de inveja.
A maior parte das receitas regionais, as mais tradicionais do Brasil, emanam do conhecimento empírico dessas mulheres, que fazem a arte de cozinhar parecer brincadeira de criança, a coisa mais fácil do mundo, tal é a naturalidade com que lidam e manipulam os ingredientes das milhares de receitas, que trazem na cabeça, um verdadeiro banco de dados com informações gastronômicas, repleto de segredos dos mais saborosos quitutes da nossa culinária.
Esta incrível capacidade de fazer de um bolo de fubá, um curau ou pamonha, aquele feijãozinho que convida a léguas de distância, o refogadinho de legumes e verduras fresquinhas, os frangos, galinhas caipiras e marrecos, as bistecas, lombos, pernis e torresmos de porco, as compotas, o doce de abóbora, de batata doce, doce de leite, cocadas cremosas, queijadinhas, pé de moleque, paçocas, doce de jaca, as geléias de jabuticaba, amoras e morango, quindins e queijos frescos (assim vou matar todos vocês de vontade, é melhor parar por aqui), um verdadeiro “Maná dos Deuses”, através de um dom natural dado a elas por um só Deus, aquele conhecido e amado pela maioria esmagadora dos brasileiros, que intriga, sobretudo, os gastrônomos mais céticos, em relação à culinária intuitiva, praticadas originalmente nas regiões interioranas de países como o nosso.
Tenho certeza, que grande parte dos leitores, conhece ou tem no bojo da própria família, uma Sinhá, Vó ou Dona Benta, que costuma fazer maravilhas no forno e no fogão, e por isso, é certo dizer que da mesma forma que temos uma fonte inesgotável produtora de talentos para o futebol, a música e a corrupção, que possuímos também uma mina perene de grandes cozinheiros, frutos das melhores matrizes, estas que são as verdadeiras inventoras da Gastronomia do lar.
PENNE AO MOLHO DE BACALHAU:
Você vai precisar de: –3 dentes de alho picados; -½ xícara (chá) de azeite de oliva; -1 cebola grande picada; -600g de penne; -600g de bacalhau dessalgado, sem as espinhas e desmanchados em lascas; -1 xícara (chá) de azeitonas pretas portuguesas inteiras; -½ xícara (chá) de cebolinha picadinha; -sal e pimenta calabresa qb; -1 xícara (chá) de creme de leite fresco; -200g de queijo parmesão ralado grosso
Preparo: Numa frigideira antiaderente grande, doure o alho, junte a cebola e refogue em fogo brando. Enquanto isso, cozinhe o penne al dente. Na frigideira acrescente as lascas de bacalhau e refogue por 5 minutos. Junte as azeitonas, ¾ do cheiro verde e tempere com pimenta, coloque metade do queijo parmesão e ajuste o sal se necessário, adicione o creme de leite fresco e misture bem. Escorra o macarrão, passe para um refratário fundo e misture rápida e delicadamente o molho, decore com o restante do queijo parmesão e da cebolinha. Sirva em seguida.
Tempo de preparo: 40 minutos; –Rendimento: 6 porções; –Sugestão: caso necessite aumentar a receita e dar mais cremosidade e volume, adicione molho branco ao molho base.