Corporação que emprega cerca de 2 mil colaboradores em Votuporanga/SP, estaria enfrentando dificuldades financeiras pelo menos desde 2019, quando perdeu contas importantes. Administração não foi localizada pela reportagem.
Funcionários da empresa de call center Vikstar, em Votuporanga/SP, procuraram a redação do Diário de Votuporanga para reclamar dos recorrentes atrasos e parcelamentos salariais. A empresa que possui seis unidades, atende em três estados brasileiros, sendo São Paulo, Paraná e Piauí. Somente em Votuporanga, o grupo emprega aproximadamente duas mil pessoas.
No último mês, rumores de atrasos salariais dos colaboradores vieram à tona e se repetiram em maio, contudo, mesmo com os atrasos, os valores teriam sido quitados; permanecendo em aberto, segundo funcionários, somente os valores de vale-alimentação e vale-transporte.
Na terça-feira (11), a reportagem do Diário de Votuporanga, esteve na sede da empresa e não conseguiu contato com a administração, somente um número de telefone que seria de uma unidade na capital paulista, mas não surtiu resultado.
Segundo funcionário, que optou por não ser identificado, os colaboradores não estão em greve, mas sofrem as consequências dos atrasos: “É difícil pra gente, principalmente nessa pandemia, aqui é minha única fonte de renda, aí se atrasa atrapalha minha vida. Antes [da pandemia] eu fazia um bico, mas com a covid perdi a outra forma de ganhar dinheiro”.
Uma outra colaboradora contou a reportagem que os problemas são recentes, mas que atrapalham o planejamento familiar: “… está complicado, o momento é difícil e eu sou grata pelo emprego, mas preciso receber certinho, tenho contas para pagar e uma filha para sustentar”, afirmou “F.,”
Ainda referente ao mês passado, cerca de 8.000 funcionários da empresa que trabalham com atendimento ao cliente para a Vivo estiveram com salários atrasados; sindicatos do setor de telemarketing em São Paulo, Piauí e Paraná anunciaram indicativo de greve e começaram a discutir a realização de paralisação.
A Vikstar, à época, disse que não depositou os salários no dia 7 (o quinto dia útil do mês) porque a Telefônica, controladora da Vivo, não fez o pagamento dos valores devidos. Já à Telefônica afirmou que o contrato de prestação de serviços com a Vikstar foi encerrado, mas que os pagamentos foram feitos. Em nota, a empresa disse que a decisão de encerrar o contrato foi influenciada pela “deterioração financeira da Vikstar, que poderiam afetar a operação e qualidade do atendimento aos clientes da Telefônica.”
Contudo, a reportagem apurou que a Vikstar vinha enfrentando dificuldades financeiras pelo menos desde 2019, quando perdeu contas importantes. No ano passado, a empresa já tinha atrasado o pagamento do 13º salário. Também em 2020, o Sintratel (Sindicato dos Trabalhadores em Telemarketing em São Paulo) precisou ir à Justiça do Trabalho para que funcionários demitidos entre julho de 2019 e janeiro de 2020 recebessem as verbas rescisórias e as multas pelo atraso no pagamento.
O avanço do contencioso trabalhista da Vikstar teria pesado na decisão da Vivo pelo rompimento do contrato. A empresa de telefonia pode ser considerada responsável pelos pagamentos de verbas salariais caso a intermediária não cumpra suas obrigações.
Nesta quinta-feira (13), em nota, a Telefônica informou ao Diário de Votuporanga que “o contrato de prestação de serviços com a Vikstar, empresa de serviços terceirizados de call center, foi encerrado por questões relacionadas à deterioração financeira da Vikstar, que poderiam afetar a operação e qualidade do atendimento aos clientes da Telefônica. De forma a evitar qualquer impacto, o atendimento aos clientes da Telefônica seguirá normalmente a partir de outras posições de call center próprios e de terceiros. Com uma postura consciente e responsável, a Telefônica buscará contribuir na realocação dos funcionários da Vikstar, indicando-os para eventual aproveitamento por outros fornecedores”.
Como a administração da Vikstar não foi localizada pela reportagem, o espaço permanece aberto para esclarecimentos.