Por: JANETE RIBEIRO –
Helena Lima, uma brasileira que mora há 12 anos em Vicenza, no Norte da Itália, região mais atingida pela Covid-19, conta como constituiu família na Europa e como está sendo o dia a dia de cuidar dos filhos, entre eles um com necessidades especiais, procurando manter a calma e esperança em tempos de pandemia. Ela disse que no início, as pessoas não acreditavam que o vírus pudesse matar, mas que com o agravamento da situação, as pessoas não tiveram outra alternativa a não ser obedecer às ordens do governo. Suas palavras emocionam e encorajam…
“Helena Lima, moro na Itália a 12 anos, sou dona de casa, tenho 3 filhos, um de 17 anos que tem síndrome de down, um de 13 e um de 2 anos, meu marido tem uma loja tintas e ferramentas. É uma situação surreal o que estamos vivendo, no início as pessoas não davam muita importância e criticavam o governo pelas decisões tomadas a partir dos primeiros casos registrados, tipo fechar as escolas, muitos pais se lamentavam porque não tinha com quem deixar as crianças.
Mas com o passar dos dias os contágios foram se multiplicando, pessoas começaram a morrer e o governo teve que aumentar as restrições e decidiu decretar a Itália todo como zona Vermelha, não podemos sair das nossas cidades para nada só para trabalhar, e ir aos supermercados, farmácia e padarias temos que ir na nossa própria cidade, sair de casa só para ir ao hospital se for caso de urgência, não podemos nos afastar das nossas casas por mais de 200 metros , não podemos visitar nem encontrar com parentes e amigos, é muito difícil, mas sabemos que é necessário e vemos nos dados nacional a diminuição dos casos e das mortes.
Tivemos dias de termos 969 mortes em 24 horas, nessas últimas 24 (05/04) horas foram 525 mortes, um dado positivo, não podemos ser egoístas nesse momento, Sabemos que é ruim estarmos trancados em casa, não podermos ir tomar um café no bar, encontrarmos os amigos termos q passar a Páscoa longe dos nossos parentes , é muito triste tudo isso, tem momentos que bate o desespero, vontade de chorar, gritar, mas é preciso mantermos a calma e pensarmos não só no nosso bem estar, mas no bem estar dos outros, minha sogra tem 74 anos, meu sogro 76, tenho um filho com deficiência e um de apenas 2 anos e outro de 13 e penso neles, que eu posso trazer o vírus pra eles saindo de casa com irresponsabilidade.
A minha cidade já tem 35 casos e 3 mortes, uma cidade pequena com 28 mil habitantes, tenho um casal de conhecidos com o vírus internados e uma amiga também que esta se cuidando em casa, máscaras foram distribuídas em todas as casas, 2 para cada morador, sendo uma descartável e uma lavável feita por uma fábrica que temos aqui na cidade, virou lei todos as noites está na frente da TV com o coração na mão orando e esperando para vê as notícias sobre o vírus e graças a Deus começamos a vê os resultados dos nossos sacrifícios que é ver menos pessoas morrendo e os contágios diminuindo, começamos a vê a luz no fim do túnel.
Depois de tanta tristeza em vermos nossos caros morrendo e não podermos nem fazer um funeral, os mortos começaram a serem levados para outras cidades, pois não tinha mais lugares, nos cemitérios e crematórios , das cidades mais atingidas como a cidade de Bergamo, no norte da Itália foram usados caminhões do exército para levarem os caixões, imagens que ficaram marcadas na nossa memória e na memória da Itália agora começamos a sonhar com quando tudo isso passar e que seremos novamente felizes e podermos abraçar e estar perto de quem amamos.”