Dra. Juliana Cattarucci detalhou sobre a enfermidade.
O mês de março é voltado para a conscientização da endometriose. A doença atinge cerca de 7 milhões de mulheres no Brasil e é uma das principais causas da infertilidade feminina. Para saber mais sobre a enfermidade, o SanSaúde conversou com a ginecologista Dra. Juliana Cattarucci.
O que é?
A especialista explicou que a endometriose é uma doença caracterizada pela presença do endométrio, tecido que reveste o interior do útero, fora da cavidade uterina, ou seja, em outros órgãos da pelve: trompas, ovários, intestinos e bexiga. “Devido a esse tecido endometrial que se concentra em diferentes partes do aparelho reprodutivo feminino, ocorrem mudanças na anatomia desses órgãos conforme o processo inflamatório se agrava e é essa alteração anatômica causada que provoca a infertilidade feminina em mulheres acometidas por essa patologia”, disse.
As causas da doença ainda não são totalmente esclarecidas e acredita-se que a origem seja multifatorial.
Sintomas
Os principais sintomas que aparecem e que merecem destaques são: cólica menstrual (dismenorréia) que, com a evolução da doença, aumenta de intensidade e pode incapacitar as mulheres de exercerem suas atividades habituais, dor durante as relações sexuais, dor pélvica não cíclica, dor e sangramento ao urinar e evacuar, especialmente durante a menstruação e alteração no hábito intestinal.
Fatores de risco
Quanto aos fatores de risco, alguns com maior relevância: histórico familiar, malformações uterinas, menarca (primeira menstruação) precoce, menopausa tardia, ciclos menstruais curtos, fluxo menstrual aumentado, nuliparidade (nenhuma gestação) ou primeira gestação tardia.
Diagnóstico
Dra. Juliana frisou que, diante da suspeita, o exame ginecológico clínico é o primeiro passo para o diagnóstico. “Pode ser confirmado pelos seguintes exames laboratoriais e de imagem: visualização das lesões por laparoscopia, ultrassonografia endovaginal, ressonância magnética e um exame de sangue chamado marcador tumoral CA-125, que se altera nos casos mais avançados da doença, porém, o diagnóstico de certeza, depende de uma biópsia”, afirmou.
Tratamento
A ginecologista detalhou que o tratamento da endometriose objetiva alívio da dor, a obtenção de gravidez para as mulheres que desejam engravidar e a prevenção do retorno da doença, podendo incluir o uso de medicamentos, a realização de cirurgias ou a combinação de ambos.
O tratamento medicamentoso envolve a interrupção do ciclo menstrual, e comumente usamos pílulas anticoncepcionais de modo contínuo, progestagênios isolados, hormônios injetáveis, implantes, DIU que libera progesterona e análogos do GnRH. “Este tipo de terapia alivia a maioria dos sintomas da doença, mas não elimina os focos de endometriose ou as aderências causadas por ela”, complementou.
As lesões maiores, em geral, devem ser avaliadas quanto a necessidade de retirada cirúrgica, sendo indicada, quando a mulher apresenta sintomas graves, que interferem diretamente na sua qualidade de vida, quando não há resposta ao tratamento com medicamentos, em casos de infertilidade, progressão da doença e quando atinge órgãos fora da cavidade pélvica.