Dra. Camila Conti deu dicas para os pais e ressaltou o impacto da doença no psicológico das crianças.
Nesta quinta-feira (3), foi celebrado o Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil. A obesidade infantil é considerada um problema mundial e a data trouxe um alerta sobre os riscos da doença e os cuidados necessários para combatê-la. Além de contribuir para o surgimento de diabetes e hipertensão, é fator para o agravamento da COVID-19.
O SanSaúde entrevistou a endocrinologista infantil, Dra. Camila Conti. Ela explicou que o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), definido pela divisão do peso em quilos pela estatura em metros ao quadrado (kg/m²), é o método mais utilizado para o diagnóstico do estado nutricional. “Para o diagnóstico de obesidade em crianças e adolescentes, os pediatras utilizam gráficos de IMC para sexo e idade, que podem dizer se o peso do paciente está adequado para a estatura e idade. A obesidade mórbida é considerada acima de 40mKg/m2”, disse.
Ela ressaltou que, em cerca de 95% dos casos, a obesidade é resultado de ingesta calórica aumentada, ou seja: não há nenhuma doença, síndrome ou desbalanço hormonal que justifiquem o ganho de peso. “Trata-se do resultado de erro alimentar e sedentarismo – que normalmente é refletido em diversos membros da mesma família”, complementou.
Riscos
A profissional ressaltou que, a obesidade na infância, além de elevar o risco da doença na vida adulta, traz consigo complicações como hipertensão arterial sistêmica, diabetes, elevação dos lípides sanguíneos e aumento de risco cardiovascular e problemas ortopédicos, otorrinolaringológicos nos casos mais graves. Transtornos como puberdade precoce, especialmente em meninas, também estão relacionadas à obesidade.
Como mudar o quadro
Para reversão do quadro, a criança deve ser acompanhada com uma equipe multidisciplinar, composta por pediatra, nutricionista, endocrinopediatra e, muitas vezes, psicólogo. “O envolvimento da família é de extrema importância para os bons resultados, uma vez que o hábito alimentar do menor de idade geralmente reflete o dia a dia da casa/família. E neste âmbito, a mudança de estilo de vida é o pilar central, com melhores escolhas dos alimentos, evitar bebidas açucaradas, entre outras medidas, além da prática de atividade física e diminuição do chamado tempo de tela (quando fica em televisão, tablet, celulares e etc)”, frisou.
Entre as mudanças na alimentação, por exemplo, tomar refrigerante ou sucos diariamente junto às refeições, não ingerir frutas e legumes — muitas vezes os próprios pais não consomem ou mesmo nem preparam esse tipo de alimento. “A criança deve ser incentivada a ter hábitos saudáveis desde as primeiras papinhas. E aqui vale lembrar que biscoitos, iogurtes, gelatinas, comumente ofertados aos menores de dois anos não são recomendados”, emendou.
Medidas práticas em tempos de pandemia:
– Evitar ter à disposição alimentos ricos em gordura, açúcar e consequentemente hipercalóricos: biscoitos, refrigerantes, salgadinhos, frituras, etc.
– Deixe frutas picadas na geladeira para facilitar o acesso das crianças
– Incentive o consumo de água
– Diminua tempo de exposição à tela
– Procure por exemplo atividades ao ar livre – respeitando medidas de segurança, desenvolva atividades e jogos com a criança, para que o tempo ocioso não seja “descontado na comida”, como muitos cuidadores costumam relatar
Obesidade e o psicológico
Questões psicológicas são queixas frequentes no consultório, desde quadros depressivos a transtornos alimentares especialmente em adolescentes, como bulimia e anorexia podem ser consequências do quadro de obesidade. “Os pais devem estar atentos aos sintomas depressivos, como choro fácil, isolamento social, mudança de comportamento, bem como preocupação excessiva com peso e restrição alimentar severa, indução de vômito após alimentação ou uso de laxantes. Procure o pediatra o mais rápido possível para evitar agravamento do quadro”, finalizou.