Pérola Ferraz
Em dezembro de 2019, o mundo ouviu falar sobre uma doença misteriosa que assolava uma província chinesa. Os áudios gravados na estação de trem eram desesperadores. Um amontoado de gente corria para tentar sair da cidade. Parecia que estávamos assistindo a um filme ou uma daquelas séries de TV em que o mundo que conhecemos está sendo destruído e todos querem fugir.
Em janeiro do ano seguinte, a Europa começou a sentir os sintomas daquela que, posteriormente, seria uma das piores epidemias da história mundial: a COVID-19, que se espalhou por todo o mundo e matou cerca de 1.488.120 pessoas. Em comparação com a gripe espanhola, os números brutos por população foram maiores para esta, mas, quando se contabilizam as mudanças nas taxas de mortalidade, considerando-se as condições de saúde das cidades em 2020, a Covid-19 resultou em muito mais mortes.
Um dia depois do segundo turno das eleições 2020, o governador João Doria (PSDB) recuou no plano de retomada das atividades econômicas e sociais e determinou que todo o Estado retornasse à fase amarela. Com isso, aumentaram as restrições de funcionamento de comércios e serviços. Eventos com público em pé também foram proibidos. A decisão foi motivada pela piora nos indicadores do novo coronavírus no Estado, que conta 1,24 milhão de casos e 42.095 mortes pela COVID-19. Segundo o Governo de São Paulo, na última semana, houve elevação de 12% nos óbitos de 7% de internações.
Todavia, estava claro que tudo isso iria ocorrer, visto que as eleições, de certa forma, contribuíram para uma explosão no número de casos da Covid-19. No entanto, já era sabido, também, que muitos dados foram manipulados e tantos outros abafados para que as eleições pudessem, de fato, ocorrer. Será que realmente o estado estava na fase verde antes das eleições? Provavelmente, não! Seria impossível um aumento de casos em tão pouco tempo e, também, é muita coincidência isso ocorrer logo após as eleições.
O fato é que, infelizmente, no Brasil e no mundo, o que existe é uma imensa polarização de informações, muitas delas facilmente identificadas como fake news. Mas a questão a ser destacada não é somente as fake news, apesar de sua importância na política, na sociedade, na cultura e na vida de todos nós. O que incomoda é a manipulação das informações a fim de atender aos interesses daqueles que desejam manter-se no poder e é preocupante o preço que a população paga por isso (no contexto atual de pandemia, este preço é a própria vida).
Analisando a História e os acontecimentos que marcaram a humanidade, nota-se que existe algo muito poderoso que pode ser usado contra qualquer governo ou inimigo. Contudo, essa poderosa arma não é fácil de ser conquistada, nem tampouco comprada. Ela leva tempo para ser adquirida e necessita de muita dedicação, esforço, paciência e comprometimento. Precisa ser lapidada como uma pedra preciosa e sua lapidação, ao contrário das joias, nunca deve findar-se, pois ela não se acaba ou gasta; pelo contrário, torna-se mais brilhante e poderosa.
Essa arma é o conhecimento! Uma pessoa dotada de conhecimento, dificilmente é manipulada, enganada ou serve de massa de manobra, principalmente de político mal intencionado e grupos sociais que tentam se manter no poder a qualquer custo. Então, é imprescindível empoderar-se de conhecimento, não se deixando enganar por promessas e argumentos fracos!
- Camila Pérola Ferraz é professora de História e vice-diretora da Escola SAB