Eduardo Bolsonaro anuncia que vai tirar licença do mandato de deputado para morar nos EUA 

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Deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), filho do presidente da República Jair Bolsonaro (PL) — Foto: Bruno Escolastico/Estadão Conteúdo

Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro pretendia comandar a Comissão de Relações Exteriores da Câmara, mas cargo ficará com outro deputado do PL.


O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou nesta terça-feira (18.mar) que vai se licenciar do mandato parlamentar para morar nos Estados Unidos, onde está desde o final de fevereiro.

Ao anunciar a decisão, ele fez críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pelo inquérito que investiga o seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, por tentativa de golpe de Estado. Eduardo não é alvo da investigação.

O parlamentar fez o anúncio numa rede social, uma semana antes do julgamento no STF que pode tornar seu pai réu.

Ele disse que a licença é temporária e que vai abrir mão de receber o salário de R$ 46.366,19. O deputado foi o terceiro mais votado em São Paulo em 2022, com 741.701 votos, atrás de Guilherme Boulos (PSOL) e Carla Zambelli (PL).

Pouco depois do anúncio, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, negou o pedido do PT para apreender o passaporte de Eduardo Bolsonaro. O partido havia entrado com a ação alegando que ele usa viagens internacionais para instigar políticos americanos contra o Supremo.

Eduardo Bolsonaro é réu em uma ação penal por difamação apresentada pela deputada Tábata Amaral (PSB-SP). Ele afirmou, sem provas, que a deputada teria criado um projeto sobre distribuição de absorventes para favorecer o empresário Jorge Paulo Lehmann. 

Quem assume a comissão da Câmara 

O parlamentar disse que o comando da Comissão de Relações Exteriores ficará com o deputado Luciano Zucco, seu colega no PL e líder da oposição na Câmara. 

“No meu lugar, será nomeado o deputado federal gaúcho Zucco para a comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Ele irá me ajudar institucionalmente a manter essa ponte com o governo Trump e o bom relacionamento com países democráticos e desenvolvidos”, disse. 

No PL, Eduardo Bolsonaro atua como secretário de relações internacionais. Parlamentares que defendiam a indicação dele para a comissão da Câmara citavam o cargo no partido e a proximidade com aliados do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como argumentos. 

A possibilidade de Eduardo Bolsonaro presidir o colegiado foi contestada por parlamentares aliados do governo e abriu uma disputa na Câmara. 

Para adversários políticos, Eduardo poderia usar a comissão na Câmara como palanque para críticas ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito do golpe e outras investigações que miram seu pai e aliados. 

Segundo o blog da analista política Natuza Nery, Eduardo teria sido impedido de assumir a presidência da Comissão de Relações Exteriores por decisão de Valdemar Costa Neto, presidente do PL. Valdemar nega que tenha vetado a indicação. 

‘Perseguição’ e temor de prisão 

Na postagem que fez no Instagram, Eduardo Bolsonaro disse que, durante a licença, vai “focar em buscar as justas punições a Alexandre de Moraes e a sua gestapo da Polícia Federal“. 

O parlamentar disse que teme ser preso por ordem do STF e não informou por quanto tempo pretende morar nos EUA. 

“Não irei me acovardar, não irei me submeter ao regime de exceção e aos seus truques sujos. Da mesma forma que assumi o mandato parlamentar para representar minha nação, eu abdico temporariamente dele, para seguir representando esses irmãos de pátria que me incumbiram dessa nobre missão. Irei me licenciar, sem remuneração para que possa me dedicar integralmente e buscar as devidas sanções aos violadores de direitos humanos”, afirmou o parlamentar. 

*Com informações do g1