Governador intensifica críticas ao presidente após divulgação de pesquisa que mostrou que maioria da população apoia a quarentena.
SÃO PAULO – Com críticas mais duras ao presidente Jair Bolsonaro, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou nesta segunda-feira a prorrogação da quarentena contra o novo coronavírus para todos os municípios do estado até o dia 22 de abril. Ele justificou a medida dizendo que o governo paulista escolheu preservar vidas e depois recuperar a economia.
Doria usou expressões como “torpe” e “medíocre” ao se dirigir a defensores do fim das restrições de mobilidade e do distanciamento social. A elevação de tom por parte do governador acontece no mesmo dia em que o Instituto Datafolha mostrou que a maioria da população (76%) apoia a quarentena.
– Vocês estão preparados para assinar atestados de óbito e carregar os caixões das vitimas do coronavírus? Vão enterrar a vítimas? – afirmou o governador.
O estado de São Paulo está sob o regime de restrição e distanciamento social desde o fim de março. O decreto editado na ocasião pelo governador havia dado como prazo da quarentena esta terça-feira (dia 7). Ele será renovado agora para vigorar até 22 de abril.
– O governo do estado vai continuar agindo com base na ciência e na medicina e no princípio que tem norteado todos nós do governo e da prefeitura da capital: vamos proteger vidas. Depois vamos salvar economia.
Doria voltou a confrontar Bolsonaro e o posicionamento do presidente em defesa de afrouxamento das medidas de restrição de mobilidade.
– No Brasil quero lembrar que defendem o isolamento os ministros da Saúde, da Justiça e da Economia, o vice-presidente da República e a maioria absoluta de médicos e cientistas. Será que todos eles estão errados? Será que a ciência e a Organização Mundial de Saúde estão erradas? Um único presidente da República no mundo está certo e detém o conhecimento para discordar do mundo que quer proteger vidas? – disse.