Donald Trump vence Kamala Harris e é eleito o 47º presidente dos EUA

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Donald Trump faz discurso da vitória em 6 de novembro de 2024 — Foto: Brian Snyder/Reuters

Ex-presidente voltará à Casa Branca após perder a eleição de 2020, para Biden, segundo projeções das agencias americanas; pela primeira vez, Trump deverá ser o candidato presencial mais votado.


Com 276 delegados vencidos até a manhã desta quarta-feira (6.nov), Donald Trump voltará à Casa Branca após perder a eleição de 2020. O ex-presidente bateu Kamala Harris e se tornará o 47º presidente dos Estados Unidos após uma eleição repleta de surpresas e momentos tensos, que teve os dois candidatos empatados nas pesquisas até o último momento.

O republicano ultrapassou a marca dos 270 delegados eleitorais conquistados, o que já formaliza um candidato como novo presidente norte-americano. Também deverá ser a primeira vez que Trump conquista a eleição majoritária, ou seja, a maioria dos votos na eleição.

Em 2016, embora tenha conquistado 307 delegados eleitorais, Trump teve menos votos totais que a democrata Hillary Clinton. Já em 2020, Joe Biden conquistou a maioria dos delegados – com 306 – e a maioria dos votos totais. Até o momento, Trump encontra-se com cinco milhões de votos a mais que sua adversária, Kamala Harris.

Trump se torna o primeiro presidente americano desde Grover Cleveland a retornar ao cargo para um segundo termo não consecutivo após perder a reeleição – Cleveland deixou a presidência em 1889 e mais tarde voltou em 1893.

Entretanto, o presidente eleito não poderia se candidatar em 2028, uma vez que a Constituição americana barra que uma mesma pessoa exerça mais de dois mandatos como presidente, sejam consecutivos ou não.

Quando Donald Trump irá assumir?

Agora eleito, Donald Trump vai voltar à Casa Branca pela segunda vez no dia 20 de janeiro de 2025, 12h no horário local em Washington D.C, 14h no horário de Brasília.

O Republicano será o presidente mais velho a assumir o poder nos Estados Unidos. Ele voltará ao comando com 78 anos e 7 meses de idade.

Em seu discurso da vitória, feito antes mesmo das projeções sacramentarem sua volta à Casa Branca, ex-presidente prometeu “ajudar a curar” o país “consertando as fronteiras”, indicando um possível endurecimento à questão da imigração no país. “Foi o maior movimento político de todos os tempos, e agora vamos ajudar o país a se curar. O país precisa de ajuda”, disse.

Campanha turbulenta

A corrida à presidência dos Estados Unidos chega ao fim após uma trajetória das mais tensas na história recente.

Durante boa parte de ano, Joe Biden apareceu atrás de Donald Trump nas pesquisas de intenção de votos. O presidente norte-americano lidava ainda com diversos comentários sobre sua idade e se teria vigor ou mesmo condições cognitivas de permanecer no cargo por mais quatro anos.

Biden então decidiu desafiar Trump para um debate em junho, bem mais cedo que normalmente acontecem esses confrontos na eleição norte-americana. O Republicano aceitou e o Democrata saiu extremamente enfraquecido do embate.

O presidente dos EUA se mostrou cansado, soltou frases desconexas e pareceu estar perdido em diversos momentos. O consenso dos analistas é que ele havia perdido a condição de seguir candidato. Trump começou a subir mais nas pesquisas.

Editoriais de jornais e muitos membros do próprio partido Democrata pediram que Biden desistisse da candidatura. Em um texto que virou notícia em todo mundo, o maior jornal do país, o “The New York Times”, pediu que o presidente pensasse no bem da nação e abrisse espaço para uma nova liderança ao partido.

Líderes do partido democrata, como a ex-presidente da câmara, Nancy Pelosi, atuaram nos bastidores para pressionar que o presidente abandonasse a campanha. Em entrevista para uma emissora de TV americana, Nancy não apoiou Biden explicitamente e disse que “cabia a ele” decidir o que fazer. Diversas lideranças do partido no congresso fizeram apelos públicos para que Biden desistisse. Ele resistiu

Porém, o processo não arrefeceu e cada gafe do presidente passou a chamar cada vez mais atenção – ele chamou Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, de [Vladimir] Putin, que é o presidente da Rússia, que está em guerra com a Ucrânia.

Em julho, durante um comício na Pensilvânia, Trump sofreu uma tentativa de assassinato, que produziu uma das fotos mais marcantes da campanha: Trump com a orelha sangrando e o punho cerrado levantado para o céu.

No dia 21 de julho, Biden anunciou que havia desistido de se candidatar à reeleição e que estava endossando sua vice, Kamala Harris, como candidata do partido Democrata.

Kamala rapidamente uniu o partido em torno de sua candidatura e muitos que eram vistos como possíveis candidatos declararam rapidamente apoio a ela. A campanha da vice-presidente começou a trabalhar rapidamente e ela escolheu o governador do Minnesota, Tim Walz, como seu candidato a vice.

Em setembro, Kamala e Trump debateram pela única vez, em um confronto no qual a Democrata foi considerada vitoriosa.

A trajetória da campanha foi marcada por diversas acusações, xingamentos e desinformação. Em um dos casos mais emblemáticos, Donald Trump espalhou que imigrantes haitianos estariam comendo pets de morados da cidade de Springfield, no estado de Ohio. Pouco depois, o município foi alvo de ameaças de bombas devido ao rumor.

Em setembro, um homem foi preso com um rifle nas proximidades do clube de golfe ne Trump na Flórida, um caso que foi investigado como uma segunda tentativa de assassinato.

O cenário caótico seguiu até o fim. Nos últimos dias de campanha, Trump realizou um comício no Madison Square Garden, em Nova York, que foi marcado por comentários racistas e preconceituosos, sobretudo em relação à ilha de Porto Rico, descrito por um humorista que participou do evento como “uma ilha de lixo”.

Quem é Donald Trump

Nascido no bairro do Queens, em Nova York, Donald Trump tem 78 anos e é a segunda pessoa mais velha a concorrer ao cargo de presidente – perdendo apenas para Joe Biden.

Filho de uma família afluente, ele estudou economia na Universidade da Pensilvânia. Em 1968, o pai dele o nomeou para assumir os negócios da família, que foram batizados de Trump Organization. Sobre seu comando, a companhia passou a construir prédios, hotéis, casinos e campos de golfe. Ao longo da carreira, Trump teve alguns sucessos e outros fracassos financeiros, incluindo algumas falências.

De 2004 a 2015, ele apresentou o popular reality show “O Aprendiz”, que chegou a ter uma versão brasileira na Band.

Trump foi filiado ao partido Democrata, mas o deixou em 2009. O empresário entrou em conflito com o ex-presidente Barack Obama e chegou a inventar a mentira de que o político não havia nascido nos Estados Unidos, e, portanto, não teria direito de exercer a presidência.

Em 2016, Trump venceu as primárias do partido Republicano e se tornou o candidato à presidência. Mais tarde, ele venceu a disputa contra Hillary Clinton e se tornou o 45º presidente.

Sua presidência foi marcada por políticas como cortes de impostos para empresas e o banimento do direito de cidadãos de países de maioria muçulmana de viajarem aos Estados Unidos.

Em 2020, ele perdeu a reeleição para Joe Biden, mas se recusou a aceitar a derrota e buscou maneiras de reverter o resultado. No dia 6 de janeiro de 2021, após um discurso inflamatório do ex-presidente, uma multidão de apoiadores de Donald Trump invadiu o Congresso no dia da certificação dos resultados eleitorais.

Mais tarde, foram iniciadas investigações e muitos dos invasores foram processados e condenados. Trump também foi incluído em processos por fomentar uma insurreição contra a nação, que acabaram não andando antes da eleição.

Porém, um processo diferente foi concluído antes do pleito. Trump foi processado pela promotoria de Nova York por pagar dinheiro a uma estrela pornô, para que ela escondesse um caso que os dois tiveram e não atrapalhasse a campanha dele à presidência em 2016. Ele foi condenado por fraude foi considerado culpado por 34 acusações.

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