O Brasil ocupa o quarto lugar no ranking dos países com mais diabéticos no mundo. São 12,5 milhões de cidadãos convivendo com a doença, praticamente uma cidade de São Paulo. Em meio a esse contingente, estima-se que 40% das pessoas com a condição não saibam do seu diagnóstico. E menos de 30% dos pacientes em geral estejam com a glicemia controlada.
No dia 14 deste mês, é comemorado o Dia Mundial de Diabetes. O SanSaúde conversou com a médica endocrinologista, Dra. Ana Paula Brilhante, para saber mais detalhes da doença. “Diabetes Mellitus é caracterizado pela elevação da glicose no sangue (hiperglicemia). Pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas, pelas chamadas células beta. A função principal da insulina é promover a entrada de glicose para as células do organismo de forma que ela possa ser aproveitada para as diversas atividades celulares. Sem ela, há acúmulo de glicose no sangue, o que chamamos de hiperglicemia”, explicou.
Diversas condições podem levar ao Diabetes, porém a grande maioria dos casos está dividida em dois grupos: Tipos 1 e 2. “O primeiro é resultado da destruição das células beta pancreáticas por um processo imunológico, ou seja, pela formação de anticorpos pelo próprio organismo, levando a deficiência de insulina. Em geral, costuma acometer crianças e adultos jovens, mas pode ser desencadeado em qualquer faixa etária e a instalação do quadro geralmente é rápida. Já a segunda corresponde a 90% dos pacientes diabéticos. A insulina é produzida pelas células beta pancreáticas, porém, sua ação está dificultada, caracterizando um quadro de resistência. Isso vai levar a um maior aumento da produção para tentar manter a glicose em níveis normais. Quando isso não é mais possível, surge a doença”, disse.
Ao contrário do Diabetes Tipo 1, há geralmente associação com aumento de peso e obesidade, acometendo principalmente adultos a partir dos 50 anos. Contudo, observa-se, cada vez mais, o desenvolvimento do quadro em adultos jovens e até crianças. Isso se deve, principalmente, pelo aumento do consumo de gorduras e carboidratos aliados à falta de atividade física.
Diabetes Gestacional
Aparece geralmente após a 20º semana de gestação. Pode ser transitória ou não e, ao término da gravidez, a paciente deve ser investigada e acompanhada, pois 50% destas mulheres desenvolverão a doença futuramente.
Sintomas
A médica destacou os principais sintomas: fome frequente, muita sede, vontade de urinar diversas vezes ao dia, perda de peso, fraqueza, fadiga, infecções frequentes na bexiga, rins, pele, feridas que demoram para cicatrizar e visão embaçada.
Fatores de risco
Além dos fatores genéticos e a ausência de hábitos saudáveis, existem outros que podem contribuir para o seu desenvolvimento:
- Diagnóstico de pré-diabetes;
- Pressão alta;
- Colesterol alto ou alterações na taxa de triglicérides no sangue;
- Sobrepeso, principalmente se a gordura estiver concentrada em volta da cintura;
- Pais, irmãos ou parentes próximos com Diabetes;
- Doenças renais crônicas;
- Diabetes gestacional;
- Síndrome de ovários policísticos;
- Uso de medicamentos da classe dos glicocorticoides.
Prevenção
Dra. Ana Paula destacou que Diabetes tipo 2 está associado com hábitos de vida. “A melhor forma de preveni-lo é o consumo de alimento saudáveis, prática de exercícios físicos e controle do peso”, disse.
No tipo 1, não há prevenção, já que se trata de uma doença autoimune. “Porém, alguns hábitos saudáveis podem ajudar a prevenir as complicações associadas à doença”, complementou.
Diabetes mata?
A médica ressaltou que pacientes com Diabetes descompensado tem risco maior de apresentar acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio, retinopatia, nefropatia e neuropatia. “Isso reforça a necessidade de um diagnóstico precoce e um acompanhamento frequente, que permita evitar tais complicações”, finalizou.