Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% das mortes por doenças cardiovasculares poderiam ser evitadas com mudanças de hábitos e medidas preventivas.
Quatrocentas mil mortes por ano. É como se a população inteira de uma grande cidade brasileira morresse por ano. Este é o total de pessoas que morrem por doenças cardiovasculares no Brasil anualmente, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia. Este triste número justifica a importância desta sexta-feira, 29, Dia Mundial do Coração como oportunidade para as pessoas se conscientizarem e se prevenirem.
Com atitudes, muitas simples, no dia a dia, as pessoas têm como evitar problemas cardíacos, ressalta o cardiologista Eduardo Palmegiani, do Instituto de Moléstias Cardiovasculares – IMC, de Rio Preto. “As pessoas precisam ter ciência dos fatores de risco, como tabagismo, diabetes, colesterol, hipertensão, sedentarismo e obesidade, e buscarem evitá-los ou controlá-los. Fundamental para isso é a consulta periódica, ao menos uma vez por ano em alguns casos, com o cardiologista”, afirma Dr. Eduardo Palmegiani.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% das mortes por doenças cardiovasculares poderiam ser evitadas com mudanças de hábitos e medidas preventivas.
A preocupação do cardiologista do IMC procede, sobretudo diante do fato que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil. São mais de 1.100 mortes por dia, 46 por hora, 1 morte a cada 1 minuto e meio, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia. As doenças cardiovasculares causam o dobro de mortes que aquelas devidas a todos os tipos de câncer juntos, três vezes mais que todas as causas externas (acidentes e violência), três vezes mais que as doenças respiratórias e seis vezes mais que todas as infecções.
Entre as causas nefastas ao coração mais conhecidas estão a hipertensão e o infarto, porém Dr. Eduardo Palmegiani chama a atenção para outra que afeta milhares de brasileiros: a arritmia cardíaca.
Ela é a principal causa das chamadas “mortes súbitas”, que acometem 300 mil pessoas no país por ano. O cardiologista do IMC explica que muitas arritmias são adquiridas com o tempo e são secundárias ou facilitadas por doenças pré-existentes como hipertensão arterial, diabetes, infartos etc.
A arritmia é um termo genérico e abrangente que engloba qualquer tipo de variação anormal do ritmo cardíaco. Algumas delas são tão frequentes a ponto de acometer uma em cada quatro pessoas ao longo da vida. Ela pode ser secundária a problemas cardíacos prévios como infarto, insuficiência cardíaca e doenças congênitas cardíacas. Também pode ser decorrente de alterações elétricas primárias do coração, algumas vezes de origens genéticas e outras que não apresentam causas específicas ficas, sendo chamadas de idiopáticas.
Basicamente, há dois tipos: as bradiarritmias, que provocam o alentecimento dos batimentos cardíacos, e as taquiarritmias, que aceleram os batimentos cardíacos de forma anormal.
“O quadro clínico das arritmias pode variar muito, desde formas assintomáticas até causarem morte súbita como sua primeira manifestação. Normalmente os sintomas mais frequentes relacionados às arritmias são palpitações, cansaço, tonturas, ameaça de desmaios e desmaios, os quais apresentam maior gravidade”, explica o cardiologista do IMC.
Dr. Eduardo Palmegiani orienta a pessoa que apresentar sintomas de arritmia cardíaca a procurar imediatamente o cardiologista, que fará uma avaliação clínica detalhada e confirmada com exames, entre os quais, o principal é o eletrocardiograma. Entretanto, exames como holter, teste de esforço e até mais invasivos, como o estudo eletrofisiológico, contribuem muito para o diagnóstico. Nos pacientes assintomáticos, as arritmias podem ser diagnosticadas nas avaliações e exames de rotina e com métodos diagnósticos de longa duração como o gravador de eventos implantáveis, que monitora o ritmo cardíaco por períodos de até três anos, gravando a ocorrência de arritmias graves.
O IMC é o centro de referência na região noroeste do Estado no diagnóstico e tratamento de problemas cardiovasculares, dentre os quais, as arritmias cardíacas. “O tratamento pode variar muito, podendo envolver remédios, mudanças de hábitos de vida, ablação por cateter, marcapassos, desfibriladores etc”, diz o cardiologista.
No instituto, há médicos especialistas em realizar a ablação, procedimento indicado para eliminar algumas arritmias e que consiste no mapeamento elétrico do coração realizado por cateteres introduzidos pelas vasos sanguíneos e que permitem a identificação e eliminação do circuito ou foco da arritmia), implante de dispositivos como marcapasso (nos casos de coração muito lento) e desfibrilador (para prevenção de morte súbita em pacientes com alto risco de arritmias malignas).