Havia uma vez uma sala de aula que mais parecia um campo de batalha. Cada dia era uma nova investida contra a apatia, o desinteresse e até mesmo a descrença. Mas ali, entre as carteiras e os livros, havia um professor que não desistia. Um professor que enxergava além dos problemas imediatos, além das dificuldades e dos desafios que pareciam insuperáveis.
Para ele, o que realmente importava não era o que os outros diziam sobre sua profissão. Não eram os olhares desdenhosos dos que não entendiam a complexidade de educar. O que realmente importava eram os pequenos milagres que aconteciam a cada dia, sob seu olhar atento e sua orientação firme.
Lembro-me bem daquela manhã ensolarada em que ele nos contou uma história de superação. Era sobre um menino que mal conseguia decifrar as letras no início do ano. Ele lutava, se esforçava, mas parecia que as palavras estavam sempre um passo à frente dele. O professor não desanimou. Com paciência, trouxe livros diferentes, explorou métodos diversos, encontrou a chave que se encaixava perfeitamente na fechadura daquela mente inquieta. E então, um dia, como num verdadeiro milagre, aquele menino que não sabia ler se tornou um leitor. Seus olhos brilhavam ao contar sobre as histórias que lia, ao descobrir novos mundos entre páginas dos livros que pegava.
Nesta mesma sala também havia um garoto que detestava matemática. Os números eram seus inimigos declarados, os problemas pareciam obstáculos intransponíveis. Mas o professor não desistiu. Usou jogos, desafios, aplicou a matemática no contexto do dia a dia, mostrou como ela estava presente em tudo ao nosso redor. E, aos poucos, aquele que odiava números se transformou em um estudante assíduo, resolvendo as operações com facilidade, entendendo os segredos das fórmulas como se fossem parte de um grande quebra-cabeça.
Essas eram as vitórias que ninguém poderia tirar dele. Eram os momentos de triunfo silencioso, onde o mundo inteiro poderia não entender, mas ele sabia. Sabia que cada esforço, cada noite sem dormir pensando em como ajudar um aluno, valia a pena. Porque ser professor não era apenas uma profissão. Era uma filosofia de vida, um compromisso sagrado de formar cidadãos, de inspirar sonhos, de transformar vidas.
E aqueles que não entendiam, que pensavam que ensinar era apenas passar conteúdo, não abalavam aquele professor. Porque ele sabia o que fazia e fazia com amor, com dedicação, com a certeza de que estava construindo não apenas uma criança melhor, mas um cidadão comprometido em mudar o mundo.
Toda essa história foi para mostrar que mesmo com o turbilhão diário das salas de aula, os desafios vão muito além de transmitir o que os livros didáticos exigem. Nosso papel na vida dos alunos é como o de um farol em um mar de incertezas e mudanças. Somos não apenas educadores, mas exemplos de conduta, confidentes e até, às vezes, figuras paternas ou maternas para aqueles que talvez sejam “órfãos de pais vivos”.
Já observou o comportamento de seus alunos quando você entra na sala? Tem aqueles que já estão bocejando, outros brincando com o lápis e aqueles que parecem ter saído da cama do lado errado. É fácil se sentir desanimado, afinal, estamos lidando com vidas em formação, e cada uma delas tem sua própria história, seus próprios desafios. E como professores não podemos simplesmente desistir e jogar a toalha, mesmo que em muitas situações esse pensamento passe em nossas mentes. Mas é nessas horas que nosso papel de educador vai além da simples transmissão de conhecimento.
Nossa profissão é difícil pelos desafios que enfrentamos, por exemplo, quem nunca teve que enfrentar a falta de reconhecimento. Quantas vezes ouvimos “ah, professor é moleza, não trabalha, só dá aulas, só trabalha meio período”? Se eles soubessem das noites que passamos corrigindo provas, preparando aulas e preocupados com cada aluno que parece estar perdido. A solução? Educação. Explicar para a comunidade, para os pais, para todos, o que realmente fazemos. Abrir as portas da escola, convidar para participar das reuniões, mostrar que somos parceiros na educação de seus filhos.
E se formos falar sobre valorização, ou melhor, a falta dela. Sinto que às vezes parece que os governantes esqueceram que sem educação de qualidade não há futuro para um país. E como resolver? Lutar. Não abaixar a cabeça diante de salários baixos, de condições precárias. União faz a força, colegas! Sindicatos, movimentos sociais, todos juntos pela valorização da educação e dos educadores, precisamos mostrar nosso valor.
Agora o que mexe profundamente comigo é a desmotivação dos próprios alunos. A era digital trouxe maravilhas, mas também desafios enormes. Como competir com telas que piscam, com jogos que gritam, com conteúdo que aparecem sem a menor didática? Inovação, essa acredito ser a melhor resposta para este desafio. Tecnologia é aliada, não inimiga, então temos que aprender a usar a nosso favor. Vídeos, podcasts, plataformas interativas. Fazer da aula um show de aprendizado, algo que os alunos aguardem ansiosos.
Mas o que realmente importa é o impacto que temos na vida de cada um desses jovens. Ver aquele aluno que não sabia ler se tornar um leitor voraz. Aquele que não gostava de matemática se tornar um craque nos números, as vitórias que ninguém pode tirar de nós. É isso que nos faz continuar, mesmo nos dias difíceis.
Então, amigos, colegas de profissão, vamos juntos. Vamos mostrar para o mundo que ser professor é muito mais do que uma profissão. É uma filosofia de vida, é o compromisso de formar cidadãos, de inspirar sonhos, de transformar vidas. E quem não entende isso, que vá encher a paciência de outro. Nós sabemos o que fazemos. E fazemos com amor, com dedicação, com a certeza de que estamos construindo uma criança melhor e um cidadão comprometido em mudar o mundo.
Nosso propósito é continuar lutando contra as estatísticas, contra as críticas vazias, contra as dificuldades que surgem a cada dia. Vamos mostrar para o mundo que ser professor é muito mais do que um trabalho. É um compromisso com o mundo. É o alicerce sobre o qual se ergue o futuro da nossa sociedade. Inspiremos uns aos outros, compartilhar nossas histórias de sucesso, aprender com nossos erros e renovar nossa energia a cada desafio que se apresentar.
Porque, no final do dia, não são os diplomas pendurados na parede que definem nosso sucesso como educadores. São os sorrisos dos alunos quando finalmente entendem algo que antes parecia impossível. São os abraços apertados de agradecimento, são as cartinhas rabiscadas com desenhos tortos que dizem “obrigado por me ensinar”. Essas são as verdadeiras recompensas do nosso trabalho árduo e da nossa dedicação sem limites.
Então, avante, professores! Que cada amanhecer nos traga a oportunidade de fazer a diferença. Que cada desafio nos fortaleça e nos lembre do poder que temos em nossas mãos: o poder de moldar mentes, de abrir horizontes, de transformar o presente e construir um futuro brilhante para todos.
*Alberto Martins Cesário, professor e escritor