Covid 19 x Desemprego

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Os mais afetados pela falta de emprego são os trabalhadores informais — aqueles sem carteira assinada ou empreendedores sem registro. Quase metade dos trabalhadores do país se veem hoje na berlinda com a quarentena necessária que vem sendo implementada em diversas cidades do país. E o pior: sem data para acabar!

Por Andrea Anciaes

 

 

Jovens nascidos nos anos 2000 têm dificuldades para arranjar trabalho.

 

O mercado de trabalho no Brasil tem se deteriorado, principalmente por causa da pandemia do coronavirus (COVID-19), tendo ocorrido grandes dispensas de trabalhadores, principalmente em setores da administração pública (municípios), seguridade social, educação, saúde e serviços sociais e, ante o estado recessivo da economia brasileira, quiçá a mundial, não temos condições, ainda, de prever o que ocorrerá nos próximos meses, mas os resultados serão, com certeza, desastrosos, pouco animadores, sem que com isso apresentemos quadro dantesco ou, por que não dizer, catastrófico.

Economistas vem tentando, nas últimas semanas, calcular os impactos econômicos do novo coronavírus. As perspectivas para o crescimento global estão sendo revistas para baixo e o Brasil, que mal saiu da última recessão, está ameaçado de mergulhar novamente no campo negativamente desanimador.

Os mais afetados pela falta de emprego são os trabalhadores informais — aqueles sem carteira assinada ou empreendedores sem registro. Quase metade dos trabalhadores do país se veem hoje na berlinda com a quarentena necessária que vem sendo implementada em diversas cidades do país. E o pior: sem data para acabar!

O cenário pessimista leva em consideração a evolução da curva de infectados pelo novo coronavírus no Brasil de forma mais extrema e avassaladora. A perda de esperança é imensa, principalmente para  aquelas pessoas que não buscaram trabalho nos últimos meses por terem “desistido” após muito procurar. A maioria dessas pessoas não vão sair para buscar emprego nesse período, então e com isso o desalento se torna óbvio lamentavelmente. Vivemos hoje a maior taxa de desemprego no país desde a Segunda Guerra Mundial, em meio à onda de demissões provocadas pela paralisação das atividades para conter a pandemia da Covid-19.

A posição defendida pelo presidente Jair Bolsonaro nos últimos meses, de que as pessoas voltem a circular em meio à grave pandemia do novo coronavírus, vai contra todas as orientações da OMS (Organização Mundial de Saúde), de cientistas e epidemiologistas e de outras lideranças pelo mundo.

A questão é o que o governo pode fazer a partir desse panorama de desespero no país? Medidas anunciadas nos últimos dias de apoio a pequenas e médias empresas e a trabalhadores informais são consideradas positivas, mas ainda totalmente insuficientes.

Colapso provocado pelo coronavírus pode levar total de desempregados à milhões

Equilíbrio é o que empresas e trabalhadores esperam, mas chegar a esse ponto ainda vai levar alguns meses e, potencialmente, deixar um rastro de demissões em massa pelo caminho.

Os impactos da estratégia de distanciamento social, ao contrário do que pensaram inicialmente muitos governos com a perspectiva de preservar suas economias, poderá ser mais positivo na recuperação econômica de longo prazo (além de trazer menos mortes associadas) do que as estratégias de não realizar o isolamento social. Existe atualmente um grande consenso técnico de que no atual estágio de crescimento da pandemia e falta de medidas para sua contenção, como vacinas, o isolamento social é a melhor solução de curto prazo para evitar o crescimento vertiginoso da curva pandêmica. Vale ressaltar o quanto é necessário muito trabalho e um grande esforço de planejamento e políticas públicas durante o período de isolamento social.

O coronavírus virou de cabeça para baixo o quadro que se esperava para o mercado de trabalho.

Na verdade, estamos em plena guerra/conflito, tendo como grande inimiga a pandemia gerada pela COVID-19 e, ante o quadro desesperador para a economia nacional, com recessão e recuo do PIB, tornasse imprescindível que dirigentes públicos, quer do executivo e legislativo, tenham a sensibilidade necessária para adoção de medidas que possam assegurar  tranquilidade à massa trabalhadora brasileira para, consequentemente, evitarmos a catástrofe anunciada e esperada e, afinal, vencermos: pela ciência, o coronavírus; e pela economia, o grande flagelo que o desemprego provoca.