Aproximadamente 150 pessoas já foram ouvidas.
Há aproximadamente 7 meses supostos casos de ‘fura-fila’ na vacinação contra Covid-19 viraram assunto número 1 em Votuporanga/SP, era o início da imunização mais abrangente, em um período marcado ainda pela oferta pequena de doses.
Na semana de 20 de março, rumores de supostas irregularidades na vacinação surgiram nas redes sociais, e giravam em torno de uma lista contendo aproximadamente 140 nomes de pessoas que supostamente haviam sido imunizadas indevidamente; no mesmo período, um vídeo de uma técnica de enfermagem fingindo aplicar a vacina em um idoso viralizou – ela acabaria demitida; o ex-vereador Hery Kattwinkel conseguiu na Justiça a liberação da divulgação da lista com os nomes, idades, vacina, grupo, dos moradores que foram imunizados contra a doença no site da Prefeitura.
A época, município determinou instauração de sindicância para apurar denúncias; à Câmara Municipal chegou apreciar requerimento do vereador Renato Abdala (Patriota) para instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Casa Legislativa, que acabou arquivado após retirada de assinaturas.
Já a Polícia Civil abriu inquérito para investigar o caso, em virtude de um ofício do prefeito Jorge Seba (PSDB) e de requerimento de Hery Katwinkell. Inicialmente, o delegado de Polícia, Delegado Marco Aurélio da Silva Tirapelli, conduziu as investigações que posteriormente, devido procedimento normativo acabou passado para à Delegacia Seccional de Polícia, sob comando do Delegado Márcio Nobuyoshi Nosse.
De lá para cá, segundo Nosse, com exclusividade ao Diário, um trabalho conjunto com outras delegacias têm possibilitado ouvir todos aqueles que faz necessário: “O inquérito está em tramitação. Algumas pessoas estão sendo ouvidas por carta precatória, no caso desses, é que como são de outras cidades, são as referidas delegacias que fazem as audiências, mas essas também são poucas; iremos ouvir todos. Diria que essa parte de inicial de ouvir pessoas caminha para o final”, pontuou.
O delegado continuou explicando que o inquérito segue já ouviu aproximadamente 150 pessoas: “Vamos ouvir todos. Depois, vou pedir explicações a secretaria do município, à qual já vislumbro a necessidade de alguns esclarecimentos a respeito; porém, ainda não posso comentar sobre, prefiro fechar essa fase de investigação primeiro.”
Questionado sobre prazo para conclusão das investigações, Nosse explicou que tem contado com à boa disposição do Judiciário ao ter seu trabalho acompanhado: “Se eu tivesse pessoas presas, eu teria prazos, pois estaria restringindo a liberdade, pois isso fere a Constituição Federal no que tange; obviamente que presto contas ao Poder Judiciário e ao Ministério Público e, nesse inquérito em específico, o Juiz tem me dado 60 dias de prazo a cada pedido, por certo que ele deve ler o inquérito e entender o que foi feito, assim como o Promotor; logo, conhecedores, sabem do tanto que ainda precisa ser feito para se chegar à uma solução para esse caso”.
O responsável pela investigação ainda explicou que identificou o que classificou como ‘falta de enquadramento’ em alguns casos, e que em caso de ilegalidades busca responsabilização: “Essa questão do fura-fila é o seguinte, o cara furou fila porquê? Por que alguém foi lá e autorizou esse cara a se vacinar. O cara não vai lá e sai vacinado e pronto, aleatoriamente, ora. Tem alguns casos em que eu não encontrei enquadramento. Tem um médico que foi vacinado lá na primeira semana, em 7/2, o médico é profissional da saúde, tenho muitos casos assim; porém, tenho outros que pertencem a uma empresa X, outros são administrativos e quero saber o porquê tiveram o direito de se vacinar e se enquadrar naquela situação excepcional. Esses são alguns questionamentos que farei a partir do momento que tiver todos os efetivamente ouvidos”, finalizou Nosse.