Corte de datas dos estaduais amplia desgaste entre CBF e Federação Paulista 

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Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da FPF; Samir Xaud atual presidente da CBF — Foto: Raul Baretta/Santos FC; Rafael Ribeiro/CBF

Presidente da entidade de São Paulo tentou concorrer com Samir Xaud em eleição, mas teve chapa inviabilizada; torneio local é considerado rentável pelos clubes.


A intenção da nova gestão da CBF de cortar o número de datas dos campeonatos estaduais ampliou o desgaste entre a entidade e a Federação Paulista de Futebol.

Logo após ser eleito presidente da CBF, Samir Xaud anunciou o plano de que os torneios tenham, no máximo, 11 datas a partir de 2026 – contra as 16 atuais.

O corte de cerca de 30% das datas é visto em São Paulo como um recado direto a Reinaldo Carneiro Bastos, dirigente que tentou concorrer com Xaud na eleição da CBF, mas não conseguiu reunir os apoios necessários para registrar uma chapa – entre as 27 federações, só a paulista não mandou representante para o pleito de domingo.

O Campeonato Paulista é considerado um torneio rentável pela federação e pelos clubes – até por isso, tem utilizado todas as datas disponibilizadas pela CBF.

Neste ano, a Federação Paulista brigou para que a CBF e a Conmebol adequassem rodadas do Brasileiro, da Libertadores e da Sul-Americana para que Corinthians e Palmeiras tivessem os jogadores que tinham sido convocados durante Data Fifa na segunda partida da final do Paulista, vencido pelos alvinegros.

Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo recebem R$ 44 milhões de cota por participação na competição – como comparação, é preciso chegar à final da Copa do Brasil, competição conhecida pela alta premiação, para igualar esse valor.

Para os outros clubes, as cotas variam de R$ 8 milhões a R$ 13 milhões.

Em 2025, o Paulista bateu seu recorde de público – média de 12.398 pagantes por partida, 46% a mais do que o Carioca. A arrecadação por jogo foi de quase R$ 845 mil, contra R$ 563 mil do estadual do Rio. Campeão, o Corinthians arrecadou R$ 25 milhões com a venda de ingressos no campeonato. 

No domingo da eleição, além de Reinaldo, sete dos nove clubes paulistas com direito a voto boicotaram o pleito – Bragantino, Corinthians, Mirassol e São Paulo, da Série A, e Novorizontino, Ferroviária e Botafogo-SP, da Série B. Apenas Santos e Palmeiras enviaram representantes, mas só o segundo apoiou abertamente a candidatura de Xaud. 

Recém-empossado na CBF, o novo presidente tem dito que a adequação do calendário será uma prioridade no início de gestão. 

Neste ano, por exemplo, em razão da pausa que será feita durante a Copa do Mundo de Clubes, os estaduais começaram mais cedo do que o normal, enquanto o Brasileirão está previsto para terminar em 21 de dezembro. 

Por isso, Xaud defende a diminuição dos estaduais já no ano que vem, quando novamente o futebol nacional será paralisado entre junho e julho para a disputa da Copa do Mundo. 

“Uma das primeiras mudanças é a redução de datas do estaduais. Estamos projetando fazer com 11 datas a partir do ano que vem. É uma singela demonstração de que nós queremos mesmo que mude. Nós começaremos com o pé direito”, disse o presidente da CBF logo após a eleição. 

“Já estamos conversando com os presidentes (das federações estaduais) sobre as datas. Não acredito que teremos problemas. Os Estaduais agora terão que se adequar às normas da CBF”, completou o dirigente.