País ficou abaixo da média global, da média regional das Américas e da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no levantamento da Transparência Internacional.
O Brasil caiu 10 posições no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2023, primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de acordo com ranking divulgado nesta terça-feira (30.jan) pela ONG Transparência Internacional.
Entre 180 países analisados, o Brasil ocupa o 104º lugar, com a nota 36, dois pontos a menos que no ano anterior – a média global é de 43. O Brasil tem uma avaliação semelhante à de países como Ucrânia, Sérvia e Argélia e pior que de nações como Índia, Vietnã, Marrocos e Belarus.
“Os anos de Jair Bolsonaro na Presidência da República deixaram a lição de como, em poucos anos, podem ser desmontados os marcos legais e institucionais anticorrupção que o país levou décadas para construir. O primeiro ano do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência deixa a lição de como é (e ainda será) desafiadora a reconstrução”, aponta a Transparência Internacional.
De acordo com a organização, “o pilar de controle jurídico continua em situação crítica, negligenciado principalmente no resgate da independência do sistema de Justiça”.
“A nomeação do advogado pessoal do presidente [Cristiano Zanin] para a primeira vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) foi na direção contrária da restauração da imagem de imparcialidade do principal tribunal brasileiro, atraindo vastas críticas que repercutiram inclusive internacionalmente”, diz o documento.
Segundo a Transparência, os pontos negativos do governo Lula foram a nomeação de Cristiano Zanin, ex-advogado do presidente, como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e a opção do petista por ignorar a lista tríplice proposta pelos procuradores para escolher o novo chefe da Procuradoria-Geral da República, Paulo Gonet.
Lula “preferiu repetir o método de escolha política de Bolsonaro, cujos efeitos desastrosos ainda são sentidos”, disse a ONG, acrescentando que o país “vem falhando” na reconstrução de mecanismos de controle jurídico e político da corrupção.
Dinamarca lidera ranking e Somália tem pior desempenho
Com 90 pontos, a Dinamarca aparece como o país mais bem classificado na edição de 2023 do relatório. Em sequência, vêm Nova Zelândia (85 pontos), Noruega (84 pontos) e Cingapura (83 pontos).
Os países que obtiveram as piores avaliações foram a Somália (11 pontos), a Venezuela, a Síria e o Sudão do Sul (os três com 13 pontos) e o Iêmen (16 pontos).
O Índice de Percepção da Corrupção, divulgado anualmente pelo secretariado da Transparência Internacional, sediado em Berlim, é a mais longeva e abrangente avaliação da percepção da corrupção no setor público no mundo.