Correios anunciam o fechamento da agência do Pozzobon 

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Correios anunciam o fechamento da agência do Pozzobon – Foto: Reprodução

Apesar dos apelos de vereadores pela permanência da agência, inclusive em Brasília/DF, os Correios enfrentam uma crise sem precedentes. ‘Correios terão que se reinventar para enfrentar concorrência’, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.


Jorge Honorio 
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Um aviso fixado na porta da agência dos Correios do bairro Pozzobon, na zona norte de Votuporanga/SP, informa que o estabelecimento localizado na Avenida Emílio Arroyo Hernandes funcionará até o dia 31 de dezembro de 2025. O informe ainda apresenta as duas possibilidades de acesso ao serviço no município, sendo a agência principal na Rua Mato Grosso, 3263, ou ainda na Rua São Paulo, 4534, todas na área central.

O motivo para o fechamento da agência na zona norte é a crise financeira bilionária que atinge a estatal brasileira, criada oficialmente em 25 de janeiro de 1663, portanto a 362 anos. Entretanto, a decisão de fechar definitivamente a agência do Pozzobon que funciona em prédio alugado não é novidade, inclusive era esperada nos bastidores da política local. Vale relembrar que vereadores, como Serginho da Farmácia (PP), Wartão (União Brasil), Sargento Marcos Moreno (PL) apelaram pela manutenção do estabelecimento, assim como, no último mês, durante viagem à Brasília/DF, Mehede Meidão (PSD) aproveitou para pedir apoio sobre o tema.

Nesta quarta-feira (10.dez), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o plano de reestruturação dos Correios envolve a possibilidade de oferta de produtos financeiros como previdência e seguros. A empresa estatal passa por uma grave crise financeira e precisa de ao menos R$ 6 bilhões neste ano para quitar dívidas.

Apenas até setembro deste ano, o prejuízo acumulado dos Correios é de R$ 6,1 bilhões. Para o socorro financeiro, o governo trabalha com duas possibilidades: empréstimo ou aporte do Tesouro Nacional.

A primeira negociação com bancos para um empréstimo aos Correios foi frustrada. A operação de crédito no valor de R$ 20 bilhões depende de aval do Tesouro Nacional. No entanto, a instituição rejeitou conceder garantia no último dia 2/12.

A estatal quer cortar até 15 mil funcionários em Programa de Demissão Voluntária. A estimativa é 50% maior do que o desenho inicial, que previa o total de 10 mil desligamentos. As demissões integram o primeiro bloco do programa. A reestruturação para viabilizar o equilíbrio financeiro foi apresentada em documento que indicava a necessidade de um aporte de até R$ 20 bilhões. Para atingir o objetivo, será necessário reduzi cerca de 19% da força de trabalho da empresa.

A possibilidade de empréstimo ou a de aporte do Tesouro dependem de um plano de reestruturação para equilibrar as finanças. O ministro do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem preferência pelo empréstimo.

“O que nós queremos é o aval do Tesouro Nacional mediante um plano de reestruturação sério. Não queremos ter de novo uma surpresa”, disse Haddad.

Por causa do déficit dos Correios, o governo federal apertou os cintos para fechar as contas públicas dentro da meta, que é de déficit zero, mas com tolerância de até R$ 31 bilhões. O resultado foi um contingenciamento de R$ 3,3 bilhões no Orçamento da máquina pública. 

Protestos

Sindicatos de funcionários dos Correios disseram ao ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, que há indicativo de greve para a próxima terça-feira, 16 de dezembro, “caso a empresa insista na retirada de direitos”.  

O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do Distrito Federal (Sintect-DF) e a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos (Fentect) conseguiram uma reunião com Boulos depois de um ato em frente ao Planalto nesta quarta-feira.

“Os representantes expuseram os problemas enfrentados, incluindo a campanha salarial, a retirada de direitos e a falta de contraproposta econômica pela ECT. O quadro de crise financeira da estatal também foi discutido”, afirmou o Sintect-DF.

Sindicatos de funcionários dos Correios protestam em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília – Foto: Reprodução

Segundo o comunicado, Boulos comprometeu-se a levar as reivindicações ao presidente Lula e acionar os ministérios das Comunicações, da Ciência, Tecnologia e Inovação, do Ministério da Gestão e da Inovação e da Fazenda para dar um retorno à categoria até esta sexta.

“A negociação coletiva sofreu um revés hoje (quarta-feira), quando a ECT suspendeu a reunião prevista e anunciou que entrou com um pedido de mediação no Tribunal Superior do Trabalho (TST). No fim da tarde, a Fentect recebeu a confirmação da mediação por notificação do tribunal, sendo convocada para reunião amanhã, quinta-feira (11)”, disse o sindicato.