Repasse de encargos, políticas de subsídios e uso de termoelétricas pesaram na conta. Economizar segue como a palavra de ordem para amenizar o impacto.
Com a oscilação de 21,21% na energia elétrica ao longo de 2021, o planejamento financeiro de muitas famílias precisou ser reajustado mês a mês. A energia elétrica representou 10,65% da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) em 2021 e o gasto mensal com o serviço essencial atingiu uma alta de 114% desde 2015, de acordo com a Associação Brasileira de Comercializadores de Energia (Abraceel).
Com a conta de luz subindo mais do que o dobro da inflação – em sete anos, a conta de luz aumentou 137% a mais que inflação, que foi de 48% no período -, economizar energia segue como palavra de ordem para quem não quer desembolsar mais do que o previsto no orçamento.
Para quem não acredita que há impacto em adotar hábitos como evitar deixar televisão ligada enquanto ninguém está assistindo, a educadora financeira Silvia Machado alerta: reduzir o consumo segue sendo a única maneira de ver a conta de energia controlada no fim de mês. “Algumas atitudes são conhecidas, mas não são realizadas. Aproveitar a luz do dia para atividades como leitura e tomar banhos mais curtos, com o chuveiro na posição verão tem um resultado importante”, diz.
Motivos para rever os hábitos não faltam. Com os sucessivos reajustes na conta de luz do brasileiro para o enfrentamento da crise hídrica, a nova tarifa criada no cenário de escassez hídrica fica em vigor até abril. Com isso, a cada 100 kWh são cobrados R$ 14,20, um aumento de 49,7% em relação a bandeira vermelha patamar 2 (um acréscimo de R$ 9,49).
“Mesmo com mais chuvas nos últimos dias, o volume não é suficiente para que os patamares sejam revistos. Por isso, as pessoas devem evitar a utilização de transformadores de energia, que gastam mais para converter a tensão. E ter atenção ao uso do ar-condicionado ou aquecedor”, observa. Para quem estiver comprando novos aparelhos e eletrodomésticos para casa, a educadora reforça a importância de observar o selo de classificação A de eficiência.
A conta mais pesada para o consumidor final tem um contexto maior. Na avaliação do vice-presidente de energia da Abraceel, Alexandre Lopes, o formato de regulação do mercado impacta diretamente na subida da conta de luz. Soma-se a isso a necessidade de uso de termoelétricas e o aumento da conta final foi generalizado. Mesmo no mercado livre, o ambiente de negociação de grandes consumidores como indústrias, o aumento foi de 36%.
Com novos encargos e custos repassados para os consumidores, devem entrar na lista de cuidados domésticos a troca de lâmpadas por lâmpadas LED que são mais econômicas e desligar da tomada os aparelhos em stand by, pois continuam consumindo energia. Verificar a vedação da borracha da geladeira constantemente e usar o ferro de passar de uma só vez são outros cuidados constantes, observa.
*Informações/Valor