Comunidade Assistencial Irmãos de Emaús celebra 25 anos

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A Coordenadora da Comunidade Helena Eico Nosse de Souza

No mês de abril a Comunidade Assistencial Irmãos de Emaús celebra 25 anos de fundação, o espaço acolhe pessoas em situação de rua, vulnerabilidade e risco social.


Conforme definição da Secretaria Nacional de Assistência Social, a população em situação de rua se caracteriza por ser um grupo populacional heterogêneo, composto por pessoas com diferentes realidades, mas que têm em comum a condição de pobreza absoluta, vínculos interrompidos ou fragilizados e falta de habitação.

O alcoolismo e as drogas são as razões que levam a maioria dessas pessoas a morar nas ruas: 35,5%. A seguir, vem o desemprego com 30% e conflitos familiares com 29%. Os indivíduos desprovidos de família, emprego, residência e bens materiais passam a ser vistos infelizmente como “não cidadãos”.

Lembrando que os obstáculos no acesso à alimentação, higiene e direitos são apenas algumas dificuldades que a população em situação de rua enfrenta diariamente e a torna ainda mais vulnerável. Esse grupo, invisibilizado há tantos anos e tão heterogêneo, aumentou durante a pandemia.

Toda a história que a Comunidade  representa é de muita alegria, algumas lágrimas, mas acima de tudo de muita superação e, especialmente, muitas possibilidades!

O abrigo conta com equipe de profissionais para atender e acompanhar essa população em situação de vulnerabilidade que necessita de proteção integral. Entre os acolhidos, há pessoas que se recuperam da dependência química e do álcool.

Assim, trabalha junto a pessoas em graves situações de vulnerabilidade econômica e social, entre elas os moradores de rua e usuários de drogas, com ações de evangelização, fortalecimento da fé e vivência cristã. A motivação é a de colaborar para que essas pessoas possam reassumir o controle sobre suas vidas e consigam retomar o convívio social, recuperadas dos antigos vícios.

Comunidade Assistencial Irmãos de Emaús

As atividades ficaram mais restritas em função da pandemia do novo coronavírus e também as doações diminuíram devido à doença. Isso não afeta, entretanto, o trabalho feito, e o empenho das pessoas envolvidas com o projeto que mantém o atendimento adequado aos acolhidos, mas reforça a importância das doações neste momento.

Em entrevista ao jornal Diário de Votuporanga, Helena Eico Nosse de Souza que é coordenadora da Comunidade conta um pouco do trabalho feito e a importância, acompanhe:

DV: Como surgiu a Comunidade irmãos de Emaús?

“Com as pessoas em situação/condição de rua ocupando áreas centrais do município, Praça da Matriz e Concha Acústica; foi observado pelo então Padre Edemur da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, hoje Catedral, das necessidades desta população. E num trabalho conjunto com os movimentos e Pastorais foi movido e criado neste lugar que ocupa até hoje, por meio de uma OSC- Organização da Sociedade Civil a Casa Abrigo de Votuporanga, e iluminado pelas Palavras do Evangelho em Lucas 24, 13-35 surgiu o nome Comunidade Assistencial Irmãos de Emaús. Iniciou os serviços sociais em 22/abril/1997”.

DV: Em média quantos atendidos por mês na comunidade? Por quanto tempo os atendidos podem permanecer na comunidade?

“A Comunidade Assistencial Irmãos de Emaús atendeu no mês de março deste ano: 88 usuários além daqueles que já estavam na Comunidade Assistencial”.
Os atendidos podem permanecer na comunidade pelo tempo que necessitarem, em geral o ideal seria em torno de 06 meses até 01 ano, mas temos situações que foram necessário mais tempo.”

DV: Que tipo de serviço social a Comunidade presta? Qual a importância do serviço social prestado?

“Oferece 02 serviços Assistenciais:  — abrigamento (para homens entre 18 a 60 anos incompletos), permanência por tempo indeterminado. Em média utilizam-se deste serviço em torno de 40 pessoas/mês;
-casa de passagem: atendimento a migrantes, permite-se uma pernoite, nos últimos 03 meses atendemos em torno de 210, em média 70 usuários ao mês, neste caso são atendidos indistintamente todo usuário que necessitar do serviço – são servidas 04 refeições diárias para cada usuário, material de higiene pessoal , roupa de cama e de uso pessoal, e encaminhamentos para tratamento de saúde e organização de documentação. Também quando manifestam desejo de ter notícias da família, providenciamos contato, pois é importante reatar laços; Apresentam-se em situações diversas, tanto na condição física, quanto emocional. Boa parte utilizam-se drogas ilícitas e bebida alcóolica, e lutam com a abstinência. Outros perderam emprego e por não conseguirem trabalho, tornam-se ”fardo” para a família e procuram pela instituição. Nesta condição já passaram nesta instituição professores de cursinho, ex-policiais, pessoas trilíngues, ex-gerentes de Bancos, profissionais qualificados e estrangeiros (venezuelanos, bolivianos e argentinos) são frequentes e artistas malabares que atuam nos semáforos.
O desejo da  instituição é que cada usuário pudesse dignificar-se a partir do nosso atendimento, e eles possam estar no mercado de trabalho e com seus familiares,  retomando laços que possam fortalecê-lo.
Às vezes recebemos visitas de ex usuários que visitam a instituição e contam como se organizaram na vida, o que nos dá muita satisfação, pois sentimos que fizemos parte do processo”.

DV: Como a comunidade é mantida atualmente?

“Recebemos recursos governamentais através de parcerias com o município e estado; e além disso a horta existente na instituição; sócios-contribuintes; doações”.

DV: Vocês realizam campanhas em prol da comunidade? Como as pessoas podem ajudar?

“Sim, a necessidade é muita em vários setores, por isso é com muita gratidão que recebemos doações, que pode ser: roupas masculinas, agasalhos, calçados, cuecas, meias, toalhas de banho, lençóis e fronhas de solteiro, alimentos não perecíveis e alimentos prontos sob consulta. A Comunidade em geral pode colaborar sendo um sócio contribuinte podendo ser mensal, bimestral, trimestral, semestral e ou anual. Pode ainda ser doador cadastrando-se no sistema Nota Fiscal Paulista, indicando nossa instituição como favorecida. Qualquer outro tipo de doação poderá ser consultada através do telefone (17)3421-6918”.

DV: Quantos anos a Comunidade Assistencial Irmãos de Emaus está completando?

“Dia 22/04 a Comunidade Assistencial Irmãos de Emaus completa 25 anos de serviço à comunidade”.

DV: Como ajudar esses atendidos a voltarem para o mercado de trabalho hoje?

“Cadastramos no projeto municipal Votuporanga em ação, e também quando estão preparados auxiliamos na confecção de currículo e liberamos para apresentá-lo nas empresas. Se contratado, concedemos ação especial para atendimento às necessidades até que tenha condições de manter-se com suas próprias condições”.

Vale ressaltar que sua doação para a Comunidade será muito importante, para manter essas pessoas onde são abrigadas e acolhidas. Seja solidário! A sua doação poderá fazer a diferença para as pessoas acolhidas!

Outras informações:

Por Andrea Anciaes