Casal suspeito de matar bebê de 1 ano é indiciado por homicídio triplamente qualificado

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Bebê foi levada morta para o pronto-socorro de Penápolis — Foto: Arquivo pessoal

De acordo com a titular da DDM, os laudos apontam que a causa da morte da criança em Penápolis/SP não foi natural. Casal, que estava preso temporariamente desde fevereiro, foi ouvido novamente pela polícia.


A mãe e o padrasto da bebê Mirella, de um ano e três meses, que foi levada morta ao pronto-socorro de Penápolis/SP foram indiciados na quinta-feira (14.abr) por homicídio triplamente qualificado. O padrasto também foi indiciado por porte ilegal de munição, que foi encontrada na casa no dia do crime.

A delegada Thaisa da Silva Borges, da Delegacia da Defesa da Mulher (DDM) de Penápolis, contou que os laudos e as marcas no corpo da criança indicam que ela levou pancadas.

“Uma das qualificadoras incidentes no caso é o uso do meio cruel, porque nota-se que a criança poderia ter sido espancada por um adulto. Tem também a questão da impossibilidade de oferecer defesa, em razão da desproporcionalidade das forças do adulto com a vítima”, afirma a delegada.

De acordo com a titular da DDM, o laudo definitivo da Polícia Científica de São Paulo/SP apontou que Mirella não sofreu abuso sexual, mas que a causa da morte não pode ter sido natural.

“A causa mortis foi ratificada, houve a dilaceração do fígado e acrescentando o politraumatismo craniano, além do trauma abdominal, como foi falado anteriormente”, diz ela.

O casal, que estava preso temporariamente desde fevereiro, foi ouvido novamente pela delegada.

“Eles praticamente confirmaram a versão apresentada em um primeiro momento e, quando questionados a respeito, principalmente para a mãe da criança se ela concordava com o que estava descrito no laudo, ela até começou a apresentar certa desconfiança em relação à real inocência do companheiro dela. Foi a única coisa de diferente até então. No mais, eles confirmaram as versões apresentadas anteriormente”.

A versão do casal de que Mirella teria caído foi questionada durante as investigações. Portanto, foi solicitado um laudo do Instituto de Física em São Paulo para saber se o peso da criança seria suficiente para ocasionar o tombamento do cercadinho onde ela ficava.

“Eles utilizaram um peso de 12 quilos aproximadamente e verificaram que, sim, o cercadinho poderia ter sido tombado. Ocorre que o peso da criança era de nove quilos e pouquinho. Então, entre nove e 12 quilos, o cercadinho poderia ter sido tombado. Só que não especificaram diretamente se a tese levantada pelos investigados pode ou não se dizer concretizada. Esse laudo com certeza vai ser usado pela acusação para poder rebater as alegações por eles formuladas”, afirmou a delegada.

A responsável pelas investigações também informou que foi utilizado o luminol, material que verifica a presença de sangue no local do crime.

“A substância reagiu no cercadinho da criança, em alguns lugares do chão do quarto, bem como em um par de chinelos e um par de sandálias. Ao verificar as fotografias que retratam as lesões ocasionadas na vítima que foram enviadas pelo IML, até se levantou a conjetura de que uma das lesões poderia ter sido ocasionada por um chinelo”, contou.

Caso

De acordo com o boletim de ocorrência, a criança chegou ao pronto-socorro no dia 14 de fevereiro, com rigidez cadavérica, diversas marcas roxas e dilaceração do ânus, aparentando violência sexual.

A médica responsável por receber a menina, que foi levada por uma ambulância do Corpo de Bombeiros, acionou a Polícia Militar após notar os sinais de violência e suspeitar da versão apresentada pela mãe.

Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a menina teve hemorragia interna aguda, trauma abdominal e laceração no fígado.

A prisão temporária do casal foi solicitada no dia 18 de fevereiro e prorrogada por mais 30 dias em 17 de março para aguardar o resultado do laudo definitivo da Polícia Científica de São Paulo. O resultado apontou que a criança não sofreu violência sexual.

*Informações/g1