No dia em que Marcelo teve alta, teve direito a festa pela equipe do Hospital, com ele (de bermuda xadrez), também estavam doentes, outro motorista e um garimpeiro
Danilo Camargo
O motorista votuporanguense Marcelo de Oliveira, de 45 anos, contou o que passou nos últimos dias, quando estava em viagem à região Norte do país. Aliviado, muito emocionado, ele contou ao Diário na noite da ultima quinta-feira (28), o que passou para superar a doença. Marcelo chega a Votuporanga neste domingo (31) de sua viagem, experiência que vai marcá-lo para o resto de sua vida.
Por meio de um áudio via watt sapp ele disse: “Estou com minha voz rouca porque saí do hospital hoje, estava internado aqui no Pará com Covid. Sou de Votuporanga, filho de Maria Aparecida Aguiar de Oliveira e de Antonio Francisco de Oliveira. Sou casado, trabalho com caminhão há 20 anos e há 6, estou na linha São Paulo/Santarém (PA). Nesta viagem fui infectado pelo coronavírus e passei muito mal; fui tentando tratamento adequado por diversas cidades por onde ia passando aqui no Norte, mas só consegui sucesso na cidade de Nova Progresso (PA), local onde fiquei uns dias internado. Graças a Deus o tratamento foi excelente e consegui me recuperar. Só lamento … a perda de alguns amigos, desculpe a emoção …”
“Eu passei mal durante oito dias a procura de tratamento. Passei por Altamira, Santarém, Itaituba até conseguir chegar na cidade de Novo Progresso, lá eu tive uma ajuda que nunca poderia esperar. A médica prontificou imediatamente que eu estava positivo para Covid, fiquei internado durante 5 dias com um tratamento exemplar. Um pequeno hospital municipal com uma equipe que me deu muito carinho, atenção. Lá estavam comigo na mesma situação um amigo motorista e um garimpeiro. Só Deus para testemunhar como fomos tratados ali por aquele pessoal. Não precisei ser entubado, graças a Deus, mas tive um companheiro que foi. A minha recuperação se deu graças as muitas orações dos amigos de Votuporanga e a Deus. Hoje (28) realizaram uma junta médica e me deram alta porque chegavam mais pacientes em estado mais graves do que eu e para não comprometer a minha saúde me deram alta e eu estou voltando pra casa, devagarzinho e com muita calma.”
“Lamento ter perdido dois companheiros, um aí de Votuporanga e o outro que é um amigo de Maringá, um grande parceiro, infelizmente … Ele não teve a mesma sorte que eu, faleceu em Goiânia e por lá mesmo foi enterrado, longe da família. Tenho outro amigo também com a doença lá em São Luiz do Maranhão, o Ernesto Brambila e além dele, vários amigos motoristas internados. Mas o de Maringá, era um irmão, um parceirão … que Deus levou para trabalhar no céu. Eu, Deus teve misericórdia e me deu a vida de novo. Da forma que eu cheguei no Hospital com os pulmões comprometidos e ter me recuperado em 5 dias, foi às custas de muitas orações e Deus, Deus.”
“O tratamento que os enfermeiros e médicos me deram naquele hospital não tenho como agradecer, desde o momento que foi internado, até a hora de ir embora, fui muito bem atendido. O tratamento começou com a tal da cloroquina, mas não teve sucesso. Aí eles usaram uma técnica de coagulação de sangue, deu certo. Meu pulmão estava 45% tomado e eu recupere, sai do Hospital com a minha saturação a 98%. Lá eu encontrei muitos profissionais com amor à profissão. Ser caminhoneiro não é fácil, somos julgados, criticados, condenados, poucos imaginam o que a gente passa na estrada.”
“Eu não vou mentir estou muito emocionado com tudo que aconteceu comigo, com os amigos que perdi e por aqueles que ainda se encontram internados”.
“Chego neste domingo (31) a Votuporanga e quero agradecer pessoalmente a todos os que oraram por mim. Quero abraçar minha família, amigos e dizer a todos que nasci de novo.”