Caso foi registrado na madrugada desta quarta-feira (17), em Olímpia/SP. Dono diz que vinha sofrendo diversas ameaças por se posicionar favorável às medidas de combate à Covid-19. Crime é investigado.
Uma câmera de segurança registrou o momento em que um motociclista ateou fogo na porta do prédio do jornal Folha da Região, em Olímpia/SP, na madrugada de quarta-feira (17).
Nas imagens é possível ver quando o criminoso despejou um liquido armazenado em um galão e ateou fogo. Logo depois, o indivíduo viu o tamanho das labaredas, subiu no veículo e foi embora. Até a manhã desta quinta-feira (18), o suspeito que aparece no vídeo não havia sido preso. Porém, a Polícia Civil investiga o caso e analisa as imagens da câmera de segurança.
Em entrevista, José Antônio Arantes afirmou que vinha sofrendo ameaças por se posicionar e publicar reportagens favorável às medidas restritivas de combate à Covid-19. Além da sede do jornal Folha da Região, onde também funcionam o site IFolha e a rádio comunitária Cidade FM, as chamas atingiram a porta da casa de José, que fica em cima do prédio.
“Há uma semana, dois advogados representaram ao Ministério Público um comerciante e um outro advogado que estavam divulgando na internet uma carta sugerindo uma insubordinação civil. Nós soltamos uma reportagem sobre isso. A partir daí, começou uma campanha violenta contra a rádio e o jornal para os comerciantes cortarem os anúncios. Venho defendendo as medidas de contenção desde o começo da pandemia”, afirmou.
José contou que começou ser alvo de ameaças e xingamentos por conta do assunto. Em seguida, o genro do jornalista passou por momentos complicados ao viajar para buscar jornais da Folha da Região.
“Durante a viagem, um veículo quase encostou no carro e tentava jogar meu genro para fora da rodovia. Pensei que tivesse sido algum doido”, relatou. “No domingo, fui caminhar com minha mãe e encontrei o pneu furado. Pensei que tivesse passado em alguma coisa. Porém, meu genro se abaixou para trocar o pneu e descobriu que os parafusos de todas as rodas tinham sido afrouxados”, complementou.
Além disso, após José fazer um programa de rádio, inúmeras pessoas começaram a fazer comentários menosprezando a pandemia e xingando o jornalista. “Teve mais de 200 comentários de pessoas me xingando. Passamos mais tempo excluindo os comentários do que fazendo o programa. Não tenho certeza se são ‘bolsomions‘ e negacionistas de Olímpia, mas acredito que sim”, diz.
Dois dias depois de fazer o programa de rádio e receber ameaças, a sede do jornal foi atingida pelo incêndio.
“Rezo para que a pessoa que colocou fogo tenha alguma coisa pessoal contra meu trabalho. Espero que não seja uma coisa política. Se for política, demostra que estamos entrando em um momento gravíssimo. Colocar fogo em um jornal só tinha visto na ditadura”, complementa.
A Associação Nacional de Jornais disse que a violência contra jornais e jornalistas é um grave sinal de extremismo autoritário, que merece a pronta reação de toda a sociedade.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo e a Federação Nacional dos Jornalistas exigem imediata investigação sobre o caso, que tem característica de atentado à vida e à liberdade de imprensa.
Confira vídeo:
*Foto: G1/TVTEM