Cachaças de Votuporanga e Sebastianópolis do Sul são premiadas no Brasil e no exterior

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A cachaça artesanal Dose Caipira é produzida no Alambique Ouro Fino, localizado em Torre de Pedra, interior de São Paulo. (foto arquivo pessoal)

Cachaça criada em Sebastianópolis do Sul é premiada duas vezes

A mistura de rapadura e mel desenvolvida pelo estoquista Valter Ezequiel, durante uma brincadeira entre amigos, possui dois selos de premiações e é estampada em videoclipes de música sertaneja

O criador da Dose Caipira, Valter Ezequiel, na premiação do Brasil Selection by CMB – Concours Mondial de Bruxelles, onde a cachaça levou medalha de prata. (foto arquivo pessoal)

 

A cachaça artesanal Dose Caipira é produzida no Alambique Ouro Fino, localizado em Torre de Pedra, interior de São Paulo. (foto arquivo pessoal)

 

@leidiane_vicente

Em doses ou na caipirinha, a cachaça é a bebida afirmativa da expressão facial. O poder do sabor que reflete nas mais diversas externalizações gestuais e palavras inventivas, em formato de rugido ou urro.

O destilado que chegou ao Brasil no período colonial, por volta do século XVI, se modernizou e, atualmente, conta com novas tonalidades, sabores, intensidades e aromas.

Além do mais, é ícone da autenticidade brasileira e apreciada por diversas classes sociais e até turistas de todo o mundo, considerada uma iguaria gourmet.

A história da cachaça artesanal Dose Caipira começou em 2019, na cidade interiorana paulista de Sebastianópolis do Sul. Foi em uma brincadeira entre amigos que a mistura entre rapadura e mel se consolidou.

“Tudo começou quando eu bebi uma cachaça de rapadura em um churrasco. Comentei com meu amigo que iria devolver a garrafa da bebida cheia novamente, já que tínhamos bebido tudo. Dias depois, elaborei, informalmente, a bebida até se aproximar da que havíamos tomado, porém acrescentei o mel, deixando a cachaça ainda mais aveludada e com sabor diferenciado”, conta aos risos Valter Ezequiel, de 34 anos, que trabalha como estoquista.

O amigo, recebendo a garrafa de volta, mas com um novo sabor, apreciou o resultado e percebeu a oportunidade de negócio que morava naquela mistura. Logo, Valter fez pequenas reproduções para presentear amigos e familiares e começou a receber encomendas.

“Foi nessa etapa que comecei a vender a garrafa de 350 ml por apenas R$ 7,50 nas feirinhas de Nhandeara e região e em alguns estabelecimentos. Após um tempo, acabei criando outros sabores, porém o que conquistou foi de rapadura e mel e assim formalizei”, explica o criador da Dose Caipira sobre o início das vendas do produto.

Com a expansão da comercialização da cachaça, ele sentiu necessidades de legalizar o produto.

Carregando a bagagem necessária sobre conhecimentos em bebidas alcóolicas, como registro, marca, rótulo e produção foi a hora de terceirizar o trabalho e escolher um engenho que fosse capaz de ser fiel ao sabor inicial da cachaça Dose Caipira.

“Foi nesse processo que conheci o Alambique Ouro Fino, localizado em Torre de Pedra, interior de São Paulo. É um dos melhores do Brasil, renomado nacionalmente e internacionalmente. Entrei em contato com eles para me informar sobre a produção de cachaça e conheci o proprietário. Enviei uma amostra para ele, que logo de cara adorou, dando início ao contrato”, pontua Ezequiel sobre a escolha do engenho.

O primeiro lote da Dose Caipira saiu em 2023 e chegou chegando. Com a venda da bebida em locais com shows, Valter conheceu muitas duplas sertanejas, no qual desfrutou de parcerias e conseguiu colocar a sua cachaça em videoclipes de músicas.

Atualmente, o destilado que começou em uma cidade com pouco mais de três mil habitantes, já foi premiada duas vezes somente no ano passado.

Em maio, no Concurso Nacional New Spirits 2024, dentre a apuração com mais de 450 rótulos diferentes, levou o título de “mérito sensorial”, na categoria “Bebidas Mistas com Cachaça”, juntamente com outras três marcas de diferentes estados.

Já em novembro, ganhou medalha de prata no Brasil Selection by CMB – Concours Mondial de Bruxelles que, no ano passado, foi realizado no Brasil e contou com mais de 400 amostras de cachaças.

“Essas duas premiações irão agregar muito valor a nossa marca, afinal uma cachaça premiada ganha credibilidade, prestígio e destaca a qualidade do produto. Isso impacta diretamente nas vendas e na percepção do consumidor do mercado nacional e internacional”, comemora Valter os seus dois selos conquistados em pouco tempo.

A mistura destilada e artesanal de rapadura e mel pode ser adquirida em garrafas de 500 ml a preços que chegam até R$ 120,00. Dentre os locais de venda tem o on-line Mercado Livre ou lojas físicas, tanto da capital paulistana quanto de São Jose do Rio Preto, Monções e Sebastianópolis do Sul, no interior de São Paulo.

Segundo Ezequiel, cada gole é uma experiência sensorial única. Os aromas ricos e reconfortantes da rapadura combinados às notas do mel proporcionam suavidade e leveza. O resultado é uma cachaça irresistível aos apreciadores.

Mas atenção! A experiência desse sabor pode causar diversas expressões faciais e criar um vasto vocabulário, que só quem vira uma dose entende.

Cachaça votuporanguense vence concurso estadual

Desenvolvida pelo casal Charles e Luciane Tilhaque, a Cachaça Taboado tem cinco anos de mercado e prêmios a comemorar. Com quatro variedades – Clássica, Amburana, Carvalho e 3 Madeiras – o objetivo é unir história a sabores brasileiros

 

Das quatro variedades da Cachaça Taboado, três foram premiadas no Concurso Estadual de Qualidade da Cachaça Paulista. (foto arquivo pessoal)
Charles e Luciane Tilhaque planejam novas conquistas para a sua marca neste ano. (foto arquivo pessoal)

 

Muitos são os nomes dados a ela: pinga, cana, caninha, branquinha, marvada, danada, arrepia-cabelo, reza-forte, quebra-goela, mé e por aí vai. Fato é que a cachaça é o terceiro destilado mais consumido no mundo e movimenta R$ 15,5 bilhões anualmente no país.

Foi pensando neste potencial de negócio que o casal Charles e Luciane Tilhaque deixaram a ideia de produzir açúcar mascavo de lado para desenvolverem algo tipicamente brasileiro.

A Cachaça Taboado é votuporanguense e já trilha uma carreira de cinco anos no mercado. O nome é uma homenagem a Estrada Boiadeira do Taboado, grande responsável pelo desenvolvimento do Noroeste Paulista por ligar o interior do Estado de São Paulo a Mato Grosso.

Atualmente, existem no mercado, quatro variedades da Cachaça Taboado: Clássica (descansada por 18 meses em tonéis de amendoim e é, geralmente, consumida em doses e caipirinhas), Amburana (armazenada por um ano em barris de amburana, mescla aromas de mel, baunilha e coco e é apreciada em doses), Carvalho (envelhecida em barris de carvalho americano por dois anos, consumida em doses e em drinks, seu sabor lembra o whisky) e 3 Madeiras (fica por três anos em dornas de carvalho, bálsamo e amburana, tem certificado de envelhecimento sustentável e seu sabor é adocicado e licoroso, estimada para doses e drinks).

Segundo Charles, que é engenheiro de alimentos há 15 anos, planejar a marca, registrar, fazer estudo de mercado e ter um produto que atenda às necessidades do público-alvo são pontos de partida para alcançar êxito.

“É muito tradicional a produção de cachaça artesanal, sendo passado de geração para geração. No meu caso, busquei conhecimento em Minas Gerais. Hoje, sou mestre alambiqueiro, me especializei na produção de cachaça artesanal de qualidade”, conta ele sobre sua trajetória para a expansão da Taboado.

Toda essa dedicação trouxe reconhecimento a marca do casal Tilhaque. A Cachaça Taboado obteve o título de melhor Cachaça Envelhecida com a Carvalho, no Concurso Estadual de Qualidade da Cachaça Paulista, realizado em três de dezembro do ano passado. Na disputa, estavam outros 78 rótulos inscritos.

Mas não foi só. Nesta mesma competição, na categoria Branca, a Clássica faturou o segundo lugar e a Amburana ficou em terceiro no quesito Armazenada.

Além do mais, a Carvalho tem outro selo para chamar de seu. O do Concurso Nacional New Spirits 2024, que a proporcionou o título de “mérito sensorial”.

“A Cachaça Taboado, além de resgatar uma história muito rica de nossa região, oferece uma experiência incrível da cachaça artesanal, que vai do frutado, especiarias, amêndoas entre outros”, explica Charles sobre o sabor de sucesso, totalmente incrementado pelo tipo de madeira que é armazenada a cachaça.

Sobre 2025, os planos estão a todo vapor. O quarteto da Taboado está participando da 14ª Edição do Concurso New Spirits, prevista para abril deste ano.

Vendidas em garrafas de 750 ml, as quatro variedades da cachaça votuporanguense podem ser encontradas no site oficial da marca ou em lojas físicas de Votuporanga e Américo de Campos, interior de São Paulo. Os valores variam de R$ 47,00 a R$ 77,00.

Não existem muitas regras quando o assunto é paladar. Por isso, degustar é o primeiro passo para desvendar os sabores que uma cachaça artesanal reserva.

Charles afirma que a Taboado é “o sabor de uma história”.