Bolsonaro sugere tomar banho frio e evitar elevador para economizar energia 

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Presidente alertou para o risco da atual crise hídrica, considerada a maior dos últimos 91 anos, e admitiu que o país pode ter “problemas” no futuro se não chover.


O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a pedir hoje que a população “apague uma luz em casa” para economizar energia, sugerindo também evitar elevadores e tomar banhos frios, quando possível. Ele alertou para o risco da atual crise hídrica, considerada a maior dos últimos 91 anos, e admitiu que o país pode ter “problemas” no futuro se não chover. 

“Aqui [no Palácio da Alvorada] são três andares. Quando tem que descer, mesmo que o elevador esteja aberto na minha frente, eu desço pela escada. Se puder fazer a mesma coisa no seu prédio… Ajude a gente. Quanto menos mexer no elevador, mais economia de energia nós temos”, disse Bolsonaro durante sua live semanal. 

“Tomar banho é bom, mas se puder tomar banho frio, é muito mais saudável. Ajude o Brasil”, acrescentou. Até faço um pedido para você agora: tem uma luz acesa a mais na sua casa? Por favor, apague. Nós estamos vivendo a maior crise hidrológica dos últimos 90 anos. Se você puder apagar uma luz na sua casa, apague. Se puder desligar seu ar-condicionado, se não puder… Está com 20ºC, passa para 24ºC, gasta menos energia”. Jair Bolsonaro, durante live. 

No final de agosto, também em transmissão ao vivo, Bolsonaro já havia feito um apelo para que as pessoas economizassem energia e “apagassem um ponto de luz” em casa. Ele também disse que algumas hidrelétricas, sem especificar quais, poderiam parar de funcionar caso a situação se agrave. 

“Em que pese estarmos vivendo a maior crise hidrológica da história, 91 anos que não tínhamos uma crise como essa… Vou até fazer um apelo a você que está em casa agora: tenho certeza que você pode apagar um ponto de luz na sua casa agora. Peço esse favor para você, apague um ponto de luz agora”, pediu o presidente na ocasião. 

Bandeira da escassez 

A crise hídrica levou a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) a anunciar, no fim de agosto, a criação de uma nova bandeira para a conta de luz, chamada de bandeira de escassez hídrica. A taxa tem o valor de R$ 14,20 por 100 kWh, e passou a ser cobrada dos consumidores desde 1º de setembro. 

O novo valor, que ficará em vigor até 30 de abril de 2022, representa um aumento de 49,6% (ou R$ 4,71) em relação à atual bandeira vermelha patamar 2 (de R$ 9,49 por 100 kWh), que estava sendo aplicada à conta de luz até então. No final de junho, o valor da bandeira vermelha patamar 2 já havia subido 52%. 

“Estamos com uma bandeira vermelha aí, de R$ 14… Não é maldade. É para compensar o pagamento da fonte alternativa de energia que vem de termelétrica, que custa caro. (…) A gente pede a Deus para que agora em novembro venha a chuva para valer, para a gente não ter problema no futuro.” Jair Bolsonaro, durante live. 

As bandeiras tarifárias são independentes da tarifa de energia, e acrescentadas ao valor da conta dependendo das condições de geração de energia no setor elétrico. Quando o cenário é favorável, não há acréscimo (bandeira verde). A bandeira amarela indica cenário menos favorável, enquanto as vermelhas (patamar 1 e 2) apontam para condições custosas de geração de energia. 

Medidas do governo 

A crise hídrica levou o governo a anunciar em agosto algumas medidas para redução do consumo de energia em toda a administração pública federal. Um decreto presidencial determinou a redução do consumo de eletricidade desses órgãos entre 10% e 20% em relação ao mesmo mês nos anos de 2018 e 2019, ou seja, antes do período pré-pandemia. 

Paralelamente, o Ministério de Minas e Energia decidiu enviar energia elétrica produzida no Nordeste para compensar a escassez do Sul e do Sudeste. Segundo disse em 25 de agosto Luiz Carlos Ciocchi, presidente do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), isso se deve à “espetacular” geração de energia eólica nos estados nordestinos. 

“Agosto foi um mês muito seco. A única região do Brasil onde poderia ter uma chuva esperada era a região Sul. Essa chuva não apareceu na intensidade que a gente esperava. Então temos aí uma situação bastante crítica”, explicou Ciocchi em coletiva. 

*Informações/Estadão Conteúdo e Reuters