
Ex-presidente vai fazer procedimento para tratar uma hérnia inguinal. Decisão cabe ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator do caso. PGR tem 24 horas para se manifestar sobre o caso.
A defesa de Jair Bolsonaro (PL) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente seja transferido da sede da Polícia Federal, em Brasília/DF, onde está preso, e internado na quarta-feira (24.dez) em um hospital particular na capital federal para fazer uma cirurgia.
A equipe médica informou, no documento enviado nesta terça-feira (23), que a previsão é de que o procedimento seja realizado na quinta-feira (25).
“A fim de que cirurgia indicada pela equipe médica e confirmada pela perícia realizada pela Polícia Federal seja realizada, e conforme agenda da equipe médica responsável pelo procedimento cirúrgico, requer-se que o Peticionário seja conduzido e internado no hospital DF Star, na data de amanhã, quarta-feira, dia 24 de dezembro, a fim de que possa ser submetido aos exames necessários e preparatórios ao procedimento cirúrgico”, escreveram os advogados.
Após o pedido, a Procuradoria-Geral da República (PGR) tem prazo de 24 horas para se manifestar sobre o caso. Na sequência, o ministro Alexandre de Moraes, que é o relator, deve decidir sobre a saída de Bolsonaro.
O ministro já autorizou que ele passe por um procedimento cirúrgico depois que a Perícia da Polícia Federal confirmou o diagnóstico repassado pela equipe médica do ex-presidente.
Moraes respondeu o pedido informando que a solicitação foi encaminhada à PGR, e pediu que a defesa especifique a equipe médica e a unidade hospitalar indicadas para o procedimento.
Bolsonaro passou por uma perícia médica realizada pelo Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, que concluiu que o ex-presidente tem hérnia inguinal bilateral – um problema que afeta os dois lados da região da virilha – e precisaria de intervenção cirúrgica.
Segundo o laudo, a cirurgia é considerada eletiva, ou seja, não se trata de um caso de urgência ou emergência. Ainda assim, os peritos recomendaram que o procedimento fosse realizado “o mais breve possível”, para evitar agravamento do quadro.
A perícia avaliou que houve “piora progressiva” do quadro de hérnia de Bolsonaro, provavelmente causado pelo “aumento da pressão intra-abdominal decorrente dos soluços e da tosse crônica”.
A autorização para a cirurgia foi concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na última quinta-feira (19). Na ocasião, ele também negou o pedido de prisão domiciliar apresentado pela defesa do ex-presidente.
A defesa, no entanto, ainda não havia submetido oficialmente um pedido para marcar a data, o que ocorreu nesta terça-feira.
Detido desde novembro
Bolsonaro está detido na Superintendência da Polícia Federal (PF) desde 22 de novembro, após a violação da tornozeleira eletrônica que era usada por ele. O ex-presidente confessou ter tentado abrir o aparelho com um ferro de solda.
Três dias depois, Moraes determinou que o ex-presidente começasse o cumprimento da pena de mais de 27 anos de reclusão no mesmo local.
“O custodiado Jair Messias Bolsonaro, portanto, não tem direito à prisão domiciliar, pois foi condenado à pena privativa de liberdade em regime fechado, pela prática de crimes gravíssimos contra o Estado Democrático de Direito, praticados com violência e grave ameaça, bem como por liderar complexa organização criminosa composta por agentes públicos e infiltrada nos altos escalões dos órgãos governamentais”, afirmou Moraes.
Por questões de saúde, o ex-presidente cancelou a entrevista que daria ao portal Metrópoles na tarde desta terça-feira (23). A entrevista seria a primeira desde a sua prisão domiciliar, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no início de agosto.
Histórico de problemas de saúde
Com 70 anos de idade e após ter levado uma facada em 2018, durante ato de campanha em Juiz de Fora/MG, o ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou, nos últimos anos, uma série de problemas de saúde.
Foram registrados problemas de pressão, problemas de obstrução intestinal, crises de soluço e vômito, eripsela, problemas de pele e internações por mal-estar e função renal alterada, entre outros.
- Em 2018, Bolsonaro passa por uma segunda cirurgia para desobstrução do intestino.
- Em 2019, o ex-presidente passou por uma nova cirurgia, mas para a retirada da bolsa de colostomia que teve que usar depois da cirurgia de recuperação da facada.
- Ainda em 2019, Bolsonaro foi submetido a uma cirurgia para corrigir uma hérnia na cicatriz de uma cirurgia anterior.
- Em 2021, Bolsonaro foi hospitalizado às pressas por causa de uma obstrução intestinal. Inicialmente, os médicos cogitaram a possibilidade de uma cirurgia de emergência que depois foi descartada.
- Em 2022, o ex-presidente foi internado por conta de uma nova obstrução intestinal por um camarão não mastigado corretamente. Ele passou por alguns exames e realizou um tratamento não cirúrgico.
- Em 2023, para corrigir uma hérnia de hiato (cirurgia na porção superior do estômago, para enfrentar um quadro de refluxo) e outra, de desvio de septo, para melhorar a condição respiratória, Bolsonaro passa por duas cirurgias.
- Bolsonaro foi internado em 2024 por um causa de um quadro de eripisela — é uma infecção de pele causada por bactérias.
- Neste ano, Bolsonaro passou por uma cirurgia de 12 horas de duração para liberar aderências intestinais e reconstruir a parede abdominal — consequência de múltiplas intervenções cirúrgicas realizadas desde a facada sofrida durante a campanha eleitoral de 2018.
- Em junho de 2025, exames realizados no ex-presidente apontaram uma pneumonia viral após Bolsonaro sentir um mal-estar.
- Em setembro, Bolsonaro deu entrada em um hospital em Brasília para realização de exames e retirada de lesões de pele.




