Aos 83 anos, Valdomiro Gubolin continua trabalhando como caminhoneiro 

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Aos 83 anos o Sr. Valdomiro Gubolin não pensa em pendurar as chaves de seu caminhão e segue trabalhando pelas rodovias do país - Foto: Reprodução

“Enquanto Deus me der saúde e disposição, vou continuar na estrada”, afirmou o motorista que segue cortando estradas pelo Brasil desde 1961.


‘O trabalho enobrece o homem’: quantas vezes já ouvimos esta frase ser pronunciada. É verdade, não há dúvida, mas também é normal querer, a partir de certa idade, se aposentar e aproveitar ao máximo a vida. Porém, há quem não consiga fazer isso são muitas as tarefas diárias e o custo de vida está aumentando cada vez mais, por isso muitas pessoas continuam na profissão, apesar da idade.

Bem o sabe o protagonista desta história, um homem de 83 anos que, depois de anos de honroso serviço, continua a se levantar todas as manhãs para sair e fazer o seu trabalho. O caminhoneiro veterano não pensa em pendurar as chaves. Sua vida é nas estradas, caminhos que conhece como a palma de suas mãos no volante!

Em entrevista para o jornal Diário de Votuporanga, o senhor Valdomiro Gubolin contou sobre a trajetória de sua vida pelas estradas, acompanhe:

DV: Qual é a sua experiência como caminhoneiro e por quanto tempo você exerce essa profissão?

“Comecei trabalhando ainda adolescente como torneiro mecânico em São Paulo, logo depois em 1957 como mecânico em concessionárias como a Ford, Volkswagen e Simca em Votuporanga, onde aprendi a profissão de motorista ainda menor de idade. Em 1961 tirei minha primeira CNH, e comecei no transporte de cereais e insumos agrícolas entre São Paulo e Votuporanga.  

Alguns anos depois comprei meu próprio caminhão e ingressei no transporte de móveis, fazendo principalmente o Nordeste por 40 anos.

DV: Quais são os maiores desafios de ser um caminhoneiro na sua idade, e como você os supera?

“Os maiores desafios que vejo na minha idade, como caminhoneiro, se resume em não rodar nas estradas em horários noturnos e lugares perigosos passivos de assaltos, cuidar da saúde e principalmente manter a calma na estrada, pois em mais de 60 anos de profissão, o perfil dos motoristas mudou bastante e infelizmente a segurança em relação ao respeito no trânsito, piorou bastante, então a cautela é primordial.”

DV: Quais foram os momentos mais marcantes ou desafiadores que enfrentou ao longo de sua carreira como caminhoneiro?

“Com toda certeza, os momentos que mais marcaram minha vida como caminhoneiro, foram os inúmeros acidentes que presenciei, vendo famílias inteiras sendo ceifadas. Cenas terríveis a qualquer ser humano de presenciar, isso faz você mudar como pessoa e profissional. Mas não posso deixar de falar sobre o fato que mais marcou minha vida na profissão, fui assaltado e sequestrado no município de Cabrobó (PE) e levado pro meio da caatinga para ser executado, mas pela graça de Deus, confundiram minha carga com outra e me liberaram no final.”

DV: Como o senhor mantém a saúde física e mental para continuar ativo na profissão aos 83 anos?

“Acho que o amor pela profissão e manter a saúde em dia, são primordiais para continuar trabalhando, seja em qualquer área. Penso que na minha idade, já podia ter parado há muito tempo, mas o ócio me faz mal fisicamente e mentalmente, então enquanto puder trabalhar e ser uma pessoa ativa, só me fará bem!”

DV: Qual conselho o senhor daria para os jovens que estão ingressando na profissão de caminhoneiro hoje?

“Hoje em dia, para quem está começando na profissão, é primordial ter o mínimo de conhecimento do veículo que dirige, mas saber que perícia e prudência no volante, são fundamentais. Se atualizar em cursos e tecnologia em logística de transporte, só fazem com que você tenha sucesso na carreira.”

DV: O que mais o motiva a continuar na estrada e exercer essa profissão após tantos anos?

“A maior motivação em continuar na estrada, claro que temos que colocar comida na mesa, mas mesmo com as pessoas não tendo consciência da importância da profissão, sei que contribui imensamente com o desenvolvimento do país. É meio clichê dizer isso, mas pode ter certeza que sem o transporte rodoviário através do caminhoneiro, o país para!!”

Seu Valdomiro, com sua história e vigor, é um testemunho vivo de que a idade é apenas um número. Sua vida é um livro aberto nas estradas, onde cada quilômetro percorrido é uma página de experiência, dedicação e amor pela profissão!

*Por Andrea Anciaes