Alzheimer: estilo de vida influencia mais do que a idade para o surgimento da doença, diz estudo 

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Pesquisa comprova a importância de começar a se cuidar em idades mais novas para diminuir o risco de declínio cognitivo – Foto: FreePik 

Fatores de risco como o tabagismo e diabetes ajudam a diminuir o desempenho cognitivo em até três anos.


A idade sempre foi um fator importante a ser considerado para certas doenças relacionadas ao cérebro, principalmente o Alzheimer. A doença, na maioria dos casos, afeta os mais velhos. Entretanto, um estudo realizado pela Baycrest, hospital de pesquisa e ensino para idosos no Canadá, mostra que o estilo de vida e a menor quantidade de fatores de riscos influenciam mais do que a idade para o surgimento de doenças mentais.

Segundo a pesquisa, pessoas sem fatores de risco de contrair demência, como tabagismo, diabetes ou perda auditiva, têm saúde cerebral semelhante a pessoas com 10 a 20 anos mais jovens do que os que possui algum fator de risco.

Um único sinal de ameaça pode reduzir a cognição pelo equivalente a três anos de envelhecimento. Ou seja, se o paciente apresentar três fatores de risco para o Alzheimer, por exemplo, independentemente da idade, pode levar a uma diminuição no desempenho cognitivo semelhante a nove anos de envelhecimento.

“Nossos resultados sugerem que fatores de estilo de vida podem ser mais importantes do que a idade para determinar o nível de funcionamento cognitivo de alguém. Esta é uma ótima notícia, pois há muito que você pode fazer para modificar esses fatores, como controlar o diabetes, tratar a perda auditiva e obter apoio você precisa parar de fumar”, revela a cientista Annalise LaPlume, principal autora do estudo.

A pesquisa, publicada na revista Alzheimer’s & Dementia: Diagnosis, Assessment, and Disease Monitoring, analisou os dados de mais de 22 mil pessoas entre 18 e 89 anos. Os participantes fizeram o teste em suas próprias casas acessando um site desenvolvido pelo próprio hospital, que consistia em um questionário e quatro tarefas cognitivas. A duração do teste não passava de 20 minutos.

Os médicos analisaram o desempenho dos participantes em testes de memória, atenção e o impacto disso em oito fatores de risco modificáveis para a demência: baixa escolaridade (menos de um diploma do ensino médio), perda auditiva, lesão cerebral traumática, abuso de álcool ou substâncias, hipertensão, tabagismo (atualmente ou nos últimos quatro anos), diabetes e depressão.

“Enquanto a maioria dos estudos dessa natureza analisa a meia-idade e a idade adulta, também incluímos dados de participantes de até 18 anos e descobrimos que os fatores de risco tiveram um impacto negativo no desempenho cognitivo em todas as idades. Isso é crucial, pois significa que eles podem e devem ser tratados o mais cedo possível”, diz Nicole Anderson, cientista Sênior da Baycrest.

Os estudiosos querem agora entender as diferenças entre os idosos normais e os “super idosos”, ou seja, aqueles que tem o desempenho cognitivo idêntico de gerações com décadas de idade mais novas.

“A pesquisa mostra que as pessoas têm o poder de diminuir o risco de declínio cognitivo e demência. A importância de começar a se cuidar o quanto antes com qualquer fator de risco é apoiar a saúde do seu cérebro para ajudar a envelhecer sem medo”, diz LaPlume. 

Estima-se que há cerca de 1 milhão de brasileiros que vivem com Alzheimer hoje no país. O número é muito maior dos quase 500 mil que tinham a doença há 30 anos, entretanto, estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pela Universidade de Queensland, da Austrália, mostram que o número quadruplicará nas três décadas a frente, podendo chegar a 4 milhões de enfermos. 

E justamente a falta de controle dos fatores de risco é que possivelmente ajudarão no crescimento desenfreado. 

Único exame cerebral

Recentemente, um estudo, feito pelo Departamento de Cirurgia e Câncer do Imperial College de Londres, no Reino unido, também foi essencial e inovador no trato da doença. Os cientistas desenvolveram uma técnica que permite diagnosticar o Alzheimer com apenas um único exame de ressonância magnética.

Os pesquisadores avaliaram mais de 400 pacientes, entre pessoas com a condição, em estágio inicial e posterior, controles saudáveis, e enfermos com outras condições neurológicas, incluindo demência frontotemporal e doença de Parkinson. O resultado comprovou que a tática pode prever com precisão a doença. A tecnologia conseguiu identificar a doença em 98% dos casos e distinguiu o estágio da enfermidade com alta precisão em 79%.

Atualmente, os médicos usam uma série de testes para diagnosticar a doença de Alzheimer, incluindo testes de memória, cognitivos e exames cerebrais. Todos esses testes podem levar semanas, tanto para organizar quanto para processar. Ser capaz de identificar com precisão os pacientes em um estágio inicial da doença pode ajudar os pesquisadores a entender as alterações cerebrais que desencadeiam a doença e apoiar o desenvolvimento e testes de novos tratamentos.

*Com informações do O Globo