Alckmin diz que ato contra resultado da eleição é coisa de ‘menino mimado’ 

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Vice-presidente Geraldo Alckmin durante entrevista a jornalistas no CCBB, sede do gabinete de transição - Pedro Ladeira/Folhapress

Vice-presidente eleito também afirmou que Lula se deu muito bem com as Forças Armadas.


O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), criticou nesta quinta-feira (8.dez) aqueles que não aceitam derrotas em eleições, acrescentando, sem citar nomes, que isso é coisa de “menino mimado”. “Atentar contra a democracia é crime e deve ser tratado dessa forma. Tem que ter paciência, o Executivo, resiliência. E isso é coisa de menino mimado, que perde o jogo, pega a bola e leva embora”, afirmou o vice-presidente eleito, em entrevista à GloboNews.

A declaração de Geraldo Alckmin foi dada após ser questionado sobre os protestos antidemocráticos de militantes do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e como o futuro governo pretende lidar com essa questão.

Questionado especificamente sobre militantes armados, respondeu que isso é “crime e não pode ser tolerado”. “Eu disputei uma eleição para prefeito de São Paulo e não fui para o segundo turno por 7 mil votos com 7 milhões [de eleitores, no total], um milésimo. Acabou, agradeci os votos, cumprimentei quem teve mais votos que eu. É assim que é. Democracia é respeitar a vontade da população. Esse é o bom caminho”, afirmou.

Após o segundo turno das eleições presidenciais, apoiadores de Jair Bolsonaro iniciaram protestos antidemocráticos nas estradas e em frente a quartéis das Forças Armadas. Eles defendem, em geral, um golpe militar para evitar a posse de Lula, marcada de Lula, marcada para 1º de janeiro. “Se eles estão fazendo tudo isso perdendo a eleição, imagina se tivessem ganho. Democracia em risco, a pergunta é: o que o Brasil precisa mais, disputas do passado ou jantar todo mundo e avançar?”, afirmou Alckmin.

O PL, partido do presidente, chegou a insuflar os atos ao fazer questionamentos frágeis sobre o resultado das eleições. O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, multou o PL em quase R$ 23 milhões por litigância de má-fé por causa de pedido feito pela legenda para invalidar parte dos votos depositados nas urnas no segundo turno. 

Nas eleições deste ano, Lula recebeu 50,9% dos votos válidos no segundo turno, e Bolsonaro, 49,1%. Foi a primeira vez que um presidente perdeu uma disputa pela reeleição no país.

Alckmin também disse na entrevista que Lula não deve ter problemas para escolha de novo ministro da Defesa e dos comandantes das Forças Armadas, tema que se tornou sensível na formação do novo governo devido à proximidade dos militares com Bolsonaro. “Defendo que seja um civil [o ministro], acho que é importante”, afirmou. “Lula se deu muito bem com as Forças Armadas, não teve nenhum problema. Respeitou o profissionalismo”, completou.

Também disse ainda que não é “fato de relevância” se for antecipada a troca dos comandantes das Forças para este ano, como chegou a ser cogitado pelos militares.

Ele afirmou que não é obrigatória a escolha do militar mais antigo para ocupar o comando do Exército, Marinha ou Aeronáutica. 

Alckmin também defendeu maior transparência na distribuição de emendas parlamentares. “O valor quem define é o Congresso. O que precisa é ser bem aplicado. Metade disso para investimento, pode ter outra parte para saúde, essa é uma discussão do Congresso.”

O PT ligou o sinal de alerta, temendo que o julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre as emendas de relator possa interferir no andamento da PEC da Transição, que foi aprovada pelo Senado na quarta e agora precisa ser votada na Câmara. 

“O que defendo é que haja transparência. Quem é o autor do recurso, para onde vai. Em relação ao STF, decisão judicial se cumpre. Uma coisa é a decisão judicial, outra coisa é a discussão política”, disse Alckmin.

*Com informações da folha.uol